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30.11.08
A Rita fez o que eu devia ter feito, uma verificação na net, e descobriu que a notícia em baixo é falsa. Explicação aqui. Apresento as minhas deculpas. E ainda há quem se indigna com a nossa Ministra! Esta semana, o Reino Unido removeu o Holocausto dos seus currículos escolares porque "ofendia" a população muçulmana, que afirma que o Holocausto nunca aconteceu... (via Mar Salgado que prudentemente titulou a mensagem "Deve haver um engano". Espero muito que tenha de corrigir esta notícia brevemente...) «The terrorists’ message was clear: Stay away from Mumbai or you will get killed. Cricket matches with visiting English and Australian teams have been shelved. Japanese and Western companies have closed their Mumbai offices and prohibited their employees from visiting the city. Tour groups are canceling long-planned trips. But the best answer to the terrorists is to dream bigger, make even more money, and visit Mumbai more than ever. Dream of making a good home for all Mumbaikars, not just the denizens of $500-a-night hotel rooms. Dream not just of Bollywood stars like Aishwarya Rai or Shah Rukh Khan, but of clean running water, humane mass transit, better toilets, a responsive government. Make a killing not in God’s name but in the stock market, and then turn up the forbidden music and dance; work hard and party harder.» (Suketu Mehta) Via Os tempos que correm 29.11.08
Jørn Utzon morreu hoje. Em 1957 ganhou o concurso da ópera de Sydney, com uma proposta que era pouco mais do que uns esquiços sugestivos. Sobre como se pudesse construir estas formas, o arquitecto não se pronunciara. Mas o júri achou que tinha de ser este. Seis anos depois da adjudicação do projecto, o dono da obra despediu o seu autor, porque estava farto do conflito permanente com um arquitecto demasiado inflexível e insensível para argumentos de prazo e custo. Este último tinha entretanto crescido em 1000% (mil por cento). Obviamente, uma péssima escolha do júri. - Ou? A distância prudente é apenas a espera pela leveza que já não vem. Mudez que esconde clumsiness. Se o (não)tradutor não soubesse melhor aproveitava como desculpa a discrição do pouco visível: Aus den Augen aus dem Sinn. Mas não é verdade. As autoridades indianas conseguiram capturar um dos terroristas vivo. Azam Amir Kazav tem 21 anos, é Paquistanês que fala bem inglês e pode, diz a policia indiana, ser considerado um "educated man". Consta que está disposto a contar o que sabe sobre a preparação e os organizadores dos atentados. O que obviamente importa muito saber. Espero que possa também explicar o que leva um homem educado - ou seja, não um desgraçado sem perspectivas de vida - a disparar indiscriminadamente sobre civis. 28.11.08
Foi o meu filho que me deu a conhecer os Mars Volta. Até lá, tinha para mim que o progrock estava morto, excepto epígonos que não vale a pena lembrar e os velhos mestres, que, cansados, requentam os seu prodígios de outrora. Há bandas excelentes que não escondem a sua dívida para com estes - Tool, por exemplo -, mas só os Mars Volta parecem continuar sem rotura, como se fosse ontem e não tivessem passado 35 anos, os melhores dias dos King Crimson, Yes, Gentle Giant, Led Zeppelin. Com frescura, energia e uma originalidade que pode com o maior a-vontade reconhecer as suas referências. Fantástico! 27.11.08
O Paulo Tunhas insurge-se contra o pouco eco que os atentados de Bombaim suscitaram nos blogues que patrulhou. Lamenta que já nem "sequer são a culpa dos americanos, não existem". Honestamente, achava um bom sinal se os Paulo Tunhas ficasse a falar sozinho no aproveitamento dos massacres para dividir as pessoas em decentes - os que se apressam de manifestar a sua revolta - e os outros, que não o fazem a tempo, em suspeitos de apologistas dos terroristas. Seria, além disso, de saudar se os assassinos não fossem premiados com a cobertura mediática e com a histeria que esperam provocar. 26.11.08
Há dias o Pedro Mexia fez uma belissima parábola sobre a falta do necessário peso de uma determinada senhora. Entretanto vimos que a parábola aplica também a outra pessoa. O que um Presidente da Repúbica tem de fazer bem em Portugal não é muito. De vez em quando visitar ou receber homólogos, condecorar cidadãos meritórios e fazer discursos nos feriados, que até podem ser inócuos ou incompreensíveis, disso não vem grande mal. De resto, basta residir em Belém, e fazer de pai que sabemos na sua casa em que já não morámos e de quem gostamos, tanto mais quanto não se mete na nossa vida. E nos lembra que, se for preciso, está lá para nos safar. (Não é preciso sequer que saibamos o que isso significaria.) Para guardar essa confiança não necessita de fazer mais do que evitar grandes asneiras e manter-se devidamente afastado da nossa vidinha. Mas se não consegue isso, não resta nada para que serve. 25.11.08
Vivemos tempos de decadência. E os lamentos são omnipresentes que o declínio civilizacional já verificado se acelerá graças aos erros da pedagogia moderna que, ao negligenciar o rigor, a disciplina e a autoridade, transformou os nossos filhos em ignorantes inúteis e desmotivados. Reproduzo aqui uma entrevista que o SPIEGEL fez a um neurobiólogo que investiga o desenvolvimento das crianças. Também Prof. Hüther verifica nos jovens de hoje falta de motivação e iniciativa, mas identifica outras razões. SPIEGEL: Prof Hüther, o raio de acção das crianças, a zona onde brincam e onde se podem movimentar livremente reduz-se cada vez mais. Como reflecte-se isso no seu desenvolvimento? Hüther: Crianças sob vigilância permanente, que sempre são guiadas pela mão de adultos, são como animais domésticos, burros de estábulo, que já não conhecem a vida em liberdade. Da neurociência sabemos que nestas condições o amadurecimento do cerebro não se realiza de forma ideal. O cerebro acaba por ficar uma versão atrofiada do que podia ter sido. SPIEGEL: O que é errado em que os pais se meterem nas actividades do seu filho? Hüther: As intervenções dos adultos muitas vezes são de forma que a criança perde a coragem para as suas próprias realizações e descobrimentos. A curiosidade intelectual é estragada pela ostentação de saber* do adulto. [...] SPIEGEL: Como podem pais que vivem com a sua criança no meio de uma cidade ainda ser uma inspiração? Hüther: Podem sentar-se na bicicleta e ir com os seus filhos para locais onde ainda há algo para descobrir. Não museus, mas ferro-velhos, lixeiras! Ou prados, riachos, florestas – há muitas possibilidades. Pais podem juntar-se para criar dentro da sua vizinhança zonas em que as crianças podem ser criativas. Pois isso é brincar de crianças: conjuntamente criar coisas que não são prescritos por adultos. [...] SPIEGEL: Em vez de mais liberdade está a ser exigido – nomeadamente no contexto escolar – mais disciplina no tratamento das crianças. O que acha disto? Hüther: Do ponto de vista neurobiológico – e isso também sabe qualquer pedagogo que tem o coração no lugar certo – mais exigência de disciplina não produz mais disciplina mas apenas obediência, se tanto. Quem quer disciplina tem de dar às crianças a oportunidade de experienciar a utilidade da disciplina. Deviam ter oportunidade de resolver tarefas que elas proprias se colocaram. Por exemplo a construção de uma casa numa árvore. Aqui elas aprendem que não o conseguem se não tiverem antes reunidas as ferramentas correctas e feitos um plano. Crianças devem ser convidadas de se exercer como descobridores e criadores deste mundo – e isso conseguem melhor ao brincar, não nas aulas. SPIEGEL: A escola é hoje considerada a instituição em que as crianças aprendem as coisas que precisam para a sua futura vida. Hüther: A maioria dos pais, muitas escolas e até algumas administrações de ensino ainda não repararam em que a economia e também as universidades sofrem o pior com o facto de que lá chegarem jovens que não trazem motivação suficiente. Eles perderam irreparavelmente o prazer na descoberta e na criação. Tentamos sempre ensinar às crianças na escola conhecimentos de matérias. Embora já há cem anos os pedagogos indicaram que não é importante apenas transmitir às crianças bens culturais, mas despertar cada vez de novo o espírito que cria estes bens culturais. Isto significa que no fim não interessava a nossas escolas em primeiro lugar que todos dominem perfeitamente matemática, inglês e alemão ou outra coisa qualquer, mas que acabem por ser aprendedores e descobridores entusiasmadas de tudo, que contém matemática, inglês e alemão. Isto é algo totalmente diferente. Já os velhos gregos disseram: não se trata de encher barrís, mas de acender tochas. * “Klugscheisserei”, literalmente traduzido é “cagança de saber” Já não disse mal da ICAR há demasiado tempo. Aqui então vai. Basta citar esta notícia. (via Mar salgado) 22.11.08
José Sócrates aproveitou a escala técnica de Medvedev em Lisboa para fazer de anfitrião e proferir a frase vergonhosa "A Geórgia é uma página virada". Mas em vez de atribui-la a uma característica individual de Sócrates, quer me parecer que nisto se revela um padrão como Portugal e os seus políticos se vêem no palco internacional. No fundo, o que Sócrates fez é, em forma e motivação, igual ao que Durão Barroso fez na cimeira dos Açores. Eu sei, Portugal é um país pequeno. Mas será que vale mesmo a pena aparecer ao lado dos grandes, se para isso se tem de fazer de recepcionista servil? Não estou em lugar de dar lições de ortografia ou gramática a ninguém, nem gosto. Mas tenho uma dúvida que me roi há muito: Porquê os portugueses, em regra, quando usam a expressão latim status quo, escrevem statu quo, ou até, como o JPP hoje, stato quo? A declinação singuar de status vai: status, status, statui, statum, statu A forma corrente em Portugal de statu quo só estaria correcta no ablativo, caso que contudo quase nunca aplica. O mais comum é o acusativo: deveria então usar-se statum quo - isto é, se se deve declinar o substantivo estrangeiro mesmo quando usado no contexto do português. Há uma explicação, outra que ignorância? 21.11.08
dream team Ainda não me decidi se me deve deprimir ou antes reconfortar que a extrema riqueza e o extremo mau gosto andam de mãos dadas. é mesmo, como Pacheco Pereira diz, que em Portugal ninguém as quer. Os portugueses não estão satisfeitos, tem razão para não estarem satisfeitos, e queixam-se muito. Mas não gostam da mudança, têm pavor à mudança. Já la vão uns anos, escrevi esta pequena parábola. 20.11.08
O mais cruel e ao mesmo tempo mais discreto comentário sobre Manuela Ferreira Leite é de Pedro Mexia que parafraseia Daniel 5.25/5.27. 19.11.08
Uma brincadeira engraçada: introduza o nome de um escritor e saiba quais são os outros autores que os seus leitores lêem. (Um pouco germanocéntrico, admito.) Eu gosto que a Manuela Ferreira Leite não é como aqueles políticos profissionais com o seu discurso completamente formatado. Que não pronunciam uma frase que não seja calculada, ensaiada e revista. Ao contrário destes, o que ela diz pode merecer interesse, porque pode eventualmente ser geunuino. Um bom exemplo foi o que ela disse sobre a suspensão da democracia. Todos percebemos que foi a Manuela a falar, não um consultor de imagem ou estratega de campanha. Em vez de nos servir mais umas tiradas do guião político, disse o que lhe veio na alma. Isto tem o meu respeito. Há razões porque os consultores e os estrategas não gostam da sinceridade dos seus candidatos. Ela é perigosa. Permite ao público formar uma ideia sobre a pessoa e as suas intenções. Pode revelar traços e opiniões de que os eleitores possam não gostar. Neste caso, as palavras da Manuela ajudaram-me a aprofundar a ideia que tenho dela. São conjecturas, claro, falíveis, decerto, mas mil vezes mais valiosas do que aquilo que se pode depreender do referido discurso formatado. Acredito que a Manuela gostaria mesmo poder suspender a democracia por um tempo, para resolver as coisas. Acredito que sabe que nunca poderia fazer isso e, também por isso, nunca o faria. Acredito que sabe, também, que não é correcto suspender a democracia. Por isso não estava a falar no sentido literal, quando falava desta hipotese. Mas não chamaria a isso ironia. Permitiu-me perceber que a democracia não é propriamente algo que a Manuela muito preza, e menos ainda ama. É algo que considera, pelo menos às vezes, um empecilho. 18.11.08
Amigas (Otto Müller) «Ontem, em Ponte de Lima, Sócrates entregou duzentos Magalhães às meninas e aos meninos. Excepto a um, espero eu, e esse é o teu filho, leitor(a) hipócrita. Os meninos e as meninas agradeceram. Já podem jogar no Magalhães. Podem o tanas. Mal a comitiva virou costas tiraram os Magalhães às meninas e aos meninos. Que era só para a cerimónia. Que não chorassem que os haviam de receber, mas mais tarde. Aqueles ou outros Magalhães iguaizinhos. Aqueles tinham de ser empacotados – reprimenda em voz dura aos meninos que danificaram as embalagens – e levados a correr para uma cerimónia semelhante na cidade de F. Explicaram aos meninos e às meninas em lágrimas que aquela entrega era simbólica e depois, com a ajuda do último Magalhães a ser retirado das mãos do último menino, explicaram o significado de simbólico. Os meninos mandaram ovos podres ao primeiro-ministro, ao presidente do Conselho Directivo e ao vereador de Ponte de Lima. Tudo simbólico e pelo processo Jungiano de associação livre de símbolos que é o mesmo que assegura que ao primeiro-ministro que deu e tirou os Magalhães aos meninos e às meninas de Ponte do Lima estão reservadas as chamas do Infernos.» (A Natureza do Mal) Adenda 19.11.08: E não é verdade. Felizmente. Segundo a DREN, os computadores ficaram na escola por razões pedagógicas, não foi o Sócrates que os levou para propaganda. As minhas desculpas por ter reproduzido uma notícia falsa... já agora, convém dizer de quem: da revista SOL. (Agradeço à marian a informação.) Adenda à adenda: Afinal não é o SOL que merece censura mas o Luís, bloguista que muito admiro mas que aqui extrapolou uma notícia até ao ponto da sua falsificação. 17.11.08
Nunca vi clamar por respeito quem o merece. Durante muito tempo tenho feito vista grossa para os tiques autoritários do Primeiro Ministro. Não que tenha - a semelhança do que os portugueses suspeitam de si - uma secreta admiração pelo autoritarismo, mas dei-lhe o benefício da dúvida: se calhar o autoritarismo era só determinação, e esta, achei e acho, faz falta. Ainda hoje tenho o Eng. Sócrates por um homem excepcionalmente determinado. Percebi porém entretanto que o principal objecto da sua determinação (já) não é a solução dos problemas do país mas a conservação do seu poder. Mais um. Mais um desses políticos dinámicos, voluntaristas, que acaba por não resolver nada porque lhe falta rasgo e visão. Se tivesse podido votar em 2005, teria votado nele para fazer as grandes reformas que prometeu: da saúde, da justiça, da administração, da educação. A saúde - Depois das primeiras maiores contestações, deixou cair o ministro e entregou a pasta a outra para uma gestão discreta do dia a dia. Assim, tudo ficou na mesma. Ou antes, não ficou: De 2005 a 2007, Portugal desceu do 16º ao 26º lugar em 31 paises europeus. A justiça - Houve reforma, com amplo consenso parlamentar. Em que consistiu? - Numa revisão do processo penal. A reforma da justiça tirou ilações do caso Casa Pia. Optimo. E mais? - Salvo os arguidos nos processos penais, alguém hoje é melhor servido pela justiça portuguesa do que antes? A administração - Sempre achei que uma reforma administrativa a sério teria tanto ou mais impacto positivo na vida e na economia portuguesa como a da justiça. Mas também aqui, salvo alguma saudável informatização da relação do cidadão com as instituições públicas que, dado as tecnologias disponíveis, não era mais do que expectável, não houve nada. O cidadão é tratado com a mesma displicencia e falta de respeito de sempre. A educação - Está a vista de todos: a reforma já fracassou. E o ensino público continua mal, continuará a piorar. Aqui quase estou inclinado de perdoar ao Sócrates. Talvez o ensino público português é mesmo irreformável. Mas era escusado dar tanta razão àqueles que se opuseriam a qualquer reforma. Tendo fracassadas todas as reformas prometidas, not with a bang but with a whimper, restam os projectos para alimentar a clientela: Aeroporto, TGV. E, para os outros, os frigoríficos do Major, que hoje não são frigoríficos e se chamam Magalhães. Este governo devia prestar contas, merecia uma oposição, exigia uma alternativa! Mas só tem isto. 15.11.08
Pela primeira vez um descendente de imigrantes turcos foi eleito presidente de um partido com representação no parlamento federal da Alemanha. (À atenção do Luis) 13.11.08
a explicação dos constrangimentos no caso BPN, pela Teresa Ribeiro. 12.11.08
Madame G (Kees van Dongen) 11.11.08
Acabou há 90 anos. Uma guerra estúpida, inútil, de todos os lados. E se qualquer guerra é terrível para além de qualquer descrição, esta o foi ainda mais. A Grande Guerra foi a primeira guerra industrial. Não só pelo uso da técnologia, de metralhadoras, tanques, gás - mas também pelo uso industrial do seu material humano. Nas "batalhas de desgaste" os comandantes militares enviaram, durante quase um ano, centenas de milhares de jovens para os campos de batalha, sem ganhos militares para qualquer lado, para substituir aqueles que lá sucumbiram. Em Verdun, de Fevereiro até Dezembro 1916, e na Somme, de Junho até Novembro 1916, morreram juntos mais do que milhão e meio de soldados, não contando com os feridos. Otto Dix, participante e sobrevivente, fez um registo impressionante do quotidiano nas trincheiras, entre arame farpado, lama e cadaveres. Vale a pena fazer o download de um slideshow dos seus cadernos de guerra aqui. 10.11.08
(Do Arrastão e comentado no jugular) Não vejo, em princípio, porque uma avaliação pelos colegas não pode ser justa e ter bons resultados. Quem melhor do que um colega, ou antes, um grupo de colegas, sabe avaliar o nosso trabalho? Admito que não deviam ser da mesma escola, para evitar distorções e injustiças motivadas pela concorrência interna, amiguismo, inimiguismo. E deviam estar enquadrados numa estrutura e com procedimentos bem preparados. Não está a acontecer, e por isso as avaliações impostas pelo ministério serão muitas vezes absurdas e injustas. Mas o princípio é bom. É usado, com sucesso, em outras áreas, por exemplo no ensino superior. A alternativa seria criar uma classe profissional de avaliadores, independentes da escola, que não fariam outra coisa excepto avaliar professores. Estariam bem mais longe da realidade do ensino do que se fossem colegas. Mas mesmo essa solução seria melhor do que a até hoje praticada. Porque como esta é feita - o video lembra isso a quem quiser ver - é uma fantochada inconsequente, desprovida de qualquer responsabilidade e rigor. Não fica nada bem defendê-la a quem avalia - com muito mais rigor e severidade, supõe e espera-se - os seus alunos. 9.11.08
O Alberto Gonçalves e o Paulo Pinto Mascarenhas têm a coragem de chamar a coisa "a que não convêm aludir" pelo nome: o racismo preto que se evidencia na recusa de dar a questão racial por encerrada, agora com um preto no poder. E repete o descaramento dos judeus na Alemanha, que também não se calaram depois de 1945, apesar de tudo já estava bem. Como todos sabemos, o antisemitismo acabou no 8 de Maio de 1945, e o racismo branco no 4 de Novembro de 2008. 8.11.08
O Paulo Pinto Mascarenhas encara «como completamente normal que um presidente negro seja eleito nos Estados Unidos», descartando este pequeno pormenor de que aquilo que devia ser não é o que é. Obama foi eleito, sim. Isto é obviamente um grande passo, mas não significa que o racismo acabou. Muito menos obriga a já não falar do racismo! Não justifica e não obriga - que descarada exigência! - a pôr uma pedra de silêncio sobre séculos de injustiças e humilhações que, aliás, também depois do 4 de Novembro não deixaram de ter consequências e, em muitos locais, continuidade. Exigir às vitimas de um passado ignóbil de esquecê-lo, virar a acusação do racismo contra as suas próprias vitimas, quando não se conformem com a tabuização da sua condição racial, do seu passado, do seu sofrimento, é cómodo, mas também hipócrita e de uma falta de respeito atróz. As piadas que o PPM defende no caso são, comparados com isto, um problema menor: são de mau gosto, sim. São no porque não têm o contexto inócuo que o Paulo nos quer fazer crer que existe. Não o seriam se o racismo fosse mesmo ultrapassado. Mas não é. E o Paulo Pinto Mascarenhas tem obrigação de sabê-lo. The reason of life (Hirakawa Noritoshi) 6.11.08
No Cachimbo de Magritte, André Pessoa chama - implicitamente, mas sem margem para dúvidas - racista a qualquer um que se alegra com o facto de o presidente eleito dos EUA ser negro. Chama racista a Jesse Jackson, porque chorou na noite de terça-feira, tal como a Colin Powell. Chama racista a Condoleezza Rice, que assumiu o seu orgulho - como afro-americana - com este resultado. Já tive oportunidade de formar uma ideia sobre André Pessoa. Não esperava contudo que dois dos seus colegas de blogue o até defendem nisto. Contorcem-se para não chamar a coisa pelo nome. Triste. A campanha eleitoral acabou, mas o juízo e a honestidade intelectual não voltaram. Num blogue colectivo cada autor responde por si. Mas a sua reputação e o seu interesse é sempre feito por todos. O Cachimbo deixou de ser recomendável. Pois, isto não é America. A equiparação absurda de Sócrates com Bush a parte, convém lembrar que não foi ao fazer comparações desfavoráveis com o que acontece noutros países que eles chegaram à mudança, não foi ao desancar (justamente) na a miserável governação de Bush que venceram. Foi ao apresentar uma alternativa credível e estimulante. Onde está? Só te oiço repetir o velho "no we can't" português. 4.11.08
Love and death (Kristy Milliken) Tem dias: Ontem Obama ainda era o papão extremista, o "candidato a presidente mais a esquerda da história", e hoje os conservadores cá já se consolam com a antecipação do suposto desgosto da esquerda europeia, quando esta descobre que Obama não é de esquerda (e não de Europa). Antecipo o seu desgosto quando não se verifique o desgosto. Pois os obamistas europeus não são mais de esquerda do que este. E sabem muito bem que um Presidente americano é um Presidente americano. Mas, de facto, pelos standards dos anti-obamistas, toda a Europa é de esquerda: A conceituada revista económica alemã "Handelsblatt" promoveu um inquérito sobre as preferências dos Top-managers alemães na campanha americana. Resultado: Obama: 88% - McCain: 5% O Rodrigo Moita de Deus faz aqui um resumo biográfico de McCain. Entre outro, despenhou cinco aviões. Pode ser que isso prove que é do "right stuff". Mas sei que preferia não ser passageiro num avião por ele pilotado. E os americanos, espero, também não. O aparecimento de Sarah Palin na campanha eleitoral teve o mérito de encarnar numa figura só (quase) tudo o que há de abominável na América: a self-righteousness, intolerância, hipocrisia e, talvez o mais assustador, a ignorância militante. As suas prestações na campanha permitiram também formar uma ideia sobre o sistema de ensino americano que, ao contrário do europeu, tem fama de ser propício para formar elites competentes. Como ela? A sua carreira mostra que a empolgante qualidade de ser o país das oportunidades ilimitadas tem o seu downside. Permitiu, também cá, no campo dos conservadores, uma separação entre gente civilizada e bronca. Certamente contam-se entre os apoiantes de Palin pessoas civilizadas, que se ofenderão por serem catalogadas como broncas. Mas isso é apenas o preço justo para cegueira ideológica, irresponsabilidade ou cinismo. 2.11.08
A superioridade categórica da (Escrevi estre post na ocasião do debate sobre o aborto. Impressiona-me a certeza dos que acham que tudo, se não é humano, deve ser considerado coisa.) 1.11.08
Lá no 5 dias entretêm-se a zurzir no Disco e, por arrasto, na música dos anos 70 em geral. Até nos Yes! Vergonhoso! Eu, pelo contrário, confesso aqui, de peito aberto, a minha inquebrada paixão por essa moça! E que ninguém se atreva de gozar com a realização ou as roupinhas! |
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