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27.1.07
Não me iludo sobre que o que tenho argumentado aqui nos últimos posts, parece a muitos excêntrico, far out, em bom americano, ou louco, em bom português. Mas as reacções foram até menos violentas do que antecipava, e limitavam-se em regra ao escárnio bem-humorado, ou, como suspeito ser o caso de amigos mais delicados, um silêncio incomodado de discordância fundamental. Eu compreendo: O que aqui exploro, as consequências lógicas dum critério que continuo a achar excelente e adequado, podem estar bem deduzidas mas elas simplesmente don’t feel right! Comparar um bezerro a um embrião humano? Dar-lhe até mais valor? - Há límites no livre raciocínio. Isto é um: Ainda hoje comi costeletas de vitela, e amanhã então terei de comer bebé por nascer estufado? Posso acalmar os meus críticos (e a mim próprio): Virava-se me o estômago. E ficava mal, muito mal, não dormia por sentir-me tão culpado, se o fizesse. Sendo assim, devia dar o assunto então por encerrado? Dar por provada a invalidade do meu critério de consciência e sentimentos? Da ética da solidariedade no sofrimento, sem mais distinções de quem sofre? Sem vocação para missionário, comodista e preguiçoso, o que é que me inibe descartar o meu critério e deixar-me cair nos braços acolhedores do senso comum, na sintonia com o sentir dos meus co-humanos? Isto: Há uma preguiça que desprezo mesmo, aquela que considero a pior forma de estupidez, a preguiça intelectual, mais precisamente, a preguiça emocional: a falta de vontade de pensar o que provoca incómodo. Ela leva ao recurso, em vez a argumentos, ao consenso com a moral dum grupo com que se identifica, que se dane a razão. Tentando prevenir outra trésleitura: Não decorre daí a obrigação de fazer o que provoca incómodo. Não sou obrigado a comer embriões. Mas decorre daí procurar melhores razões do que o meu incómodo, antes de pôr alguém na prisão por comer embriões. Não digo que não as haverá, mas elas têm que ser enunciadas e discutidas. |
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