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31.7.05
Já prometi aqui postar pouco e depois não cumpri, mas desta vez é provável que será mesmo assim. Muito trabalho antes de ir de férias (na Sexta-feira) e ainda problemas informáticos em casa... 28.7.05
Servir de referência para um caso de flagrante inêpcia, que não se limita à linguagem, não me agrada, mesmo sendo destinatário duma piscadela de olhos e dum pedido de desculpas. Que fique claro: só reconheço, no meu caso, inêpcia em relação ao vocabulário, à gramática, à síntaxe, mas não aos conceitos! E mais ainda: Longe de mim aceitar ser associado à junção dos termos "possuído" e "funda"! Isto cabe à Linda Lovelace. O novo blogue (que dizem que não é um blogue) de António Tavares Lopes, Rui Bebiano (A Noite) e de Tiago Barbosa Ribeiro. 27.7.05
Playmate da semana: O gatinho da May Belfort (Michael Mathias Prechtl) 26.7.05
O projecto mais complicado e menos rentável para um arquitecto ambicioso, é o da moradia unifamiliar, mesmo quando o pior não acontece, isto é, de o cliente ser amigo ou familiar. Na moradia o dono da obra é amador mas muito empenhado, acabou por meter-se num empreendimento único e de extrema importância para ele, não só em termos económicos, como em termos emocionais. Assim, tende a achar normal que isso assim seja para todos os outros envolvidos, e como não tem experiência e se sente inseguro, quer que lhe explicam tudo, está susceptível a mudanças de ideias fora do tempo, pois costuma ser alvo de inúmeras tentativas de influência, tanto bem-intencionadas como interesseiras, de parte de amigos, familiares, construtores, vizinhos, e vendedores da mais variada gama de produtos e serviços ligados a construção civil. Agrava-se ainda o caso pelo facto de que frequentemente não é uma mas várias pessoas, com ideias e opiniões divergentes, cuja respectiva autoridade e poder de decisão sobre a obra não são claros. (Por essas razões, o meu antigo patrão na Alemanha oferecia clientes deste tipo aos seus jovens colaboradores, projecto, contrato e autoria incluída, como oportunidade para primeira obra, e estes, inicialmente imensamente gratos, só mais tarde percebiam o senão no presente “generoso”.) O problema acima referido é comum aos arquitectos alemães e portugueses, tendo os últimos, porém, ainda de lidar com uma burocracia incomparavelmente mais lenta e pesada. Mas os meus colegas alemães contaram-me que estão, desde há algum tempo, sujeitos a um problema, que os portugueses ainda desconhecem e que equilibra a balança. Lá, começou a ser comum, que o arquitecto, no esforço de satisfazer todas as pretensões sensatas e insensatas do dono de obra e de dar resposta a todas as outras exigências, económicas, técnicas e burocráticas, e ainda de tentar salvaguardar alguma coerência arquitectónica, - lhe aparece, pela mão do cliente, um novo (e bem pago) interveniente que volta a virar o projecto ao avesso: O consultor Feng-Shui. 25.7.05
Vicente (5), quando lhe contaram como adormecido no sofá, resistiu, determinado, ao pai, que o quis despir: Sempre que este lhe puxava os calções para baixo, ele agarrava neles vigorosamente e puxou os para cima outra vez. 22.7.05
O blogue da Maria Conceição! Quem anda bastante no Metro em Lisboa, como eu, acaba por habituar-se a um grupo de pessoas que, embora pareça omnipresente, não é assim tão grande: a população dos pedintes. Alguns, como o senhor aqui retratado, destacam-se dos seus colegas por algo que os outros perderam ou acham prudente esconder: Personalidade. A este respeito, o caso que me mais intriga é o dum (não assim tão) jovem cego, que passa pelas carruagens recitando e acompanhando o pedido ritimicamente com batidas da sua bengala. O texto do pedido é muito convencional, mas a apresentação não. (Há tempos uma gravação sonora, que circulou na blogosfera, lhe deu destaque.) O seu tom, e mais ainda o vigor e a precisão do seu acompanhamento rítmico, transmite um orgulho agressivo e muita raiva, que sobressaiam em contraste com a lengalenga beata e sumbissa, que recita. Perguntei-me já bastantes vezes, se a sua maneira de exercer a profissão, que, ao contrário do caso de muitos de nós, não é completamente determinada pelo resultado pretendido, lhe diminui a receita, ou se a notoriedade assim alcançada equilibra isso. Estou quase certo que ganharia mais se fizesse o chorinho usual. Que ele paga por não se apagar completamente como pessoa, por manter a sua dignidade. Foto encontrado no FotoBen. Só quem é feliz pode ser verdadeiramente boa pessoa. (Peter Sloterdijk ou alguém citado por ele...) Ainda sobre optimismo, quero referir este belo post da Rita, uma rapariga portuguesa que vive, pelo menos parcialmente, na cidade em que vivi antes de vir para Portugal. Ela acha que o Murphy teve muita lata em pegar no azar banal e dar-lhe o seu nome, e decide que não lhe quer ficar atrás: "Logo eu, em sincera e sentida homenagem à minha sorte, que implica tanto o amor como o jogo,que dita que os autocarros que passam uma vez por dia apareçam cinco minutos depois de eu perguntar, os meus brincos favoritos ainda estejam na casa de banho do restaurante, a minha mala perdida no autocarro me seja entregue em casa com dinheiro e tudo ou encontre cinquenta euros numa rua de Berlim, decidi baptizar a sorte. É a lei de rita. A sua formulação final é: «podes sempre ter uma sorte dos diabos»." O seu blogue chama-se Boas Intenções e recomenda-se. 21.7.05
Sou avesso a buttons, banners, autocolantes etc., mesmo de movimentos que têm todo o meu respeito e o meu apoio (moral). Num desses dias vou por-me a pensar sobre o porquê e tentar explicá-lo. Mas antes já faço uma excepção: About We’re Not Afraid: We are not afraid to ride public transportation. We are not afraid to walk down a crowded street. We are not afraid of each other. We are not afraid to say that terrorism in any form is never the answer. We’re not afraid is an outlet for the global community to speak out against the acts of terror that have struck London, Madrid, New York, Baghdad, Bazra, Tikkut, Gaza, Tel-Aviv, Afghanistan, Bali, and against the atrocities occurring in cities around the world each and every day. It is a worldwide action for people not willing to be cowed by terrorism and fear mongering. The historical response to these types of attacks has been a show of deadly force; we believe that there is a better way. We refuse to respond to aggression and hatred in kind. Instead, we who are not afraid will continue to live our lives the best way we know how. We will work, we will play, we will laugh, we will live. We will not waste one moment, nor sacrifice one bit of our freedom, because of fear. We are not afraid. (Encontrado no Linha dos Nodos e FotoBen.) 20.7.05
"...sou um optimista. Embora não acredite na sorte, acredito na estatística e por isso tenho para mim que se formos tentando sempre, mantendo a grimpa razoavelmente levantada e a bolinha razoavelmente baixa, acabamos sempre por chegar aonde queremos. Ou razoavelmente perto. E se por acaso isso não acontecer, o facto de o termos tentado já nos transformou automaticamente em pessoas melhores o que, por si só, já melhora consideravelmente o sítio a que chegámos." A melhor apologia do optimismo que conheço. Obrigado, José! Raparigas (Ilustração indiana do Kamasutra, ca. de 1900) 19.7.05
18.7.05
Um artigo de Pilar Rahola sobre a nossa postura perante o terrorismo, na Rua da Judiaria. Lendo o no contexto do debate sobre a "compreensão" dos atentados da Al Qaeda (na qual me envolvi com alguns posts recentes) faz-se me alguma luz sobre a confusão das frentes que existem, entre nós, os ameaçados. Há entre os motivos para atacar a "compreensão" do Terrorismo não só o medo instintivo que leva a entrincheirar-se sem querer mais pensar, há também o repúdio duma postura cínica do low profile, para qual a França é tida, com alguma justiça, como representante máximo; mas há também e antes de mais o repúdio duma interpretação marxista, que não consegue conceber ameaças de dimensão histórica e mundial, que o terrorismo da Al Qaeda indubitavelmente é, a não ser como expressão dalguma forma de luta de classes. Acredito que essa última interpretação ainda têm bastantes adeptos, e concordo com os seus críticos que, se seguimos a ela, estamos realmente a cavar a nossa própria cova. Claro que não está errado de falar em pobreza, de forma literal quando pensamos num bombista proveniente dum campo de refugiados palestiniano, e de forma mais metafórica mas igualmente real, quando pensamos no que leva um pai de familia e professor da classe média inglesa a fazer-se explodir no metro junto com tantos inocentes. Neste caso, não é pobreza material. Mas não acredito que seja uma locura a priori inexplicável ou desnecessária de explicar. Pelo menos isto não está já decidido, antes de saber mais sobre os assassinos, e assim interessa-me perceber se essa locura é a que sempre houve e há (nalguns humanos), e só encontra actualmente, com a estrutura da Al Qaeda, meios de fazer mais estragos, ou se ela é a tradução de algum fenomeno político e social que importa perceber. (A suposta guerra das civilizações ou, por exemplo, uma forma de "doença" ou crise no processo da globalização.) Enquanto não me acomodar com a hipotese de se tratar da simples e eterna locura, não posso limitar-me ao combate militar e policial. Pois é claro que a Al Qaeda é algo diferente do que a loucura dos quatro assassinos de Londres. Não é só uma estrutura logística, com apoios significativos, financeiros e políticos, como Pilar Rahola frisa, mas uma ideologia que já provou ser capaz de se subordinar e instrumentalizar a locura dos seus agentes. Quero perceber e combater, para além da sua estrutura logística e os seus apoios políticos e económicos, a ideologia da Al-Qaeda: como ela consegue propagar-se, e porque ela é tão fértil em encontrar adeptos dispostos a matar e morrer para ela. Não é qualquer uma organização, que consegue recrutar um tal número de seguidores dispostos a tudo. O sucesso da Al-Qaeda é também, queiramos quer não, um fenómeno social e religioso. Luc Tuymans: De diagnostische blick 17.7.05
Um casal de velhos amigos, que vivem em Freiburg, Alemanha, contou-me isto: Que têm, agnósticos, o seu filho, por razões de conveniência, num infantário católico da cidade. O que já alterou algumas rotinas familiares, como passaram por exemplo a rezar antes das refeições, porque o menino o lá aprendeu e gosta de fazê-lo também em casa. Contou-me também que a maioria dos seus colegas, mais do que dois terços, são filhos de imigrantes muçulmanos. E como ficou surpreendido com a audiência da última festa de Natal, onde as crianças representaram a história do nascimento do menino Jesus em teatro e cantaram canções de Natal: A sua imagem foi dominada pelos lenços de cabeça das suas mães. Que vieram assistir como se isto fosse a coisa mais normal do mundo. 15.7.05
O C.Indico pergunta num comentário em baixo, o que entendo como "proibição de pensamento", que receio. O pensamento cuja proibição receio e recuso, é o que Pacheco Pereira classifica como traição, aquele que se põe na cabeça do inimigo e dos seus (potenciais) simpatizantes e apoiantes. Um excelente exemplo é este post do Rimbaud Warrior. Há quem acha que não devemos interessar-nos por esse tipo de informação, porque ela podia criar um sentimento de culpa que enfraqueceria a nossa capacidade de resistência. E há quem acha, como eu, ignorar esse tipo de informação é simplesmente idiota e suicida. (O Benfica pôs o nome do Estádio da Luz a venda.) Hitler ou RAF do Dois Dedos de Conversa, faz um exercício mental muito elucidativo: E sé os métodos da guerra mundial ao terrorismo tivessem sido aplicados à guerra ao terrorismo da RAF na Alemanha? Primus inter Pares do Adufe, mais uma facada na minha já quase moribunda intenção de votar em Manuel Maria Carrilho. E três blogues, sem ser por um post em especial: O Bombyx Mori, que me lembra, entre outro, a grande distância entre o meu "quase" e um português soberano; o Cocanha, o blogue mais belo da blogosfera actual (conteudo e, lamento admitir, também o lay-out); e o Hotel Sossego, que se tornou neste tempo de férias, gerido pela empregada de quarto macha k., um lugar ainda mais intrigante. 14.7.05
«Mas nunca me parecia razoável, acharia mesmo uma traição, querer “meter-me na cabeça” de Hitler entre 1933 e 1945, quando os “meus” o combatiam e ele os queria matar.» (José Pacheco Pereira, no Público de hoje, à propósito da nossa guerra contra o terrorismo. Actualização: Agora disponível online no Abrupto.) Sempre estranho um pouco quando oiço alguém qualificar o tom do Quase em Português como irónico. Não seria esse o termo que escolheria. O meu post de anteontem "Perceber é que não" é um exemplo: Mais do que ridicularizar, quis meter me na cabeça(!) dos que são contra o "perceber", e enunciar o seu pensamento de forma explícita e, admito, propositadamente exagerada. Como se vê, no meu post de anteontem não exagerei nada. No artigo de Pacheco Pereira está tudo, ipsis verbis e sem ironia nenhuma, o que anteontem julguei estar a caricaturar. (Coincidência ou talvez não, pois embora duvido que o JPP lê o Quase em Português, acho já provável de ele ter apanhado a ideia de equiparar o perceber à traição no Terras do Nunca, que me citou.) Mas vamos ao que interessa: JPP insiste no perigo real do terrorismo, no perigo de sofrer ataques incomparavelmente maiores do que os até agora sofridos, com armas não convencionais. Aqui concordo. Por isso insiste na necessidade de que nós mentalizarmo-nos de que estamos em guerra. Reconhece que merece discussão o significado de “guerra” neste novo contexto, mas curiosamente isso não o impede de recomendar comportamentos e virtudes da guerra clássica. Fala da frontalidade, como essa fosse uma opção unilateral possível, na guerra contra o terrorismo. Escreve ele, na sequência da frase citada no início do post: «As únicas explicações que me interessavam, as únicas “causas” que eu queria perceber, eram aquelas que me permitiriam derrotá-lo funcionalmente, as que eram instrumentais para acabar com eles e com os seus. É importante perceber que, mesmo nas questões onde o meu pensamento lhe admitia “razão”, essa razão só pode ser defrontada depois da eliminação dele – válido para Hitler, ou Estaline, ou Bin Laden. Não há causalidade que me interesse porque ela institui uma nobreza de pensamento qualquer, que o ajuda a matar-me e que institui verdadeiramente o niilismo. E da falência do pensamento ocidental, da sua dificuldade e complexo em lidar com as suas fronteiras culturais e civilizacionais, está a nascer o niilismo e a face do niilismo actual é a justificação do terrorismo da Al-Qaeda. Uma coisa é o movimento livre do pensamento, o voo crepuscular da coruja, que não conhece limites ao “pensável”, outra é a incorporação, quase sempre como culpa, da vontade de morte (a minha) pelo alheio. Aí a boa tradição do pensamento ocidental é outra: o combate frontal e directo.» É notável a franqueza do artigo, não por último pelo que como defende e explica a característica talvez principal do estado de guerra: A suspensão temporária da moral em nome da auto-preservação: "Na guerra não se limpam as armas." (Há um famoso cartoon de Olaf Gulbransson da 1ª Guerra Mundial, em que a filha pergunta: "Mãe, depois da guerra os Dez Mandamentos voltam a vigorar?") Mas vou deixar a crítica moral desta invocação do cinismo clássico da direita, que reserva a moral para os domingos e os bons tempos, de parte, e debruçar-me sobre a sua argumentação na luz do nosso interesse, isto é: a nossa sobrevivência física e cultural do terrorismo. Ressalta a incapacidade de JPP de conceber o interesse em compreender o inimigo sem que esse seja associado a um sentimento de culpa, cuja origem (a da sua alegada existência) vai buscar na nossa cultura judaica cristã. Falando por mim, recuso essa ideia liminarmente. Não sinto culpa nenhuma em relação aos terroristas, nem em relação às populações islámicas que eles alegam representar. Já que estamos na psicologia amador, quer me antes parecer que esse sentimento de culpa - se existir - é um fenómeno geracional, dos soixante-huitards, nomeadamente daqueles que em tempos aderiram às ideologias marxistas, incluido aqueles que hoje estão a expurgá-las. Eu, pertencente a outra geração, e muitos que conheço, não têm nada a ver com essa geração, nem com as suas ideologias, nem com o seu típico espírito de missão. A ideia de que podia atribuir legitimidade qualquer aos terroristas, nunca me ocorreu, tão pouco como uma vez podia achar ou sentir que, de alguma forma, "nós" merecíamos os ataques deles. Sinceramente, o JPP arranje quem enfia este carapuço, eu não o faço. Mas quero perceber o inimigo. Explico, aproveitando o exemplo que o JPP avançou, o do combate a Hitler, para demonstrar como este é falacioso, e consequentemente as conclusões que daí tira. Vencer a Segunda Guerra Mundial (na Europa) passava de facto pela derrota total e física de Hitler e dos meios militares a sua disposição, e pela derrota psicológica e o controlo efectivo das populações que o apoiavam ou continuavam a apoiar, através da ocupação do território. Transcrito o programa para a guerra contra o terrorismo, lê-se: O objectivo é a derrota total e fisica de Bin Laden e de toda a sua organização, dos meios a sua disposição e a derrota psicológica e o controlo efectivo das populações que o apoiam. Basta a simples transcrição deste programa para ver que, mesmo se seria possível, e espero que será, a derrota total e fisica de Bin Laden e de toda a sua organização e dos seus meios; a segunda parte, que no caso da Segunda Guerra Mundial passava pela ocupação de Alemanha durante três anos, com governo militar, e de mais quarenta, duma forma sucessivamente mais suave e "amigável", não parece exequível, ainda menos à luz da recente experiência feita no Iraque. Mas mais interessante na questão do compreender é isso: A vitória sobre a Alemanha só não foi uma vitória de Pirro, porque os vencedores se deram ao trabalho de perceber o inimigo, ou seja, não Hitler, mas as motivações dos alemães que o elegeram, e em consequência optaram por não repetir o erro de Versailles, e de dar-lhes, desta vez, uma perspectiva dum futuro com dignidade. Não estou muito optimista em relação à derrota total e definitiva da Al-Qaeda, pelo simples e óbvio facto de que ela não precisa duma estrutura sólida e geograficamente localizada, como a tinha o inimigo clássico. Mas mesmo se a Al-Qaeda deixasse de existir, o problema do terrorismo apocalíptico não está eliminado. Se não o atribuisse exactamente à opção de não pensar nos motivos do inimigo, acharia muito estranho que pessoas inteligentes podem acreditar que a solução do problema possa ser a vitória final sobre a Al-Qaeda. Também acho estranho e assustador (talvez mais ainda por ser alemão) que pessoas inteligentes ainda acreditam em vitórias finais. Mas, pensando melhor, isso pode muito bem ser uma daquelas "mentiras necessárias" que se "justificam" no estado de guerra... O terrorismo continua ameaça, enquanto há as seguintes condições: Ódio e uma ideologia condensadora e canalizadora deste ódio, que esteja a mão, e a disponibilidade de armas de destruição maciça. Para combatê-lo podemos fazer, no meu entender, isto: - Combater o inimigo identificado. - Impedir a distribuição de armas de destruição maciça. - Combater as razões do ódio e as ideologias que se servem dele. Não me parece razoável confiar no sucesso só das duas primeiras opções. E parece me igualmente irrazoável de começar com o terceiro combate só quando ganho o primeiro. Ninguém sabe quanto tempo o primeiro combate durará, ainda mais se não apoiado pelos outros. E isso leva-me a valorizar o outro perigo, que é interno: A proposta declaração do estado de guerra. A suspensão temporária da moral, e, não nos esqueçamos, dos direitos cívicos, e ainda a proscrição do pensamento "traidor", por um tempo indefinido, é algo que a nossa civilização não pode suportar. 13.7.05
O Manuel Resende criou, entretanto, o seu próprio blogue! Com atraso reparo em dois posts mais que lúcidos do Manuel Resende no Quartzo. "A Al Qaeda e outros radicalismos islâmicos é a resposta de uma civilização decadente que já foi brilhante à contínua humilhação que lhe é imposta pelas potências ocidentais e mais recentemente pelos EUA, principal ou única superpotência. [...] O radicalismo islâmico não é qualquer coisa inscrita nos genes dos árabes, ou dos turcos, ou dos persas ou dos indonésios, mas o reflexo monstruoso (peso as palavras) de sociedades que se sentem (e são) fracas, perante o poderio do ocidente, sobretudo nos países petrolíferos, sociedades ainda por cima abafadas na sua generalidade por ditaduras, onde a expressão da chamada sociedade civil foi emasculada. O radicalismo islâmico de massas é, além disso, um fenómeno recente, surgido após o falhanço de movimentos mais laicos ou pluriconfessionais (FNL argelino, nasserismo, Baas, Mossadegh, Al Fatah, etc.)" Playmates da semana: As três graças (Raffael) 12.7.05
Há muito não mudei a música. Esta é do Mellon Collie and the Infinite Sadness, dos Smashing Pumpkins. Pergunta a Susana qual a "bloguiquette" sobre a quantidade e o tamanho máximo dos comentários. A resposta é simples: Os comentários podem ter a frequência e o tamanho que o autor quiser. Até não me importo que sejam off-topic, desde que exista uma linha (mesmo ténue) de raciocínio do post original para eles, como acontece frequentemente em conversas entre comentadores. Aliás são os comentários e as conversas entre os comentadores, que têm dado ao Quase em Português a qualidade e o interesse que o seu autor tem falhado fornecer nos últimos tempos. Vejam-se este e este exemplo, como posts de conteúdo intelectual zero deram início a streams de comentários excelentes! Estou mesmo a revogar o meu incofessado desprezo intelectual que nutria para as anfitriãs dos salões intelectuais do século XIX, desde que o próprio Quase em Português se tornou, para o meu grande prazer, num salão! Valorizo o mesmo que uma boa anfitriã valoriza nos que frequentam o seu salão: Que sejam interessantes, que não sejam maçadores, e por vezes brilhantes. E até já, não posso estar mais satisfeito, nem em relação ao geral das visitas e não em relação à Susana. 11.7.05
O João Morgado Fernandes tem levado porrada por não só não ter alinhado na competição habitual de quem condena de forma mais contundente os atentados de Londres, mas ainda teve o desplante de criticar os vigilantes e autoproclamados árbitros deste campeonato, que aqui costumam ser, assim como era no jogo da bola no beco em contraste ao jogo dos crescidos, jogadores e árbitros ao mesmo tempo. Depois, como não se chegasse, invocou ainda o nome de Mário Soares, deste conhecido ingénuo e cobardolas. Acha o JMF que é vantajoso conhecer o inimigo, porque isso permitiria encontrar e aperfeiçoar as melhores formas de combatê-lo. Realmente palerma, essa ideia. Palerma diz quem não quer dizer maricas. Então ainda seria preciso compreender esses terroristas árabes? Para quê! Porque havemos de perceber os tipos se vamos é dar cabo deles já? Quer dizer, mais logo, quando os apanhar... Essa de os apanhar, de facto, tem se revelado um pouco difícil. Mesmo ainda hoje, enquanto controlamos os estados pária, onde antes floresceu o terrorismo: o Afeganistão e o Iraque. Mas para isso há um remédio: Se não se sabe exactamente onde bater, pode sempre bater-se mais forte! O JMF não está a ver o problema, porque realmente não nos podemos dar ao luxo de perceber? Não está a ver que assim perdíamos toda a capacidade de combate? Não estará mesmo a ver como é perigoso: perceber?! Que perceber é meio caminho andado para ceder, capitular, concordar com eles? Não me venha com aquela de quem tem confiança no seus valores pode permitir-se perceber. Isto é treta: Confiança. Mesmo auto-confiança. A auto-confiança, pelo contrário, precisa de que não se sabe demais. Perceber é traição. Perceber é que não. Preciso é estupidez! "Thursday's attacks didn't come as a surprise to Edmonton [um "emergency planning manager" em Londres] or anyone at Cobra. The city has spent years preparing for the inevitable and since the Sept. 11, 2001 terrorist attacks in New York and Washington, several exercises have been conducted simulating attacks on the London Underground. Among them was "Osiris 2", a September 2003 exercise intended to train police and emergency workers in how to deal with a major chemical weapons attack. About 500 emergency services workers took part in the training. Edmonton was among them. "We were prepared," he says. London responded on Thursday with finesse. Within ten minutes of the first attack, warning signs were already posted on the major traffic arteries into the city, all of London Underground trains were stopped, bus drivers were promptly ordered to return their buses to the depots and a short time later, soldiers were deployed to strategically important locations, including the Queen's residence at Buckingham Palace. Barely an hour after the attacks, the injured at the Underground station Edmonton was responsible for had already been classified, given preliminary treatment and most had already been transported to the nearby Royal London Hospital. The bodies of people who died in the trains were left untouched so that investigators could search for clues that might shed light on the terrorists responsible for the crime and the tools they used to kill. Within one and a half hours of the first attack, all of the wounded had been taken from Edmonton's station to the hospital, and rescue workers turned the disaster scene over to police investigators so they could begin their difficult job of tracking down the perpetrators. Edmonton drove back to his office. He was tired, but he had done his job and so had his colleagues. It was no victory, but it was good. Very good. They could hardly have done better." DER SPIEGEL (englisch version) Pieter de Hooch: Kaardspeelers 10.7.05
Também gostei da serenidade (peço desculpa pelo uso da palavra gasta) dos Londrinos, dos cidadãos, das autoridades e até da comunicação social (alguma). O exemplo dos Londrinos é importante para nós, que poderemos um dia estar numa situação semelhante; mas é também importante para aqueles que são o grupo alvo da propaganda dos terroristas: as populações islámicas com ressentimentos contra o estilo de vida ocidental. Porque, como se sabe, a guerra terrorista é uma guerra de propaganda. (Tony Blair lembrou bem no seu comunicado que o objectivo do terror é terrorizar). Como não pode haver nenhum objectivo militar a curto ou médio prazo para os terroristas, são os objectivos políticos, que temos de contrariar. O primeiro objectivo dos terroristas é obrigar os governos ocidentais, através da terrorização das suas populações, de aceitá-los, os terroristas, como adversários a sua altura. Este objectivo foi, pelo menos desde o 11. Setembro, largamente alcançado. Não os 3000 mortos foram a grande vitória de Bin Laden e alliados neste dia, mas o reconhecimento público duma simetria: Num lado os governos da civilização ocidental, noutro Bin Laden e a (sua visão da) civilização islámica. É escusado apresentar contra essa simetria o argumento moral, de que há num lado vítimas civis e inocentes, noutro assassinos; nem da legitimidade democrática dos governos ocidentais; nem da assimetria objectiva em termos económicos, políticos e militares: de que num lado se encontra uma civilização livre com estruturas incomparavelmente mais sofisticados, noutro um modelo civilizacional mediéval, apesar de os terroristas se aproveitam dos meios que só uma sociedade como esta que querem destruir pode facultar. Na lógica da propaganda isso conta pouco, como se vê no apoio moral e na admiração de que a Al Quaeda goza em largos estratos das populações árabes. Esta admiração foi o segundo objectivo e é a segunda vitória da Al Quaeda. E essa é quanto maior quanto mais a noção de que se trata duma guerra das civilizaçãoes se enraíza nas cabeças de ambos os lados. A terceira vitória a Al Quaeda alcancaria se os estados ocidentais começassem efectivamente a descaracterizar o seu modelo civilizaçional, sacrificando partes elementares dos seus valores fundamentais: liberdade, pluralismo, tolerância. Isto ainda não aconteceu, excepto dalguns passos menores nesta direcção. E é em relação a esse terceiro objectivo, que a reacção aos atentados de Londres me inspirou esperança, porque nisto contraria claramente as expectativas dos terroristas. O termo pode ser errado, mas a comparação da reacção das sociedades ocidentais, tanto em geral como a das populações atingidas, mostra que começámos a habituar-nos ao terrorismo. Claro que não nos conformámos, mas aceitámos a realidade de que esses ataques são aparentemente inevitáveis, mesmo quando se faz todo o esforço para os prevenir e de estar preparado quando acontecem. (E que os británicos fizeram tão boa figura neste segundo aspecto, foi decisivo para a vitória moral, que está claramente no lado dos agredidos.) Já não reagimos com pánico, nem histeria, nem perdemos a noção da propocionalidade. Para os 700 vítimas não faz diferença que o ataque não atingiu 7000, mas à cidade de Londres, a todos nós, os visados em geral, faz. Naturalmente, a grande mensagem de ameaça, que o atentado de Londres, como os outros, nos traz, é a de que amanhã pode haver um atentado muito pior: com gás, bactérias, ou atómico. E essa ameaça é de levar a sério. O que obriga a um esforço em vários planos, de contrariar a proliferação das tecnologias correspondentes. E é essa a razão porque não posso continuar tão descansado, como entro no avião no dia seguinte a uma notícia dum desastre aeronáutico. Mas mesmo a ameaça terrível dum ataque não-convencional é, para o meu dia-a-dia, uma ameaça estatística, que não muda o meu estado de espírito, a confiança com que continuo na minha vida, numa sociedade plural, liberal e tolerante. E assim o deve ser. 8.7.05
Desta vez estava a ver se se pirava sem ninguem dar por isso. (Provérbio italiano) 7.7.05
Fui ao Blogo...Existo para ver se encontrava um post lúcido sobre as bombas de Londres - como aquele em que disse que se devia tratar os ataques terroristas como as catástrofes naturais - e encontrei um sobre outro assunto com que concordo tanto que me apetece citá-lo na íntegra: João Miranda pergunta no Blasfémias porque é que a direita, quando chega ao poder, não é liberal. Há uma resposta simples: porque a direita, de facto, não é liberal, excepto naquele sentido corriqueiro, vulgar e ofensivo para o liberalismo, de que por vezes lhe convém a liberdade da raposa no galinheiro livre. Sim, eu sei que as coisas são mais complexas, que há muitas nuances, que é errado ver o mundo a preto e branco, e por aí fora. Ainda assim, convém não perder de vista o essencial, e o essencial é que a direita não passa da expressão política do egoísmo, exprimindo-se sociologicamente sempre e em todos os tempos através da aliança entre o privilégio e a ignorância. A direita liberal é, no essencial, uma história da carochinha, um conto de fadas para intelectuais. A direita é liberal no mesmo sentido em que os comunistas são democratas, ou seja, num sentido que não faz qualquer sentido para o comum dos mortais. 6.7.05
A história de Mathias Rust, contada pelo próprio. No Hotel Sossego. Num post longo, instrutivo e, antes de mais, muito belo, o José continua na sua resposta ás minhas dúvidas sobre a liberdade intelectual dos católicos. Explica a grandeza e abrangência da sua Igreja Católica Apostólica Romana, na qual tem lugar também quem pensa teimosamente, como o José, só pela própria cabeça. Acredito, José, e ainda bem! Se não sabia antes, ao conhecer-vos (católicos) na blogosfera convenci-me disto: Não és, de longe, o único. Ainda bem. Embora há outros (e uns deles mandam na Igreja), que gostariam que se se fizesse o tal esforço, livremente, de pensar pela cabeça doutros, se o raciocínio próprio não chegar aos resultados recomendados/exigidos (?) no catequismo. Como disse no post que escrevi na penúltima Segunda-feira: Quanto a mim, tomarei como católico quem assim se apresenta. Pelo menos até a sua excomunhão. Não que me parecesse que tu, ou outro amigo católico aqui da terra esteja em perigo imediato disto. Vou deixar isso agora entre vós. Mas, de vez em quando, voltarei a espicaçar-vos, pelo que se possam ler outros posts como estes que escreveste hoje e na semana passada. Playmate da semana: Girl with cigar (Emma Fernandez) Um post para o Blasfémias
Querem perceber porque o declínio económico da grande Alemanha é imparável? Leiam esta história no Dois Dedos de Conversa! E o que dizes tu sobre isto, Timshel? 4.7.05
"A Igreja, como nos ensina, por exemplo, a correspondência entre Galileu e o encarregado das operações da Inquisição, estava preparada para reconhecer o heliocentrismo de Galileu se ele não declarasse a teoria como «verdadeira», mas tal como ela é presentemente encarada pelos investigadores rigorosos: como pressuposto sugerido pela lei da economia (lex parcimoniae), para simplificação das equações astronómicas." Não conhecia esta história que o Afonso hoje contou na Terra da Alegria. Mas sabia que Galilei estava numa posição suficientemente privilegiada para poder negociar - até certo ponto - a autorização respectivamente proibição dos seus trabalhos. No fim, como é sabido, a negociação fracassou. Será que cometeu um erro, ao não aceitar as condições acima referidas? (Vamos supor que foi uma proposta honesta, e não só uma proposta táctica.) Estava ele ainda mais errado, como o Max Scheler diz, ao reclamar a qualidade de «verdade» para a sua teoria, ignorando o que é uma teoria, ou seja um modelo de descrição da realidade, embora porventura mais eficáz do que os anteriores? E será o cardeal mesmo mais lúcido do que Galilei ao propor o reconhecimento disso, porque sabia que não existe tal coisa como «verdade» científica, só a religiosa? A minha resposta é três vezes não. Aceitar a proposta do cardeal, achar que se salvasse a essência da sua teoria ao declará-la como um mero progesso no cálculo astronómico, isto é, na previsão da posição dos planetas no firmamento, isto é: não no espaço, teria sido uma clara redução ao absurdo da sua teoria. Um ridículo. Então a teoria do Galilei e a epicíclica ptolemaica, defendida pela Igreja, encontraram-se no mesmo plano? Isso só pode alegar quem realmente não pretende mais da ciência do que a previsão das posições das estrelas: no firmamento! Não é honesto negar que, com a teoria heliocentrista, se deu um salto qualitativo no saber, e não só um progresso metodológico. Claro que sabemos hoje, e creio que até o Galileu já sabia, que a sua teoria não era a «verdade» última (ou religiosa), que de facto não se deixa descobrir ou estabelecer pela ciência, que só se pode evocar pelas expressões artísitcas e religiosas. (Sobre a religião «científica», o dogmatismo, tenho as minhas opiniões, cuja exposição não cabe neste post.) Voltando à ciência: "A lei de Newton só funcionaria, rigorosamente, no vazio, mas esse vazio, nunca ninguém o viu, nunca homem algum o fez." A lei de Newton não funcionaria, mas funcionou para levar homens para a lua e de volta, e hoje atingiu uma sonda terrestre um cometa dum tamanho duns poucos quilometros, à distância de uma centena e meia de milhões de quilómetros, porque o seu envio foi calculado segundo as leis de Newton (e de Einstein, provavelmente). Só um progresso da economia do câlculo ptolemáico? As imagens na TV e na internet do «deep impact» têm, em princípio, o mesmo teor de verdade como as esferas celestes de antigamente? Não brinquem! A verdade científica não nos dá as respostas últimas, não nos diz e nunca nos dirá de onde vímos, quem somos, para onde vamos, e será sempre uma verdade imperfeita, mas já é suficientemente verdadeira para que um astronauta sente a areia lunar debaixo dos seus pés e para que quem se encontra na mira dum cruise-missile encontra a sua morte. O problema do conflito entre a Igreja e Galilei não era que ele se meteu nos assuntos da Igreja, mas que a Igreja se meteu nos assuntos dele! Não foi em defesa dum falsificacionismo moderno que tentaram impedir o seu livro, foi em defesa da velha «verdade científica» da Igreja! Porque anteciparam correctamente, que ela lhe retiraria autoridade em matérias em que ela não era sustentável. O Afonso tem razão quando critica a ingenuidade de muitas pessoas que confundem a verdade científica com a «verdade» religiosa, metafísica. Mas reabilitar a inquisição atribuindo motivos de rigor e «humildade científica» (essa é tão boa, só pode ter sido inventada por um Jesuita!) à supressão da teoria heliocentrista, isto é verdadeiramente ingénuo. 3.7.05
Monumento anónimo. Escandinávia. No Céu sobre Lisboa li o melhor post sobre o famoso "Arrastão" de Carcavelos. Na altura também fiz um pequeno post sobre o acontecimento, e embora me salvaguardei com um "se", não posso qualificar como imerecida a chamada de atenção que o bombyx mori me então fez. Efectivamente, e apesar do "se", tinha dado mais crédito às notícias do que se justificava. Mas o tema não é resolvido com o mea culpa, nem meu, nem dos mais directamente envolvidos na empolação da falsa notícia. O medo dos gangs suburbanos não é fruto das invenções dos média. E os próprios gangs também não. Se reconheço a necessidade de maior cuidado na apreciação das "notícias", não revogo por isso o meu clamor pelo real poder dissuasivo do law-inforcement, tão necessário no caso dos gangs como contra o crime económico. O Adufe fez dois anos
O Adufe foi um dos dez blogues, aos que me permiti enviar um e-mail, dando-lhes conhecimento do nascimento do Quase em Português, com a esperança de ganhar a sua atenção e de lhes merecer uma apreciação favorável. Não resultou com todos, mas com o Rui tive sorte: Tornou-se amigo. Obrigado e parabéns! 2.7.05
Porque é que isto me mete medo?
A fazer fé no Público, o Sr. De Croos, Presidente da Câmara dos Deputados da Bélgica, optou por anular um almoço que prendia oferecer a um delegação de parlamentares iranianos. O motivo é simples: os belgas costumam beber vinho à refeição, mas os iranianos não admitiram a presença de álcool à mesa. (No Mar Salgado) Perante o que se sabe, não é nada que me devia surpreender. Mas assusta-me a ingenuidade, com o que eles tentam impôr a sua visão da vida até no alto templo do cinismo, na diplomacia! (Ainda por cima em Bruxelas!) Os líderes eleitos dum pais rico que está a construir a bomba atómica. Perante isto, é quase com gratidão que penso na realpolitik dos chineses. 1º levase algo para andar 2º prutesoins para as cedas 3º abituarese au que esta a uzar 4º cumesar pur as coisas mais basicas 5º tentare fazer amigos que te posao agudar 6º sempre que se cai rir 7º ter curajem 8º cuando lhe perguntar se já andou de (u que tivere a andar) dizer que nao 9º tentar sempre mais 10º comdater us medos confiem em mim isto ira dar boms resultados "(so as criancas)" Este é o novo post do Felizéxico, que acho excelente, mesmo sabendo-me suspeito de falta de objectividade. Aproveito para publicitar dois blogues de amigos de Felix, o Tudo as bolinhas do m. e o Pipoca de Chocolate do cinéfilo Lourenço, (que herdou o gosto e o talento pela escrita da sua mãe, uma comentadora destacada do Quase em Português). A IO acha que o velho Chuinga já deu o que tinha a dar de sabor. Vamos então mascar o novo Chuinga.i! Anthony Gormley: Learning to think 1.7.05
"A propósito de mulheres polícias, ontem presenciei uma manifestação numa capital europeia (que não era Lisboa) e o que mais me surpreendeu foi o número impressionante de mulheres-polícias-de-choque, quase metade (a paridade já aqui chegou), algumas delas muito bonitas aliás. Mas, o mais impressionante foi, na altura de carregar sobre os manifestantes, já com os capacetes postos e as viseiras em baixo, era impossível distingui-las dos homens. Todos batiam com a mesma energia e dedicação. Profissionalismo." (Timshel num comentário na Destreza das Dúvidas) Nunca fui adepto deste lema. Se não for para poupar familiares em luto... O fim do Barnabé levou-me a reparar em como tão pouco, e não desde ontem, gostei dele, que foi em tempos um dos meus blogues de eleição. Mas fartei-me dos que estão nisto para ter razão, dos quais o Barnabé foi longe de ser o único, mas um exemplo especialmente luminoso. (Nunca vi um Barnabita aprender algo, mudar, ou pelo menos modificar uma ideia em função do que lhe foi dito.) Foi um tabloide, em que se pôde encontrar artigos interessantes e inteligentes, mas um tabloide, com os seus defeitos típicos: Fanfarronice, falta de nuance e de honestidade. Estou convencido de que os seus autores cada um por si, apesar de previsivelmente não poderem segurar tamanha audiência, valem muito mais. |
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