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  • 22.7.05

    Quem anda bastante no Metro em Lisboa, como eu, acaba por habituar-se a um grupo de pessoas que, embora pareça omnipresente, não é assim tão grande: a população dos pedintes.
    Alguns, como o senhor aqui retratado, destacam-se dos seus colegas por algo que os outros perderam ou acham prudente esconder: Personalidade.
    A este respeito, o caso que me mais intriga é o dum (não assim tão) jovem cego, que passa pelas carruagens recitando e acompanhando o pedido ritimicamente com batidas da sua bengala. O texto do pedido é muito convencional, mas a apresentação não. (Há tempos uma gravação sonora, que circulou na blogosfera, lhe deu destaque.)
    O seu tom, e mais ainda o vigor e a precisão do seu acompanhamento rítmico, transmite um orgulho agressivo e muita raiva, que sobressaiam em contraste com a lengalenga beata e sumbissa, que recita.

    Perguntei-me já bastantes vezes, se a sua maneira de exercer a profissão, que, ao contrário do caso de muitos de nós, não é completamente determinada pelo resultado pretendido, lhe diminui a receita, ou se a notoriedade assim alcançada equilibra isso. Estou quase certo que ganharia mais se fizesse o chorinho usual. Que ele paga por não se apagar completamente como pessoa, por manter a sua dignidade.


    Foto encontrado no FotoBen.

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