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  • 30.1.06
    Alívio e perda
    29.1.06



    Dois auto-retratos de dois rapazes sobre-dotados. Um alemão, um italiano. Do alemão, podem ver um quadro lindissimo no lida insana, do italiano será a próxima playmate.
    Sound chaser

    Mudei a música. No Timshel, aqui ao lado, podem ouvir o Soon, outra canção magnífica do disco magnífico Relayer, dos Yes.
    In the shelter
    "Nunca pensei que escrevesse uma linha em abono do arquitecto Taveira."

    Eu também não, João. Mas tens razão.
    ...e uma recomendação:
    28.1.06
    Duas adições

    ...de vulto à minha lista: O franco atirador e o Espectro.
    Johannes Rau (1931-2006)

    Johannes Rau era, como eu, um filho de Wuppertal, geograficamente e culturalmente. Chamaram-lhe "Bruder Johannes" ("frei João"), pela forma desinibida que assumiu o seu protestantismo em todas as suas esferas da vida, também na vida pública. Mas ao contrário do que é tão típico da sua cidade natal, que é berço de inúmeras comunidades evangélicas, cada uma mais zelosa na salvarguarda das suas nuances confissionais, sempre foi um homem de criar pontes e consensos. Tanto no foro religioso, onde foi um membro determinante no movimento ecuménico alemão, como na política.
    Aprendeu a profissão de livreiro e foi responsável de várias editoras de cariz religiosa e social.
    A sua actividade política começou na resistência ao Nacional-Socialismo, quando, ainda adolescente, integrou o movimento "Bekennende Kirche", onde se juntaram os evangélicos que não se comprometeram, ao contrário da Igreja Evangélica Alemã oficial, com o regime Nazi. Depois da guerra aderiu primeiro ao partido pacifista GVP (de outro evangélico destacado e futuro presidente da RFA, Gustav Heinemann), que se opôs ao re-armamento da Alemanha pelos americanos. Apôs a dissolução deste partido entrou no SPD.
    Durante 20 anos, de 1978-1998, foi Primeiro Ministro do estado federal de Renânia Norte / Vestfália. De 1999-2004 foi Presidente da República da Alemanha. A doença que o agora vitimou, levou-o a não recandidatar-se.
    Um político que também teve defeitos, nomeadamente como Primeiro Ministro na Renânia Norte / Vestfália, onde durante o seu longo consulado permitiu a instalação duma cultura de irresponsabilidade e de compadrio.
    Mas deve ser lembrado como um dos últimos grandes políticos alemães duma geração, que, marcados pela experiência do Nacional-Socialismo, enveredaram na política num genuino espírito de missão moral.
    Parabéns

    ...ao Carlos Manuel Castro e Luís Novaes Tito, cujo Tugir faz dois anos. Estou orgulhoso de poder contar o Quase em Português entre os blogues que têm o seu apreço. Que é recíproco. O Tugir é, se não o único, um dos muito poucos blogues estritamente políticos, que leio regularmente e com gosto.
    27.1.06

    Brett Weston (anos '50?)



    Wolfgang Koch (anos '90?)

    Pois é, Helena, há paisagens que têm todas as qualidades para uma playmate!

    P.S.:
    Vendo as duas juntas, a diferença de qualidade é tão flagrante, que me custa não tirar a carne já do post. Mas fica para fins didácticos. Como exemplo da supremacia do implícito sobre o explícito. Na arte, e na erótica.
    26.1.06
    Recomendações

    Na Arte da Fuga está em curso uma muito interessante série de posts sobre "O Estado e a Cultura". Se tivesse tempo, metia-me na discussão, mas só me resta recomendá-la. Não recomendar de todo posso o último post do Bombyx Mori, a não ser que estão maiores e vacinados e dispostos a assistir a depravações indizíveis. Sinceramente! Coisas dessas nesta casa aqui só à porta fechada!
    25.1.06

    Playmate da semana: Leda (Tintoretto)
    Being Madame

    Não é dos prazeres menores aquele que me dá uma das minhas actividades bloguísticas que, embora consumindo mesmo muito tempo, não se vê, e que, ao contrário do que é o caso na escrita dos posts, pode estar muito desfasada do momento da sua manifestação no blogue.
    Falo da angariação e da educação das minhas playmates. Um trabalho que exige dedicação, atenção ao pormenor, critério e, antes de tudo, uma enorme capacidade de abnegação, de domínio sobre os próprios instintos.
    Ninguém mais do que a quem cabe a gerência dum bordel, necessita tanto do distanciamento, do controlo dos seus impúlsos mais básicos, sob pena de descuidar da qualidade. Não é por acaso que as Madames dos bordeis que se recomendam e as donas das agências de acompanhantes de qualidade são mulheres, e só a puta da rua tem o seu chulo.
    As meninas que acabo de levar a estrear-se no Quase em Português antes passam por um longo processo de selecção. Mais do que isso! Descobertas há pouco ou outras vezes já há muito, cumprem um estágio nas salas não públicas desta casa, enquanto são apreciadas, observadas as suas qualidades e descobertos os seus defeitos, são experimentadas nas diversas vertentes das suas aptidões, aperfeiçoadas se for o caso, enquanto aguardam que se verifique a ocasião adequada para a sua missão. Nem sempre isso é um processo linear. Há mulheres que acolhi entusiasticamente, cuja sensualidade ainda hoje me corta a respiração e perturba o meu sono, mas que, embora já sendo cá da casa há muito, nunca irão ter a sua oportunidade no salão público. E não é por uma questão de pudor ou de gosto. A questão é bem mais súbtil! (O qu é que confere classe a uma mulher? Sensualidade animalesca e refinamento, inocência ou experiência, fragilidade ou robustez, a insinuação da submissividade ou a ostentação do seu contrário, volúpia e castidade, saúde ou morbidez...quem conseguia catalogar a mistura dos seus encantos?)
    E há outras, acolhidas sem paixão, que eventualmente vieram em "pacote" com outra menina mais promissora, ou achados ocasionais nas minhas deambulações googleanas, que uma vez no ambiente propício, desabrocham e desenvolvem uma sensualidade e um estilo inesperado que faz brilhar o nosso estabelecimento. São essas meninas as minhas preferidas!

    Admito que mais do que os encantos sensuais, aos que naturalmento não estou nem posso estar insensível, apesar de toda a abnegação referida, o que mais me satisfaz neste meu trabalho é o sentimento do poder. Sou eu e mais ninguém quem as escolha e as manda submeter-se aos vossos olhares!
    Não estava nos meus planos desenvolver essa faceta de mim, mas apráz-me, sim, apráz.

    Etiquetas: ,

    23.1.06

    A vida continua.
    (Stamford after brunch, de John Currin)

    Não costumo fazer este tipo de testes, menos ainda publicar os resultados. Neste caso, faço uma excepção: Caí exactamente no quadradinho onde caiu o João Pinto e Castro.
    X-rated!

    Olha Timshel, segundo o Público de hoje a Opus Dei empenha-se para conseguir que o filme "Código da Vinci" seja classificado para maiores de 18...
    Dispenso-me de comentar o resultado das eleições

    Lêem os do Mar Salgado. São excelentes, nomeadamente o de VLX, com o que concordo desta vez quase inteiramente (um estreia), salvo a última frase.
    Sebastian

    Tenho para a colecção da Carla um contributo audio.
    Sebastian de Steve Harley, um deficiente motor (poliomelitis), que não se inibiu pavonear-se da forma mais efeminada no estilo glam-rock, e da sua banda Cockney Rebel. Impressionou-me muito, em 1974. (Depois ainda tiveram mais dois hits, melhores até: Mr. Soft e Make me smile.)

    21.1.06
    Bron-Yr-Aur

    de Led Zeppelin (Physical Graffiti)
    No player.
    Para quê uma segunda volta?



    Fabian Marcaccio: We are not going to postpone the wedding
    Em dia de reflexão
    20.1.06

    Veit Stoss: Anunciação

    O outro grande mestre da escultura gótica em madeira, ao lado de Riemenschneider, é Veit Stoss, que nasceu ca. de 1450 em Horb, Alemanha, e criou a sua obra-prima mais famosa para a Sé de Cracóvia, Santa Maria, onde esculpiu o altar. Em 1499 voltou para a Nuremberga de Dürer, de onde é esta obra da Anunciação. Aqui entrou em conflito com a lei e foi publicamente ferreteado pelo crime da falsificação de documentos. Todavia, continuou a sua carreira e criou ainda, no fim da sua vida, outra obra-prima, o altar da Sé de Bamberg, a mesma do famoso cavaleiro. Morreu em 1533.
    Última página

    ...do Público. Não percebo porque ninguém, começando pelo próprio, parece entediar-se com a futilidade das criticas de Vasco Pulido Valente à futilidade da actividade política em Portugal.
    Um político sério

    Gostei de ver e ouvir o Mariano Gago ontem na SIC-Notícias.
    19.1.06
    18.1.06

    A aguasfurtadas, revista de literatura, música e artes visuais, é uma edição do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto e o resultado de muito trabalho. O número 8 acaba de sair. Inclui poemas de Affonso Romano de Sant'Anna (um dos grandes poetas brasileiros vivos), Margarida Ferra e João Luís Barreto Guimarães. Inclui também uma tradução inédita de The Book of Ahania, de William Blake, da responsabilidade de Manuel Portela, e as primeiras traduções para português da poeta iraniana Forugh Farrokhzad e do poeta de língua ladina Moshe Ha-Elion. Contos de Paulinho Assunção, Valério Romão, António Tavares Lopes e a estreia surpreendente de um jovem promissor: Lourenço Bray. Uma peça de teatro inédita de Regina Guimarães e Saguenail e um extraordinário ensaio de Jorge Mantas sobre Marcel Proust. Isto tudo para além de múltiplos trabalhos em diferentes áreas das artes visuais e ainda um CD com obras de compositores portugueses contemporâneos. O CD acolhe ainda as primeiras gravações da rubrica Ostra (Antena 2), de Pedro Coelho.

    Pedidos directos da aguasfurtadas para:
    jup@jup.pt

    ou:
    "aguasfurtadas"
    Rua Miguel Bombarda, 187
    4050-381 Porto

    (Publicidade, feito com todo o gosto, também aqui, a pedido do Rui Manuel Amaral.)

    A Playmate da semana à toilette (Jean Fréderic Bazille)
    17.1.06

    "Os portugueses (retratos robôt)", no franco atirador. Via da literatura.
    Flashback

    Não, não é a minha casa de outros tempos. Mas podia ter sido...
    16.1.06

    Der Bamberger Reiter

    O provável retrato do Rei Stephan da Hungria na Catedral de Bamberg é, ao lado da Uta von Naumburg, a maior escultura do gótico alemão em pedra. Realizada como esta na primeira metade do século 13, é mais do que 250 anos mais velha do que as obras primas de Riemenschneider.
    Há algo mais importante do que encontrar e castigar os maus

    Hoje escreveu no Público a Fátima Mata-Mouros aquilo que eu penso desde que rebentou este escãndalo em torno dos números telefónicos: A única surpresa é a aparente surpresa dos altos responsáveis políticos e outros sobre esta revelação.

    A indignação repentina soa a hipocrisia, porque toda a gente, quanto mais quem tem um alto cargo político ou administrativo pode, se não sabe, facilmente imaginar a fragilidade objectiva da garantia constitucional de sigílio dos dados dos cidadãos. Basta fazer uma raciocínio de analogia da área que conhece, na empresa ou na instituição pública onde trabalha ou trabalhou, sobre o que diz respeito ao rigor dos procedimentos na prática, a clareza das disposições regulamentares, que são supostos de assegurar seja o que for, entre outro também evitar o desvio da informação. Em todo o lado há um fosso gritante entre a teoria e a prática, e uma boa parte da energia e da inteligência dos funcionários nas diversas áreas é gasta para inventar dispositivos mais ou menos correctos que contornem os problemas que esse fosso suscita e continuam assim a ocultá-lo. Campo fácil para movimentar-se de quem tem intenções obscuras.

    Voltando aos números telefónicos: Claro que houve aqui uma cabala, o aparecimento da notícia neste momento seguramente não é um acaso. E custa acreditar que o fornecimento dos números não solicitados (se não foram solicitados) foi somente uma gaffe de alguém na PT. Embora, sinceramente, não devemos excluir esta hipotese também.
    Dito isso, é claro que há excelentes condições para o desenvolvimento das mais diversas teorias de conspiração, e como se verifica, realmente elas proliferam. Mas da mesma forma como a própria notícia, tanto o seu conteúdo como as razões do seu aparecimento agora, me indignam muito, faz-me espécie a actual discussão da intriga: As especulações sobre qual das teorias estará certa, e os processos de intenção, que procuram identificar quem beneficia objectivamente dos diversos cenários, e concluir daí pelo autor da cabala.
    Não que eu simpatizo com os maus da fita, que tentam puxar os cordelinhos nos bastidores - e que os há, não duvido – mas acho um sintoma da doença que se pretende curar, que se concentra neste jogo. Em vez de constatar o óbvio: Que no caso Casa Pia há (e até sem caso Casa Pia havia) sempre quem tem interesses e objectivos menos honrosos e poucos escrúpulos para usar os meios que se lhe propiciam, para os atingir.
    Não é a indignação sobre os maus, não sobre o facto de que os há, que nos deve preocupar sobejamente. Nem é o objectivo máximo que eles fossem apanhados e castigados. Mais importante é ainda que, no futuro, eles ou outros já não encontrem os meios para fazer o seu jogo sujo.

    Por isso, a procura dos criminosos e das forças obscuras deve antes de mais preocupar a justiça, os investigadores e os tribunais, enquanto à sociedade civil, isto é, a todos nós, e à comunicação social e aos políticos cabe mudar o sistema de forma que já não será tão fácil devassar a vida do cidadão, manipular um inquérito judicial e condicionar um processo crime. A probabilidade que neste caso ou se volte a rotina sem ter apanhado e castigado os culpados infelizmente não é pequena, mas a hipotese de que se apanhe e castigue os culpados, menos provável, não é a solução do problema! Nem é a primeira hipotese a derrota absoluta, nem é a segunda motivo para cantar vitória e descontrair-mo-nos aliviados!

    Quanto ao Procurador Geral Souto Moura, tenho o por um homem honesto que não esteve (está) a altura do seu cargo. Se ele é agora exonerado ou termina o seu mandato no futuro próximo é uma questão completamente lateral.
    14.1.06
    A Maria de Conceição sobre a fé:

    "A fé não resulta do meu acto de querer. E, no entanto, eu preciso querê-la.
    A fé adquire tantos tons e formas, como é a vida de cada um.
    A fé pode estar, ou não, inserida nalgum contexto religioso.
    A fé, vivida no mais íntimo do nosso ser, convoca-nos sempre para fora de nós.
    A fé nunca nos aprisiona a nada. Se somos prisioneiros de alguma coisa, nunca será da fé."


    (Comentário a este seu post.)

    P.S.:
    Recomenda-se também o post do ON, ao que o post da Maria se refere.
    11.1.06
    O candidato do futuro

    A malta aqui está triste pelo andar das presidenciais: 61% intenção de voto para o Cavaco!
    Já lhes disse que eu, mesmo se pudesse votar, não me entusiasmaria com as eleições, sejam os prognósticos os que forem. Não sei para que serve o vosso Presidente da República. Para correr com Primeiros Ministros incompetentes. Aceito. E mais? Vocês dizem que é para dar confiança, para vos levar a acreditar no futuro. Vejamos então os futuros que os candidatos têm para oferecer.

    O futuro que o Jerónimo tem para oferecer é o futuro do PC. Há de dizer mais?

    O Louçã, para quem ganhei muito respeito nesta campanha, pela sua indiscutível inteligência e preparação - não sei porquê, mas quase me arrepia a ideia de que o nosso futuro passe por ele.

    O Manuel Alegre, de quem gostava mais antes da campanha, quando ainda o conheci menos, diz que o futuro para ele passa pela afirmação da Pátria, que, como sabem, não é a minha. Hão de desculpar-me, mas já não estando cá como turista, admito que nem me faz falta a sua pátria da caça livre, do fado e das touradas. E a outros portugueses felizmente também não.

    O Mário Soares, que sempre foi um homem do futuro, desta vez, apesar de toda a sua indiscutível energia, não consegue fazer crer que aindo o é: o homem do futuro. É pena. Mas é isso. E acredito que é isso que explica as fracas sondagens para ele.

    Resta o Cavaco em que todos parecem apostar. É ele que vos oferece o futuro? Pois sim! O tal futuro de que todos se lembram e de que têm saudades, com razão! O futuro dos tempos da sua govenação, o futuro dos primeiros anos após a adesão à União Europeia!

    Elegem então o candidato que vos oferece a memória do futuro do passado.

    E logo a seguir ao anúncio do blogue religioso, um post pecado. As playmates da semana são personagens do 120 dias de Sodoma, retratadas por Sergej Trubin.
    Hoje, uma nova edição da Terra da Alegria!
    10.1.06
    Horário

    Pouco distingue o modo de vida, que caberia a um intelectual, tão profundamente daquele do burguês como que o primeiro não aceita a alternativa entre trabalho e prazer. Trabalho, que não tem de fazer antes, para poder responder à realidade, todo o mal ao seu sujeito, que deve fazer depois aos outros, é prazer ainda no esforço mais desesperado. A liberdade que ele visa, é a mesma que a sociedade burguesa reserva somente ao recreio e que revoga com a tal regulamentação ao mesmo tempo. Por outro lado é àquele que sabe da liberdade todo a diversão tolerada por esta sociedade insuportável, e fora do seu trabalho, que porém inclui aquilo que os burgueses reservam como "cultura" para os tempos livres, não se quer entregar a nenhum prazer substituto. Work while you work, play while you play - conta entre as regras básicas da auto-disciplina repressiva. Pais, para quais foi uma questão de prestígio que o seu filho traz para casa boas notas, menos do que todos os outros gostavam que este lia demasiado tempo a noite ou de qualquer forma - no seu critério - se esforçava excessivamente. Da sua tolice falava o
    ingenium da sua classe. A doutrina desde Aristóteles ensinada da moderação como virtude adequada à razão é entre outro a tentativa de fundamentar a socialmente necessária divisão do homem em funções independentes entre si, tão fortemente, que a nenhuma delas se dá de transitar para outra e assim lembrar o homem. Tão pouco podiamos imaginar Nietzsche no gabinete, com a secretária a guardar o telefone na antecâmara, na mesa de trabalho até as cinco, como ao jogar golf depois do trabalhgo do dia. Só o entrusamento engenhoso entre felicidade e trabalho mantém, debaixo da pressão da sociedade, ainda aberto a experiência genuina. Ela é cada vez menos tolerada. Através do assemelhamento ao negócio também as assim chamadas profissões intelectuais estão a ser despidos do prazer. A atomização avança não só entre os homens, mas também dentro de cada indivíduo, entre as diversas esfgeras da sua vida. Nenhuma satisfação plena deve afixar-se ao trabalho, que assim perdia a sua modéstia funcional na totalidade dos fins, nenhuma faísca de senso pode caír na esfera do lazer, pois podia saltar para a esfera do trabalho e incendiá-la. Enquanto na estrutura trabalho e diversão se assemelham cada vez mais, a sua separação através de fronteiras invisíveis está cada vez mais rigorosa. De ambas foram expulsas prazer e sentido. Aqui e acolá reinam a seriedade fanática e o pseudo-activismo.

    (Theodor W. Adorno, em Minima Moralia, 1945)
    9.1.06

    Dubuffet: The Jazzband
    7.1.06

    Ilse Losa morreu.
    Quando o meu filho Felix deixou a Escola Primária, a sua professora ofereceu um livro: O mundo em que eu vivi. Foi assim que fiquei a saber da sua existência. Li o livro e fiquei envergonhado pelo seu português que não tem "quase" nenhum e com imenso respeito pela forma e dignidade simples como conta a história da sua infância e da crescente perseguição na Alemanha nazi de que acabou por conseguir fugir.
    Para o merecido mal do pais que a expulsou e para o bem do que a acolheu.

    Adenda 9.1.06
    O João reparou que o meu post omite que ela era judia. É verdade. Inconscientemente e possivelmente sem razão, dei por adquirido que todo o leitor sabia/percebia que a referida fuga para Portugal era a fuga aos campos do extermínio.
    Aproveito para dizer mais umas frases sobre o livro que eu lhe li:
    O mundo em que eu vivi não nos fala da tortura, das câmaras de gás e dos fornos, fala nos da vida normal, mostra como a jovem Ilse e os outros judeus, cidadãos alemães normais, pouco a pouco foram destituidos desta qualidade, começando pela primeiro pequena e depois cada vez maior discriminação e humiliação, tornando a vida cada vez mais difícil até que a pura sobrevivência deixou de ser possível. Tudo isto num ambiente de aparente normalidade, em que continua a haver as mesmas ruas, os mesmos elêctricos, casas, cafés, só que estas deixaram de estar disponível para eles, os judeus. E continuava a haver as mesmas pessoas, que pouco a pouco deixavam de estar disponível também.
    É isto que torna o livro tão pedagógico: Ninguém se imagina num campo de concentração, mas com a Ilse Losa e com os seus concidadãos alemães (que o deixaram de ser) não é difícil de se identificar.
    Com o que sabemos hoje: Quando e o que é que teríamos, o que é que podiamos ter feito para evitar o inferno? Porque deveriamos tê-lo feito, em todo o caso, mesmo se tivesse sido impossível, disto hoje não há dúvida.
    6.1.06
    Omne animal posta triste

    Uma amiga telefenou-me hoje preocupada e quis saber se estava bem. Se a pouca presença bloguística se devia à muito trabalho, ou se eu estaria mal. Confirmei a primeira hipótese, mas fiqui admirado que admitiu o não blogar como sintoma do estar mal, e não exactamente ao contrário...
    5.1.06
    1º aniversário

    Parabéns ao Da Literatura!
    4.1.06
    Sittin' in the dark

    Carolyne Mas no player.

    Playmates da semana: Amigas (Klimt)
    Arquetipos

    Com olhos ansiosos o príncipe sapo, snob incorrigível, levanta o seu olhar para a princesa e não consegue desistir da esperança que ela o salve.

    (Adorno)
    3.1.06
    Presente!

    Cá estou eu, ainda sem tempo para ler blogues, só para marcar presença e para agradecer - atrasadissimo - o Gandula do Ma-Schamba, a menção honrosa do Chuinga.i, e retribuir os votos de bom ano de todos na caixa de comentários do post anterior. Muito obrigado!

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