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  • 7.1.06

    Ilse Losa morreu.
    Quando o meu filho Felix deixou a Escola Primária, a sua professora ofereceu um livro: O mundo em que eu vivi. Foi assim que fiquei a saber da sua existência. Li o livro e fiquei envergonhado pelo seu português que não tem "quase" nenhum e com imenso respeito pela forma e dignidade simples como conta a história da sua infância e da crescente perseguição na Alemanha nazi de que acabou por conseguir fugir.
    Para o merecido mal do pais que a expulsou e para o bem do que a acolheu.

    Adenda 9.1.06
    O João reparou que o meu post omite que ela era judia. É verdade. Inconscientemente e possivelmente sem razão, dei por adquirido que todo o leitor sabia/percebia que a referida fuga para Portugal era a fuga aos campos do extermínio.
    Aproveito para dizer mais umas frases sobre o livro que eu lhe li:
    O mundo em que eu vivi não nos fala da tortura, das câmaras de gás e dos fornos, fala nos da vida normal, mostra como a jovem Ilse e os outros judeus, cidadãos alemães normais, pouco a pouco foram destituidos desta qualidade, começando pela primeiro pequena e depois cada vez maior discriminação e humiliação, tornando a vida cada vez mais difícil até que a pura sobrevivência deixou de ser possível. Tudo isto num ambiente de aparente normalidade, em que continua a haver as mesmas ruas, os mesmos elêctricos, casas, cafés, só que estas deixaram de estar disponível para eles, os judeus. E continuava a haver as mesmas pessoas, que pouco a pouco deixavam de estar disponível também.
    É isto que torna o livro tão pedagógico: Ninguém se imagina num campo de concentração, mas com a Ilse Losa e com os seus concidadãos alemães (que o deixaram de ser) não é difícil de se identificar.
    Com o que sabemos hoje: Quando e o que é que teríamos, o que é que podiamos ter feito para evitar o inferno? Porque deveriamos tê-lo feito, em todo o caso, mesmo se tivesse sido impossível, disto hoje não há dúvida.

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