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29.6.08
Usted se merece. Mulheres alemãs, fidelidade alemã, vinho alemão e canto alemão devem manter no mundo o seu belo velho som e inspira-nos a vida toda para feito nobre e bom. Mulheres alemãs, fidelidade alemã, vinho alemão e canto alemão. (2ª estrofe do hino "Deutschland Deutschland über alles!") 28.6.08
Ha dias comprei o livro do Filipe, Educação para a Morte, na FNAC do Colombo. Depois de o terem procurado, durante vinte minutos e em vão, no departamento da Esotérica, encontraram-no no armazém geral. O Ártico ainda não leu João Miranda
E insiste em derreter ainda mais rápido do que nas piores previsões. Este verão, pela primeira vez desde que há história, o Polo Norte poderá estar livre de gelo. Mädchen (Emil Nolde) Sei que todos vos estão a torcer, não pela vitória da Espanha mas pela derrota da Alemanha. Está nas entrelinhas em cada jornal, em cada reportagem televisiva, e embora em conversa alguns de vocês ainda mostram alguma delicadeza na forma como o admitem, não tenho ilusões. Sei: salvo os meus filhos, nenhum português que conheço torce pela Alemanha. Antes do nosso jogo contra a Áustria, que tínhamos de ganhar para não sermos eliminados, um amigo meu, portuga, informou-me que torcia pela Áustria. Só para ver a Alemanha eliminada. Quando lhe lembrei que já nem passámos da fase dos grupos em 2000 e 2004, deixou-se de rodeios. Que desculpasse, mas ver Alemanha perder nunca seria demais! De facto, tão habituado a generosos exercícios de dissimulação, quando a nossa irritante supremacia está em questão, desculpei-o logo. Fique o amigo perdoado. Vocês estão perdoados também. Mas em contrapartida decidi, desta vez, dispensar-me do exercício hipócrita de humildade e assumir plenamente também os meus sentimentos atávicos. Quando amanhã seremos novamente Campeões da Europa e a nossa Mannschaft terá feito o seu dever - não mais do que o seu dever - e evidenciado mais uma vez a superioridade alemã, isso irritar-vos-á solenemente. Porque não já hoje irritar-vos também com a arrogância que alegadamente tanto caracteriza a minha nação e a minha gente? Tentar, através do próprio exemplo, contrariar os clichés que se nutrem sobre os alemães, dá trabalho e é sempre um exercício inglório, e nestes dias falta-me a pachorra. Somos fortes, eficientes, arrogantes? - Somos. Tomem-lá! Somos feios e pouco elegantes? Se o achem... Havemos de viver com isso. Aturar a inveja é o preço que o melhor tem de pagar. Não custa muito. 19.6.08
Júpiter, sob aspecto de Diana, seduz Calisto (Gerrit van Honthorst) 17.6.08
«Qual será a versão musical de Pedro Abrunhosa para a actual crise económica, dedicada aos novos buzinões. Talvez fugir?» (Paulo Pinto Mascarenhas) Goste ou não do actual Primeiro Ministro, alguém no seu pleno juízo poderá imaginar, sem angústia, que Sócrates seguisse ao exemplo de Guterres e Durão, e abandonasse o barco agora? 16.6.08
Novo e recomendável: caminhos da memória
14.6.08
Der Sieger (Max Slevogt) Depois do chumbo que a constituição disfarçada de tratado levou dos irlandeses, há quem propõe uma refundação da União Europeia. Acho uma óptima ideia! A forma como se tentou, depois da rejeição da constituição pelos franceses e holandeses, fazer passá-la, nega todos os nobres objectivos de maior eficácia democrática. Certamente não pode ser solução que sempre quando uma decisão encontra resistência de um ou mais dos membros, ela será reformulada e re-apresentada até passar, ou pelo desgaste dos opositores, ou por estar de tal forma esvaziada que já não interessa ser rejeitada nem aplicada. Devemos agradecer aos irlandeses ter nos dado, em cima da hora, talvez a última oportunidade para colmatar a ineficiência e o défice democrático da União. Proponho criar uma Assembleia Constituinte, ocupada de forma proporcional por representantes de cada país membro, que elabore a constituição, não mais complicada nem menos clara do que outras constituições de outros países. Uma que dote instituições comuns com poderes verdadeiros, sujeitos ao escrutínio directo de todos os eleitores comunitários. Depois, cada país a referende, com o efeito de quem a rejeitasse, ficaria fora. Ponto final. Poderia continuar associado à nova UE de forma privilegiada, usar o Euro, participar no espaço Schengen sem barreiras comerciais, mas ficaria fora dos processos de decisão política. Desta refundação, sair-se-ia uma União provavelmente mais pequena, mas mais coesa, mais democrática, mais eficaz e mais forte no plano internacional. E criar-se-ia uma base que poderia evoluir para uns Estados Unidos de Europa, sem sacrifício de democracia. 12.6.08
«Os jornais trazem todos os dias histórias que me fazem rir da coisa humana. Outras que me deixam triste (cada vez menos... uma pessoa habitua-se). E outras, cada vez mais raras, que ainda me fazem acreditar que vale a pena continuar do lado humano da animalidade. Esta semana, num condomínio de luxo do Porto, um homem de 70 anos matou a mulher, 68 e com doença terminal, e suicidou-se a seguir. É isto.» (JMF) E quem ache que isto é um post triste, just doesn't get it. Exemplar o post e as explicações nos comentários de Rui Bebiano sobre a gaffe de Cavaco Silva, referindo a "raça" portuguesa. Não só concordo com a sua interpretação do acontecimento, o que acho exemplar é o bom senso e a falta de histeria com que trata do assunto, ao contrário de muitos críticos e defensores do discurso do Presidente. Uma gaffe revela o inconsciente de quem a comete. Mas é injusto e hipócrita extrapolar do vislumbre que uma gaffe permite, uma leitura daquilo que a pessoa "verdadeiramente" pensa e sente. Para além do lapsus linguae genuino, ninguém é coerente até ao ponto de que não tenha sentimentos e ideias contraditórias, inclusive algumas de que genuinamente desaprova. Claro que, como o Rui bem assinala, não se pode saber ao certo onde acaba uma gaffe e começa uma convicção séria, que escapa de um disfarce conscientemente mantido. E também gaffes têm preços políticos que podem ser elevados e inevitáveis. Os políticos alemães da pós-guerra o digam. Lembro-me de um presidente do parlamento alemão, Philipp Jenninger, insuspeito de qualquer simpatia com o nazismo, que referiu no discurso na ocasião do 50º aniversário do pogrom do 9 de Novembro de 1938, o "Faszinosum" (objecto fascinante) que foi o nazismo. O homem foi vilipendiado e obrigado a não renovar o seu mandato que estava prestes a terminar. No ano seguinte, na ocasião do 51º aniversário da "Kristallnacht", o então presidente da comunidade judaica na Alemanha, Ignaz Bubis, fez no mesmo lugar um discurso em que integrou trechos inalterados do discurso de Jenninger, sem que alguém se incomodava. Fê-lo para demonstrar como aspectos alheios ao próprio texto têm um peso derterminante na sua recepção. Por receios destes, ainda não comentei até hoje esta gaffe de Cavaco, mas faço o agora: Imaginem os efeitos que tivessem tido palavras semelhantes pronunciadas pela Angela Merkel... 11.6.08
Party (Josef Breitenbach) 9.6.08
Miroslav Klose e Lukas Podolski nasceram na Polónia, mas jogam hoje na equipa nacional de Alemanha. Porquê? Ambos são oriundos da Silésia, território alemão até 1945, quando os aliados decidiram oferecer esta região à Polónia restabelecida, em compensação pelos territórios que a URSS anexou em 1939, na sequência do Pacto Hitler-Estaline, mas ao contrário da metade anexada pela Alemanha, não devolveu. No famoso tratado de 1970, Willy Brandt aceitou em nome da Alemanha - e bem - a irreversibilidade destas novas fronteiras. É pouco conhecido fora da Alemanha que este redesenhar das fronteiras levou a uma limpeza étnica com 14 milhões de deslocados e ca. de 2 milhões de mortos civis alemães. Mesmo assim, uma minoria de alemães conseguiu ficar, e desta são as famílias de Klose e Podolski. A Alemanha (RFA) assumiu e assume que qualquer pessoa de ascendência alemã, quer que onde viva ou nasceu, tenha direito à nacionalidade alemã. Ao abrigo deste regime, e quando isto foi possível na sequência de um entendimento entre Alemanha e Polónia - houve um entendimento semelhante com a então URSS -, os pais de Klose e Podolski emigraram para Alemanha. Klose tinha oito anos, quando chegou a Alemanha em 1986, Podolski dois, quando chegou em 1985. 4.6.08
A parte sobre as FARC. Há pessoas tão generosas que até são generosas com a vida dos outros. Pastorela russa (Konstantin Andreievich Somov) 2.6.08
«[...]e dentro de pouco o professor Marcelo (insisto, que um dia quis ser primeiro-ministro, imagine-se) irá dizer-nos, preocupado, que o avião está a rolar tempo demais, a custar-lhe descolar, e repete-o, provocando-nos um pequeno frissonzito, “deus queira que tudo corra bem” pensará a pátria, e assim correu, vá lá, lá seguiram eles.[...]» Raras vezes a minha estima por este país que tão simpaticamente me acolheu, desce mais baixo do que em momentos como este. Preferia passar um dia 1. com Manuela Ferreira Leite 2. com Amy Winehouse 3. com a Selecção? 1.6.08
Francisco José Viegas reparou em que Pacheco Pereira assinalou a vitória de Manuela Ferreira Leite com um cesto de flores murchas. «(…) Nunca imaginei que trinta e quatro anos depois da festa da liberdade, tanta gente vivesse tolhida pelo medo. Medo de tudo e medo de nada. Do chefe, do presidente da câmara, do Estado, do SIS, da ASAE, do fisco, enfim, de tudo o que mexe. Medo de represálias, de vinganças, de negócios perdidos, de oportunidades goradas. Medo de falar ao telefone e ser escutado, medo de servir alheiras e ser multado. Medo atrás de medo. Este é um medo que nos paralisa; um medo que nos descaracteriza. Curiosamente, esta expressão é inversamente proporcional à dimensão do sítio – quanto mais pequeno o lugar, mais evidente o medo – e directamente proporcional à formação dos visados – quanto mais diferenciada a pessoa, maior o medo.(…) Ao contrário, quem reage contra o medo, sacode-o e fá-lo recuar. Quase sempre, quem gera medo é cobarde quando enfrentado. Por isso, os portugueses precisam de reencontrar coragem para levantar a cabeça e não se deixarem atemorizar. A nossa liberdade – política, religiosa, cultural - não pode ser fechada numa caixa, que ainda que tenha paredes invisíveis, não deixa de ser profundamente claustrofóbica.» Rui Cerdeira Branco citando Rui Marques, a propósito da experiência de criação de um novo partido e da recente viagem a Portugal continental que tem desenvolvido nas últimas semanas. Não é que vaticino grande futuro ao MEP, ao que o Rui aderiu com louvável optimismo. Embora participei na troça sobre a infeliz forma, como o movimento definiu o seu posicionamento na paisagem política portuguesa - "entre PS e PSD" - compreendo e estimo o propósito: nem a esquerda nem a direita, mas sem o clientelismo do "centrão". Impossível, dirão todos, digo eu. Mas também é verdade que as mudanças políticas necessárias, as que foram alcançadas, sempre começaram por serem consideradas como "impossível". Por isso, um abraço ao Rui e um sincero desejo de boa sorte. |
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