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  • 1.6.08
    Medo

    «(…) Nunca imaginei que trinta e quatro anos depois da festa da liberdade, tanta gente vivesse tolhida pelo medo. Medo de tudo e medo de nada. Do chefe, do presidente da câmara, do Estado, do SIS, da ASAE, do fisco, enfim, de tudo o que mexe. Medo de represálias, de vinganças, de negócios perdidos, de oportunidades goradas. Medo de falar ao telefone e ser escutado, medo de servir alheiras e ser multado. Medo atrás de medo. Este é um medo que nos paralisa; um medo que nos descaracteriza. Curiosamente, esta expressão é inversamente proporcional à dimensão do sítio – quanto mais pequeno o lugar, mais evidente o medo – e directamente proporcional à formação dos visados – quanto mais diferenciada a pessoa, maior o medo.(…)
    Ao contrário, quem reage contra o medo, sacode-o e fá-lo recuar. Quase sempre, quem gera medo é cobarde quando enfrentado. Por isso, os portugueses precisam de reencontrar coragem para levantar a cabeça e não se deixarem atemorizar. A nossa liberdade – política, religiosa, cultural - não pode ser fechada numa caixa, que ainda que tenha paredes invisíveis, não deixa de ser profundamente claustrofóbica.»

    Rui Cerdeira Branco citando Rui Marques, a propósito da experiência de criação de um novo partido e da recente viagem a Portugal continental que tem desenvolvido nas últimas semanas.

    Não é que vaticino grande futuro ao MEP, ao que o Rui aderiu com louvável optimismo. Embora participei na troça sobre a infeliz forma, como o movimento definiu o seu posicionamento na paisagem política portuguesa - "entre PS e PSD" - compreendo e estimo o propósito: nem a esquerda nem a direita, mas sem o clientelismo do "centrão". Impossível, dirão todos, digo eu. Mas também é verdade que as mudanças políticas necessárias, as que foram alcançadas, sempre começaram por serem consideradas como "impossível". Por isso, um abraço ao Rui e um sincero desejo de boa sorte.

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