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  • 31.3.08
    A verdade da escrita

    Tive em tempos um trabalho onde a comunicação com o cliente, uma instituição pública, era essencialmente por escrito. Concluído ou revisto uma fase, enviava os elementos, e o funcionário responsável pelo meu projecto fazia a análise, apontava erros e omissões e solicitava alterações. Um procedimento normal. Anormal era a extraordinária má-criação dos seus comentários. Os reparos, uns mais, outros menos acertados do ponto de vista técnico, vieram impregnados de uma raiva profunda contra o autor do projecto, a sua incompetência e a sua má-fé. Não se deu o trabalho de escondê-la. Pelo contrário, o insulto era servido com prazer ostensivo, propositadamente mal disfarçado, e como prova da educação do autor das críticas servia apenas o uso correcto e elaborado da língua portuguesa.
    Quando chegou a altura para uma reunião, preparei-me por isso antes para não perder a contenance. Não costumo perdê-la, mas no caso havia esse risco. E os meus sócios lembravam-me o que também sabia, que isso não nos trazia vantagens.
    Ao vivo, o homem abominável porém revelou-se a delicadeza em pessoa. Preocupado com o meu conforto, pediu desculpas pelo mau funcionamento do ar condicionado, ofereceu em alternativa água, chá e café, e iniciou a reunião com um agradável smalltalk sobre o trânsito, o tempo e outras vicissitudes da vida quotidiana.
    Quando discutimos o projecto, repetiu exactamente o que defendera no parecer, mas com civilidade e sem uma única vez escolher uma formulação que poderia ter-me dado razão para me sentir ofendido. Não propriamente rendido ao homem, mas intrigado e antes de mais aliviado saí da reunião. Pelo menos a partir daí, as coisas iriam melhorar.
    Engano. O próximo parecer era tão intragável como o primeiro.
    30.3.08
    Alerta, possivelmente tarde demais

    Ó JPT, tem cuidado!
    28.3.08
    A ler

    Sobre o assunto do meu post anterior e não só, a opinião do JPT, um cientista social da direita.
    27.3.08
    As ciências detestáveis

    O vídeo do telemóvel foi uma boa oportunidade para confirmar o ódio que muitos têm à racionalidade na abordagem do comportamento humano. Às ciências da sociologia, da psicologia e da pedagogia. Não interessa quais as teorias, o mal é que existem.
    O odioso destas ciências é que se propõem a questionar o que os opinadores - de quem o João Gonçalves não é o único, mas o exemplo mais acabado - sabem como tão certo que dispensam de argumentos. E não só porque tornam complicado o que é supostamente simples. Ainda por cima servem para detectar outras coisas inconvenientes: como o ressentimento e a agressividade latente podem influenciar o raciocínio e preconceitos propiciar uma memória selectiva.
    26.3.08
    A mentefacção e a mentecaptura

    Já não queria voltar à história do vídeo, mas este post merece ser citado:

    «Imaginemos agora que o Ministério da Educação era tripulado por pessoas sérias e competentes; imaginemos ainda que todos os professores eram excelentes e todos os programas magníficos. Eis a máquina ideal? Quereria isto dizer que teríamos perfeitos enchidos à saída?
    Desçamos à realidade, se os caros avestruzes não se importam.
    Dum lado, em representação da máquina de ensino, o senhor professor recomenda aos alunos que se abstenham ou moderem no uso convulsivo do telemóvel (por piedade, só falarei deste onto-gadget); do outro, incontáveis canais de televisão, produtores e argumentistas de telenovela, agitadores publicitários aos gritos instigam, instilam e trabalham em permanência - na memória, no subconsciente, na gana, no puré caleidoscópico que faz as vezes de mente do mamífero estudante - imperativos categóricos do estilo: "telefona!, joga!, comunica!, troca mensagens!, concorre!, fotografa!, aproveita!, ganha!, não percas esta oportunidade!, tecla!, retecla!, prime!, consome!, gasta!, compra!, chateia o teu pai!, ensina o teu pai!, fala já à tua namorada!, palra!, grulha!, trina!, gargareja!, mostra o teu temóvel!, passeia o teu telemóvel!, alimenta o teu telemóvel!, pilota o teu telemóvel!, muda o toque do teu telemóvel!, toca píveas no telemóvel!", etc, etc, etc. Pois bem, ó caras aves corredoras, o que é que acham que vai prevalecer? O apelo à contenção, à disciplina do mestre-escola, ou o mandamento ao frenesim epiléptico, ao ceva-bofe dos tele-mestres? Não é elucidativo, a esse respeito, o tal vídeo?...»

    Continuem a ler o resto no Dragoscópio
    25.3.08

    Girl
    (Kees van Dongen)
    Educar o filho

    O Vicente que anda no terceiro ano, soube agora que os planetas são nomeados a partir dos deuses romanos. Já lhe disseram que o Júpiter é o chefe máximo, agora quis saber dos outros, de Mercúrio, Vénus, Marte, Saturno, Urano, Neptuno, Plutão. Contei-lhe. E ele ouviu com toda a naturalidade, nem um nadinha chocado com os pormenores desta história de família. Insistiu mesmo que os repetisse, até os ter compreendido e memorizado.

    Agora pode contar aos seus colegas no recreio que antes de Júpiter reinava o Saturno, o seu pai, e antes dele o pai deste, Urano. Que Saturno derrubou o seu pai, lhe cortou os testículos, e estes caíram no mar e do seu esperma misturado com a água nasceu Vénus, a deusa do amor. Que Saturno depois casou com a sua irmã, Reia, com quem teve seis filhos. Mas que por medo de lhe poder acontecer algo semelhante como ao seu pai, os comia todos, um a um, até Reia conseguir salvar o sexto, Júpiter, dando de comer ao marido em vez do filho uma pedra embrulhada em fraldas. E como Júpiter de facto voltou da ilha de Creta, onde crescera às escondidas do pai, e o venceu e obrigou a vomitar os seus irmãos Juno, Plutão, Ceres, Neptuno e Vesta. Que depois tomou a irmã Juno como mulher, teve muitos filhos com ela, e também com as suas muitas namoradas, ou antes não namoradas, mas mulheres que violou.

    Voltará a querer saber mais coisas, e cá estarei para lhas contar.

    Tiago Barbosa Ribeiro sobre "experientalismos", "eduquês" e "autoridade". - Brilhante!
    24.3.08
    Uma adição muito atrasada

    Do Fim de Semana Alucinante de António P., blogoamigo de longa data, grande sensatez e sempre impecáveis maneiras.
    Um liberal a sério
    Serenidade?

    É preocupante que um dos mais eminentes constitucionalistas do país defende punições exemplares e vê no comportamento da aluna da Carolina Michaëlis um caso de delinquência juvenil.
    Pacheco Pereira

    ...está a esforçar-se para deixar de ser levado a sério.
    Agora algo realmente grave:

    Parece que o Kinja se finou!
    22.3.08
    No meu tempo

    Há dias recebi um convite dos colegas para participar no 30º aniversário do fim do nosso ano de liceu. Não poderei participar, mas sei quem lá encontraria: senhores e senhoras de meia idade, pais e mães de família, empresários, quadros superiores, médicos, advogados, arquitectos, certamente também alguns "falhados".
    Frequentei o liceu numa cidade de província, uma escola pública. A escola, sem ser de elite, tinha uma boa reputação. O director era um padre jesuíta, muito respeitado dentro e fora da escola e, por nós, também temido. A maioria dos outros professores também não tinha problemas maiores de disciplina.
    Mas havia as aulas de educação visual, em que jogámos às cartas, o que a professora fingiu não ver. As aulas de latim, dadas pelo Dr. S., de quem me lembro hoje com respeito e carinho: era um senhor perto da idade de reforma, tão delicado que quando nos cruzávamos com ele na rua, levantava mesmo para nós adolescentes o chapeu, gesto já na altura antiquado. Isso não impediu que, quando nos virava as costas na aula, lhe atirávamos com bolinhas de papel.
    E havia a professora de inglês, Mrs. T., que recentemente tinha enviuvado, o que poderá ter contribuído pela sua incapacidade de impor disciplina nas suas aulas. Lembro-me de uma em especial. Alguém tinha trazido uma bola de futebol para a sala, e a professora teve a triste ideia de tentar confiscá-la. Durante minutos, a bola voava de um para outro, para o gáudio de todos. Continuava a voar ainda algum tempo, mesmo depois de ela ter desistido e ter voltado a debitar a matéria, que nós ignorávamos como ela então ignorava a bola.

    O que distingue o nosso caso de 1974 do da Carolina Michaëlis é que não tínhamos como gravar e colocar o espectáculo no Youtube.

    Etiquetas:

    20.3.08
    Sobre o vídeo da briga entre aluna e professora

    ...um excelente post de Daniel Oliveira e uma igualmente excelente discussão nos comentários. A milhas da conversa tristemente pobre dos a quem não ocorreu mais do que lamentar a indisciplina dos nossos dias.

    Só uma nota: Embora que seja muito bom que o vimos para poder discutir um problema sério, este vídeo nunca deveria ter sido publicado e, naturalmente, tampouco gravado.

    Adenda 22.3.08:
    A ler também: este post do José Luiz Sarmento e este outro do Daniel Oliveira.


    Enquanto oiço, de "Kommt ihr Töchter..." até "...schlummern da die Augen ein", tudo é verdade. Tal e qual. Durante estas três horas, acredito. Foi assim. Necessariamente assim.
    19.3.08
    A frouxa condenação

    Vejo alguns bloguistas identificar uma especial falta de comparência da esquerda na condenação da China e a atribuí-la a motivos ideológicos. A acusação porém é algo tímida, e com razão. Ao contrário do que acontece - graças ao ainda não finado PC - com Cuba ou Coreia de Norte, não vislumbro ninguém que vê na China de hoje uma referência do que resta das suas ideologias de outrora.

    A tibieza da condenação é indesmentível, só que ela atravessa todo o espectro político. Ela é atribuível ao facto de o caso não se prestar ao habitual combate ideológico. Como por cá ninguém se entusiasma com o modelo da China, também ninguém o teme.
    Por outro lado tememos, sim, a China.

    P.S.: Hoje, 19 de Março, a partir das 18.30, vai realizar-se uma vigília diante da embaixada da China. (Rua S. Caetano, 2 - Lapa)
    O Tibete

    «Para além de um imenso mercado e de uma potência económica e militar, a China combina uma ditadura do Partido Comunista, sem liberdades políticas, com uma espécie de capitalismo selvagem, sem direitos laborais nem respeito pelo ambiente. O pior de dois mundos, portanto. Mas, desse modo, consegue o apoio dos capitalistas, que não se importam com a ditadura do PCC, e o apoio dos comunistas, que fingem não ver o capitalismo selvagem.
    O Tibete é a vítima dessa ambivalente conspiração de silêncio. Imaginem que a repressão que ocorre lá neste momento tinha lugar noutro lado? Não foi a Sérvia massacrada pela Nato por causa da repressão no Kosovo? Não verbera a esquerda comunista a repressão dos curdos na Turquia? Qual é a diferença do Tibete!?»

    (Vital Moreira)

    The photographer's bride
    (Steve Diet Goedde)
    18.3.08
    House

    Sem menosprezo pela admirável encarnação que Hugh Laurie faz da personagem, o que torna House irresistível é a sua liberdade. A liberdade mais aliciante: a que não é de todos.
    As regras que desrespeita, achamos bem que as há: da hierarquia no trabalho, dos procedimentos administrativos, as elementares do convívio humano. Ele, quando quer, viola-as. E continua impune, odiado mas admirado.
    Todos gostaríamos de ser House.
    17.3.08
    Problemas de denominação

    Não houve guerra do Iraque, diz o Filipe. Uma deposição rápida de um ditador seguida por uma resistência financiada por países vizinhos não merece este nome. Como não foi uma catástrofe natural, chamamo-lo então terrorismo, Filipe?
    O Iraque não está em guerra, é sim um país flagelado pelo terrorismo, com 150.000 vítimas mortais, 4 milhões de deslocados, 60.000 terroristas presos.
    Se o Iraque fosse os EUA... mas não é. Se fosse os EUA, seria diferente. Se fosse os EUA, 3.000 vítimas de um ataque isolado bastassem para se poder considerar, justamente, em guerra. Mas, como já dissemos, o Iraque não é os EUA.
    16.3.08
    15.3.08
    Umas ideias para o governo...
    Cães

    Quem se irrita ou assusta com os cães, se lembre de que o mal sempre está na ponta superior da trela.
    Que vão bugiar!

    A proposta de lei sobre os piercings reúne o mais detestável no PS: o paternalismo arrogante de querer regulamentar a vida privada das pessoas, o desprezo pelo tempo e o dinheiro dos contribuintes, que significa a burocracia necessária para implementar esta lei, acrescentado aqui pela total ausência da noção de que é importante e o que não é.
    14.3.08

    Tibet. China. A longa marcha até a liberdade ainda está por fazer.
    Adições
    As setas

    A origem das três setas no antigo símbolo do PSD é um facto interessante, mas totalmente irrelevante para a discussão dos problemas do PSD. O Tiago Barbosa Ribeiro já disse o que havia de dizer sobre isto.
    Educação na Alemanha

    Numa excelente série de posts no Dois Dedos de Conversa a Helena fala da Escola na Alemanha. Vale muito a pena ler, embora seja também penoso. Apetece dizer «os vossos problemas gostaríamos ter!» ou, mais correctamente, «a vossa abordagem das problemas gostaríamos ter!». Mas para isso seria preciso ter uma sociedade civil.
    13.3.08
    Making things right again

    A demissão do Governador de Nova Iorque por ter contratado os serviços de uma prostituta, tem me levado a tentar perceber porque na América um político num caso destes cai e na Europa não.
    A questão, antes de ser legal, é política, e antes de ser política, social, ou seja, uma questão dos costumes. Do domínio do que se faz e do que não se faz numa situação destas. Isto é tanto mais claro como a demissão não é a única consequência que Eliot Spitzer, à semelhança de outros antes, entendeu dever tirar.
    Os costumes exigiram-lhe não só a demissão, mas que a consuma através de um mea culpa público e - o mais estranho de tudo - que à essa humilhação à frente das câmaras da nação se submeta também a sua mulher.

    Porquê o casal Spitzer o faz? - A resposta óbvia, como contenção dos danos para a carreira política do ex-governador, não me satisfaz. Pode soar ingénuo, mas penso que entre outros motivos existe um que é não desprezível: Eles acham - toda a gente acha - que isso é the right thing to do nestas circunstâncias.

    O mea culpa público é um ritual de expiação, na melhor tradição evangélica, não perante Deus (perante Ele estamos perdidos ou justificados, faremos o que for), mas perante a sociedade. É um ritual de reafirmação do código moral vigente, dos valores que foram postos em causa pela infracção do homem. Assim está também explicada a importância da participação da mulher. Não é que se lhe atribua qualquer culpa neste drama, mas ela é indispensável para o ensaio da reparação da ordem. O pecador arrependido volta para o seio da família, e a família está lá para o acolher.

    Porquê este ritual parece tão natural aos americanos e tão dispensável, ou até abjecto, à maioria de nós europeus, tem uma explicação histórica e sociológica. A jovem e plural sociedade americana depende mais do que as europeias, que têm instituições e costumes milenares, do exemplo vivo das suas comunidades. E um político nos EUA, um detentor de um cargo público, é muito mais do que aqui o seu representante, a quem esta confiou o cargo e a quem exige não só que o exerce bem, mas também e antes de mais que continue a representá-la! Notem: não falo dos interesses que deve representar, mas da própria comunidade. É lhe exigido que seja um exemplo. Por ser um exemplo, ou ter pretendido com sucesso de ser um membro exemplar da sua comunidade, chegou onde chegou. Se falhou a ser exemplo, perdeu a legitimidade.
    Ora bem, por cá, quem quer saber da vida privada de um político, para além da habitual cusquice alimentada pelas media? Queremos, antes de mais, que ele faça o seu trabalho bem, e se lhe exigimos que seja honesto, fazemo-lo porque não queremos que nos engane no âmbito do seu ofício. Mas não porque queremos poder rever-nos nele.
    12.3.08

    Mulher jovem com cabelo comprido
    (Kees van Dongen)
    11.3.08
    Um banana

    É o que é o António Costa. Então este homem (?), número dois do PS e Presidente de Câmara de Lisboa, tem tão pouca mão na sua mulher que ela se atreve manifestar-se contra a política do seu partido?
    Ainda bem que o nosso jornal de referência dá o devido destaque a essa vergonha.
    9.3.08
    Determinação não chega

    Não há dúvida que a ministra de educação e com ela o governo têm cometido um erro muito grave. A manifestação de dois terços dos professores no Sábado mostra que para implementar reformas contra fortes resistências dos habituados ao status quo, não basta ser corajoso e estar determinado, nem quando se tem a maioria absoluta. Nem basta ter razão. Para além de não ter a razão toda no conteúdo, é hoje claro que não teve nenhuma na forma da sua implementação. Muitos erros poderiam ter sido evitado, através de uma pormenorização mais cautelosa e um timing prudente, como proposto pelo Afonso Mesquita. Mas mesmo se todos esses erros tivessem sido evitados, tenho para mim que a contestação por parte dos professores teria sido enorme. Porque é um facto que ela visa retirar privilégios à generalidade dos professores, com a contrapartida da promessa de melhores condições de progresso na carreira para poucos. É seguro presumir que a maioria dos professores, tal como qualquer outro grupo de pessoas, optaria pelo conhecido, que é seguro, do que pelo desconhecido que comporta riscos. E o benefício global de uma escola menos disfuncional que se reflectiria entre outro também em melhores condições de trabalho e resultados mais gratificantes, esse está demasiado longe da vista.
    8.3.08
    Têm medo de voar?



    Tentativa de aterragem de uma máquina da Lufthansa em Hamburgo durante a tempestade Emma.
    7.3.08
    Motivo de orgulho em ser alemão: isto

    Como o post anterior, sobre a relação entre policia e manifestantes.
    O princípio da presunção da má fé

    A indignação sobre as diligências da PSP para prever a adesão à greve dos professores é exemplar para o gosto que se tem aqui pelas teorias de conspiração.
    Impensável que os polícias só fizeram o seu trabalho, assegurar a ordem pública e a segurança no dia das manifestações. Não, só um ingénuo ou um aliado da conspiração do governo pode ignorar ou fingir ignorar que se trata de uma manobra de intimidação, senão pior, de uma preparação para dificultar a manifestação ou até de retaliações futuras.
    O pior insulto que se teme em Portugal é ser chamado ingénuo. Mal! Eu sou um adepto militante da ingenuidade. De levar as coisas pelo que pretendem ser e o que devem ser. Se depois não o são - então sim, é hora para responder, lutar. Mas antes ignoro intimidações, mesmo se tiver razões para suspeitar que foram intencionais.
    Intimidação só há para quem se deixa intimidar.
    5.3.08

    Ema nackt auf Treppe
    (Gerhard Richter)
    4.3.08
    Votos de sucesso para a reforma do ensino

    Há dias que mastigo num post sobre a guerra da reforma do ensino. Aproveito agora este comentário de Luis Lavoura a um post do João Pinto e Castro no 5 dias, para dizer o que acho:

    «A ministra é inábil, não sabe comunicar, não revela capacidade de diálogo, manifesta crispação, é teimosa, e tem tiques autoritários.
    Não obstante, ela tem razão nas reformas que pretende levar a cabo - embora nem sempre faça as melhores opções práticas, ou seja, necessite de correções e melhoramentos.
    E, apesar de todos esses defeitos da ministra, os defeitos dos sindicatos dos professores são muitíssimo piores. Os sindicatos são reacionários, anti-progressistas, corporativos, conservadores, e demagógicos. São incomparavelmente piores do que a ministra.»

    O pior que podia acontecer ao ensino público em Portugal seria o fracasso desta reforma. Seria, para pelo menos mais uma década, a continuação do actual estado das coisas.
    3.3.08

    O Ma-Blog, uma iniciativa louvável de José Pimentel Teixeira e Paulo Querido, é uma lista actualizada de blogues moçambicanos e de blogues sobre Moçambique.
    Juízo

    Quando nos ensinaram moral e as regras da sociedade, de como nos devemos comportar enquanto cidadãos e qual a função das instituições, ninguém nos avisou do monumental falhanço que a implementação destes ensinamentos sofreu no passado. Deixaram-nos descobrir sozinhos, com maior ou menor alívio da própria consciência, que esse fracasso é antigo, omnipresente e universal. As pessoas não deviam ser egoísta mas são, não deviam mentir mas mentem, e aquele que tem sucesso tem-no porque não leva as regras demasiado à letra.
    Deixaram-nos descobrir também, por nossa própria conta e com ajuda da comunicação social, que a ordem da sociedade e as suas instituições, cuja importância nos exaltaram, estão longe de estarem perfeitas e que os seus agentes, os quais nos ensinaram olhar com respeito, são tão negligentes e incompetentes como nós mortais comuns. E assim percebemos que a justiça nem sempre é justiça e a liberdade não é bem a liberdade.

    Tudo isso é tão normal que nós, adultos, já mal reparamos nisso. Continuamos a afirmar os valores porque é importante afirmá-los. A parte disso, temos juízo e agimos de acordo com a realidade.

    Que não há valores que resistem se não agirmos como se fossem válidos, que de nada servem as instituições se não agirmos como se servissem para alguma coisa, que não há liberdade se não a exercemos, assumindo os riscos, os dissabores e os fracassos que isso poderá causar, disso lembramo-nos, quando muito, nos Domingos. Nos dias úteis temos juízo.

    Em Portugal, quer me parecer, temos mesmo muito juízo. Demais.

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