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  • 30.6.05
    A destreza das dúvidas

    Agora que está de volta, vou linquá-lo.*

    (* Isto dá gozo: aprender português!)
    Sobre as consequências psico-sociais da 1ª Guerra Mundial

    Anteontem deu-se o aniversario, como alguns bloguistas me lembraram, do assassinato do Príncipe Franz Ferdinand da Austria, no 28.6.1014 em Sarajewo, que despoletou a eclosão da 1ª Guerra Mundial. Sobre o contexto e nomeadamente as consequências psico-sociais fala este trecho da Crítica da Razão Cínica de Peter Sloterdijk:

    "O historiador sabe que a história política não pode ser o lugar da felicidade humana. Mas se alguém quisesse perguntar, mesmo assim, quando no nosso século [XX] tocou a hora mais feliz dos povos europeus, a resposta nos colocaria num embaraço. No entanto os sinais e os documentos falam por si. Estamos, no primeiro momento, sem resposta perante o fenómeno do Agosto 1914: O que os povos que entravam na guerra viveram na altura, os historiadores chamam, envergonhadamente, "psicose de guerra". Se olhamos mais de perto, tratava-se de tempestades emocionais indescritíveis, que se apoderavam das massas, de explosões de júbilo e da comoção nacional, do prazer no medo e da êxtase com o destino. Eram momentos incomparáveis da ênfase e da premonição da vida; a palavra da época era uma de embriagues: Finalmente chegou a hora. As massas também sentiam medo, é verdade, mas antes de mais um sentimento de partida para algo, de que se esperava "vida". Os lemas eram rejuvenescimento, prova, banho de limpeza, cura de despoluição. No primeiro ano, a guerra foi feita por exércitos de voluntários, ninguém tinha de ser obrigado para ir a frente do combate. A catástrofe aliciou a juventude do império de Wilhelm II. Quando aconteceu, as pessoas se reconheceram nela e aperceberam-se que tinham estado a espera dela.
    Agora, não há a menor razão para acreditar, que as pessoas de então terem sido tão inteiramente diferente das de hoje. Só a arrogância podia convencer-se, que nós seríamos, nas coisas existencialmente determinantes, mais inteligentes do que estes voluntários de Langemarck que se atiraram pateticamente aos milhares para o fogo das metralhadoras. A diferença consiste somente em que nas gerações posteriores os mecanismos psicológicos funcionarem de forma mais oculta. Por isso nós estamos, no primeiro momento, tão perplexos perante o facto de que os processos se desenrolaram, na altura, na superfície, de forma tão ingénua e desinibida.
    O que os entusiasmados com a guerra julgavam sentir era a diferença qualitativa entre o provisório e a decisão, entre o calor sufocante e a clarificação, com uma palavra, a diferença entre a vida imprópria [uneigentlich] e a vida própria [eigentlich]. Ainda depois da guerra atravessava a literatura proto-fascista a conversa da "luta como experiência interior". Na guerra, sentiam os homens do Agosto 1914, finalmente algo "contava", para qual a existência valia a pena.

    A Primeira Guerra Mundial significa um ponto de viragem no cinismo moderno. Com ele começa a fase quente da desintegração de ingenuidades velhas – como aquela sobre a essência da guerra, a essência da ordem social, do progresso, dos valores burgueses, sim, da própria civilização burguesa. Desde daquela guerra o clima difusamente esquizoido, que paira sobre as potências principais europeias, nunca mais se esvaneceu. Quem fala, desde então, de crises da cultura etc., inevitavelmente tem em mente a constituição mental pós-guerra, que sabe que nunca mais voltará a ingenuidade de antigamente; irrevogavelmente entraram a desconfiança, a desilusão, a dúvida e o distanciamento no código genético psico-social. Todo o positivo será desde então um a despeito de, minado por um desespero latente. Desde então reinam visivelmente os modos quebrados da consciência: ironia, cinismo, estoicismo, melancolia, sarcasmo, nostalgia, voluntarismo, resignação no mal menor. Depressão e anestesia como escolha consciente da inconsciência."

    (em Peter Sloterdijk: Kritik der zynischen Vernunft, 1983)
    29.6.05
    O meu problema com o candidato Manuel Maria Carrilho

    ...não é tanto de ordem política, é de ordem estética.
    O que seriamos aqui sem ele?

    "Sir Isaiah pousou uma mão protectora no meu ombro. Caminhámos vagarosamente para o seu velho Jaguar, que nos iria levar a Oxford"

    (Prof. Doutor João Carlos Espada no Expresso do 25.06.05)

    Bem, sempre nos restava o Prof. Doutor João César das Neves.

    (Agradecimentos ao Albergue dos Danados e ao bombyx mori.)

    ...de hoje vem com um post do Timshel, em que prossegue a sua cruzada contra o relativismo moral do (neo)liberalismo, apoiando-se em textos do Cardeal Ratzinger; com um exercício de auto-contraditório do Miguel; e um notável post do José. Notável não pelas palavras demasiado simpáticas que tem para mim (e que agradeço), mas pelo fólego com que abrange a história do Iluminismo e da Igreja na Europa dos últimos séculos. Acusa-se aqui o profundo conhecedor da matéria.
    Deixo só uma nota: Quando o José diz que devia saber "que, aqui no burgo as ideias são total e irremediavelmente afectadas por quem as profere", ele tem toda a razão. Mais, pode riscar com justeza o "aqui no burgo". Em todo o lado as ideias são total mas talvez não irremediavelmente afectadas por quem as profere. O tal espaço de liberdade, em que as ideias habitam, respectivamente deviam habitar, é uma utopia, bem sei. Mas é uma utopia necessária. E une os participantes no debate científico é intelectual esclarecido o comum reconhecimento desta necessidade.

    Playmates da semana: Venus e Adonis (Ticiano)
    28.6.05
    Grandes Judeus

    Este sei quem é. Mas já me aconteceu que não conhecia a pessoa representada no cabeçalho. Nuno, não podes deixar uma identificação (discreta, se quiseres) algures para pessoas menos letradas como eu?
    A marca Carrilho

    "A candidatura de Manuel Carrilho à Câmara Municipal de Lisboa coloca duas questões a um publicitário: a sua notoriedade é-lhe benéfica ou prejudicial? O facto de ser filósofo é um convite ao despeito ou à admiração dos Portugueses? A mulher com quem casou garante-lhe ou retira-lhe votos no eleitorado feminino? E no masculino? O pequeno Dinis Maria poderá fazer as delícias da terceira idade?Quaisquer que sejam as conclusões, parece óbvio que Manuel Carrilho se considera um produto, ou seja, um objecto tão vendável como um sabonete ou um aspirador. E mais que isso, pretende transformar-se numa constelação de estímulos que inspirem sensações de conforto, sofisticação e domesticidade, libertando os eleitores da díficil tarefa de analisar projectos, aprovar ou rejeitar reformas, enfim, de pensar."


    A prosa toda no Bicho Carpinteiro.
    Parabéns atrasados

    ao Terras do Nunca, que felizmente voltou em força, e à Natureza do Mal!
    Dois blogues ao que o Quase em Português deve muito.
    Os melhores posts cristãos desta semana

    ...lêem-se no Dois Dedos de Conversa.
    De novo em defesa do politicamente correcto

    O R.Oliveira escreveu um post no Insurgente sobre "Heterofobias" - muito aclamado, entre outros, pelo LA-C e o JPT. O post é impecável, mas desagrada-me um pouco a unanimidade do aplauso. Escreve o R. Oliveira:
    [...] Estou a falar da tentativa de controlar o pensamento através do controlo da linguagem que, aliás, é o fim último do totalitarismo que está presente no politicamente correcto.[...]
    Onde o post é omisso é na menção de que o objectivo do políticamente correcto, o controlo da linguagem, é uma reacção ao controlo da linguagem pela ideologia (anteriormente) dominante. Claro que o R.Oliveira sabe tão bem como os comentadores que não existe tal coisa como uma linguagem inocente. Mas ao contrário da contaminação ideológica da linguagem que normalmente se processa de forma oculta, o politicamente correcto declara abertamente as suas razões e os seus objectivos. Isso distingue a linguagem do politicamente correcto do Newspeak orwelliano.
    Assim, concedido toda a legitimidade e necessidade duma observação crítica da linguagem do políticamente correcto, não há dúvida que o lado da transparência, da "Aufklärung" (o termo "esclarecimento" alemão é muito melhor do que o português/francês "iluminismo"), ainda é o dele.

    Adenda:
    Disse aqui em cima que o post do R.Oliveira é impecável. Não é. Não é pela atribuição do adjectivo totalitário ao politicamente correcto.
    Deixei me enganar pelo facto de existirem, na pretensão de influenciar a linguagem, efectivamente semelhanças com o que se chama totalitário em política: O objectivo de alcançar comportamentos sociais à partir do que está nas cabeças das pessoas, e o uso da linguagem para isso, que, é verdade, alcança duma forma total e subliminar todos os aspectos da vida social.
    Mas a associação do politicamente correcto a regimes sanguinários e ditatoriais, que inevitavelmente acompanha o termo totalitário, é totalmente injusta, e a insinuação que por detrás dos promotores do politicamente correcto se encontra um regime (ou pretendentes a um regime) que procura o domínio total das pessoas, é desonesta e demagógica: Não há aqui ninguém que procura "controlo" de coisa alguma.
    27.6.05

    Emmanuel Pierre: Mobile

    Este post devia estar na Terra da Alegria de hoje. Mas por falta de tempo não consegui escrever e enviá-lo a tempo. Mas como ele se integra na recente discussão motivada pelo post do Bernardo sobre a obrigação dos católicos de acreditar no Diabo, não quero esperar até para a próxima semana. Os conterráneos me perdoem.

    Não é a questão da existência ou não do Diabo, que me move, é a exigência da obediência numa questão da fé, que nele é expressa.
    O Bernardo diz, claro e inequivocamente: Quem é católico, tem obrigação de acreditar no Diabo, e quem não pode ou quer fazê-lo, por favor, que saia da Igreja. (Se depois admite, num comentário, que não cabe a ele a decisão sobre a excomunhão de crentes, isso só é um reconhecimento que não ocupa o lugar na hierarquia de quem assiste o direito de excomungar membros da Igreja, não é uma revogação da alternativa que coloca aos seus correligionários.)

    À primeira vista não choca, que o Bernardo coloca a alternativa. É natural que organizações ideológicas como igrejas ou partidos, cuja natureza consiste precisamente na partilha dum conjunto doutrinário, estabelece exigências mínimas de concordância para os seus membros. Sabe-se que uns são mais exigentes, como o Partido Comunista, por exemplo, ou o Islão, outros menos.
    Mas à segunda vista há aqui algo que não passa despercebido: a ideia da obrigação de acreditar numa determinada doutrina. Referi uns dias atrás, no post sobre a "aproximação voluntária", um efeito psicológico que afecta quase inevitavelmente os membros de todas as organizações ideológicas, mas aqui deixa de ser um efeito subconsciente e passa a ser uma exigência consciente e manifesta!

    Lembro-me da minha surpresa ingénua, quando me apercebi que os católicos (todos?) não partilham comigo o terreno comum do Iluminismo. Isto surpreendeu-me, obviamente por falta do conhecimento do pensamento católico mais recente. Eu tinha atribuído a aversão dos católicos que conhecia ao Iluminismo mais a uma época histórica que limitou substancialmente a influência da igreja, em que essa se viu vítima de secularizações, por vezes de excessos criminosos. Mas ao nível das ideias, pensei eu, todos nós, desde há muito, católicos ou não, com excepção duma pequena minoria de reaccionários incorrigíveis, já assimilámos a essência do iluminismo: A emancipação das ideias do poder. Que as ideias se encontram num espaço de liberdade: confrontam-se, derrotam-se, fertilizam-se e transformam-se, não afectadas pelo quem as profere. Este não conta. O poder de quem fala já não lhes acrescenta razão, o seu estatuto não as torna mais válidas. Elas, a partir de agora, têm de se aguentar sozinhas.

    Para qualquer cientista, para qualquer intelectual de hoje isto é uma evidência banal. Para qualquer intelectual? Não. Não é para o teólogo católico! Para ele continua válido o argumento da autoridade. Porque o S. Tomás assim disse, porque o Papa assim diz, tenho, se sou católico, obrigação de pensar e acreditar duma determinada forma! Se não conseguir à primeira, espera-se um esforço de mim para que me convenço, não por força de argumentos, mas por força de autoridade.

    Há aqui a razão mais elementar, porque nunca poderia ser católico. Mas, pessoalmente, não tenho de me queixar. Ninguém, menos ainda o Bernardo, exigiu-me que me convertesse ao catolicismo. Nem ele nem os outros habitantes da Terra da Alegria.

    Que não todos partilham da opinião do Bernardo, como se viu no debate da semana passada, percebi também pelo eco positivo que recebi ao meu primeiro post na Terra da Alegria, que escrevi, há um ano atrás, entusiasmado pelo espírito de liberdade que lá encontrei:

    "Gosto da Terra da Alegria também e especialmente porque ela é nova e ainda muito pouco explorada. E porque não é colonizada. Tenho para mim que o objectivo dos seus habitantes não é colonizá-la. Em contraste aos que entendem a Fé como resultado dum trabalho de colonização, duma luta árdua em que se arranca a Verdade, pedaço a pedaço, da selva da dúvida e dos equívocos, e as guarda, protege e defende contra perigos e influências potencialmente nocivas, sejam eles o clima, parasitas ou predadores. Onde o cuidado da planta da Fé se concentra mais do que na rega e na aplicação de adube, no arrancar das ervas daninhas e fazendo a poda, seguindo os exemplos e instruções de quem sabe como a planta deve ficar. E onde se entende a Fé como uma coisa que se possa possuir. (Como se fosse possível tratar, no domínio da religião, qualquer coisa como propriedade...)"


    Enquanto há católicos, que se chamam a si católicos, tomarei eles, que conheço, como representantes dessa igreja. Não me apropriarei dos critérios dos guardiões da doutrina. Os que tive a sorte de conhecer, não são pessoas que colocam o outro – nem em questões de doutrina nem noutras muito diferentes – perante a alternativa de submissão ou exclusão.

    Parecem-me ter, e bem, outra ordem na mente: Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. (Mat. 5.41)


    (Quero deixar ainda uma explicação da citação do Sermão da Montanha com o qual concluí o post. Ao relê-lo fiquei na dúvida se ela se compreende no contexto:
    Sempre me parecia a melhor, não, a única forma legítima de proselitismo essa recomendada por Jesus. Acompanhar o outro no seu caminho, para ter o contacto e o tempo necessário com ele, aprender com ele e perceber para onde ele vai, e depois levá-lo, se achar certo, suavemente comigo na inflexão do meu caminho. Pela força da gravidade, por assim dizer. Mas sempre admitindo e aceitando que o meu caminho é tão susceptível da influência "gravitacional" dele como este é da minha. O que exige de mim certamente alguma autoconfiança, ou talvez podemos chamá-lo confiança em Deus.)
    24.6.05
    Questionário de Paladru

    O David do Linha dos Nodos vingou-se do meu assédio de há uns tempos, e mandou-me este questionário:

    1) Tamanho total dos arquivos de música no meu computador?
    Aqui só uns 15Mb, os rips que postei no Quase em Português. Em casa devo ter por aí uns 200Mb, todos desde há ca. de três anos, quando o meu filho instalou o Kazaa e eu aproveitei para fazer o download de músicas antigas que já não tenho, sempre quis ter ou só tenho em vinil. Músicas da minha adolescência: Slade, Golden Earring, Kinks, TRex, Sparks, Bowie, Tom Petty. Ouvi os umas vezes, e desde então nunca mais.

    2) Último disco que comprei:
    Uma colectánea das músicas de Carolyn Mas, que encontrei em Berlim pelo preço de três euros. Com o inultrapassável "Sittin' in the dark".

    3) Canção que estou a escutar agora:
    Nenhum. Há quem acha que o trabalho de arquitecto é principalmente desenhar. Não é. É escrever, telefonar e reunir. Coisas incompatíveis com ouvir música.
    Mas o CD que actualmente está aqui no leitor é "Tehillim" de Steve Reich, tocado pelo Schönberg Ensemble, conduzido por Reinbert de Leeuw.

    4) Cinco canções que ouço frequentemente ou que têm algum significado para mim:
    Pondo Bach de parte (como o David), lembro-me agora de
    "Andy Warhol", de Bowie
    "Here comes the Flood", de Peter Gabriel
    "Caroline says II", de Lou Reed
    "No joys are above the pleasures of love", de Henry Purcell (Gardiner, Monteverdi Choir)
    "Highlands", de Bob Dylan

    Ah, e ainda e como primeira de todas "Lola" dos Kinks, a canção ao som da qual pela primeira vez beijei, boca e olhos bem fechadas, uma rapariga.

    Lanço o testemunho a outros três bloggers:
    Na última vez fiquei com remorsos de ter maçado outros, mas enfim, só responde quem quer: Passo o então à t., ao Lourenço e ao Rui.
    23.6.05
    2 anos de Blogo...Existo

    Um dos três blogues, cuja leitura me levaram para me meter também neste vício. Obrigado!
    22.6.05

    Hoje, entre outro, com um post muito honesto do Timshel sobre a minha acusação de "aproximação voluntária".

    Playmate da semana: Reclinada (Moore)

    Depois do post de ontem, hoje só podia desiludir: ou uns ou outros.
    Decidi não postar a tal foto de paparazzi. Agradeço todos os comentários simpáticos, aconselhando e desaconselhando, e especialmente aos que me deram a entender que, apesar de desaprovar a ideia, em nenhum caso me retirariam a consideração toda.

    Decidi não publicar a foto porque se o fizesse, seria com a justificação da - inegável - insignificância deste meu acto. E isso não me agradou. Devo melhor ao meu amor-próprio, mas também a minha moral. A assunção da própria insignificância (tão realista para tantos de nós, se olhamos o nosso caso como isolado) não é só um expediente ignóbil de contornar o imperativo kantiano, é também a fonte dum grande, senão do maior número dos nossos males sociais. Desde a abstenção em eleições, passando pelos pequenos pecados ambientais, até à indiferença e inactividade perante as grandes misérias e injustiças do mundo.
    (Curioso como cheguei, em duas frases, do reconhecimento da minha insignificância às grandes misérias e injustiças do mundo.)

    O homem coerente e fiel aos seus princípios (vês, David!) ainda quer dizer-vos isto: Não encontrei essa foto de paparazzi ao andar em sites pouco recomendáveis, encontrei a numa procura totalmente inocente de candidatas a playmate, no Google. Procurei imagens de Uma, deusa indiana. E ela apareceu logo.

    Agora vou ali lavar as mãos, já volto...
    21.6.05
    O Diabo

    Gostaria mesmo que os meus amigos católicos comentassem isto!

    Actualização:

    Fico muito contente que o post do Bernardo Motta suscitou um debate interessante e - na sua maiorissima parte - civilizado, uma vez não entre católicos e ateus, mas entre católicos. Leiam-se os posts e comentários no Espectadores, Prozacland e Dois Dedos de Conversa.
    Problema de consciência

    Tenho aqui, já uma data de semanas, uma fotografia duma celebridade de que gosto imenso e que gostaria de postar amanhã como próxima playmate. So que ela tem um problema. Mostra a tal pessoa nua e é uma fotografia de paparazzi. Não se pode postar uma fotografia assim, pois não? - Ou pode-se? Talvez sim? Por acaso acho a imagem decentissima e nada desabonadora da tal pessoa. Se calhar não é assim tão foleiro se a posto amanhã... Claro que que sei que se deve respeitar a privacidade, também das pessoas famosas. Por outro lado, não fui eu a tirar a fotografia. Que já foi publicada. Saquei a dum site que tem milhares de visitas, publicá-la agora ainda no Quase em Português não faz quase diferença nenhuma. Até, mal pode dizer-se que o Quase em Português é público, não é verdade? E afinal, que mal isso faria a ela, uma actriz bonita? Como disse, até acho que a fotografia lhe fica muito bem...

    Vá-lá, convencem-me lá que não faz mal postá-la como próxima playmate!

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    20.6.05
    Cinismo

    Acabei de matricular o meu filho no Liceu Dona Leonor. Sempre gostei desta escola, da sua arquitectura, do ritmo confiante e calmo dos seus alçados, da simplicidade da sua cobertura inclinada, a forma despretensiosa como o edifício se situa ao lado do Jardim do 1º de Maio.
    Também contribui para o meu afecto, de forma irracional mas compreensível, o facto que este foi o primeiro liceu português que me mereceu alguma atenção, pois lá andou a minha mulher, quando criança. Ela contou-me que entre as escolas públicas esta foi uma das mais reputadas, com muitos alunos de famílias com nomes sonantes. Que no entanto foram seus colegas da escola, mas não da turma, porque havia uma separação em função da classe, que reuniu os filhos de boas famílias numa turma, e o resto, ao que a minha mulher pertencia, noutras.
    Estrangeiro nascido em democracia e frequentador dum ensino público sem distinção de classe, guardei essa coisa espantosa na memória como um dos exemplos mais plásticos para perceber o que era a sociedade do Estado Novo.

    Então hoje, passados 30 anos, matriculámos o nosso filho neste liceu, após uma ponderação das vantagens e desvantagens dos três ou quatros que estavam em questão na nossa zona. Já tomada a decisão, tive oportunidade de perguntar a uma amiga que lá tem uma filha, que confirmou sim, boa escolha, ela está bastante satisfeita com a experiência. Claro, acrescentou, tens de meter uma cunha para assegurar que o teu filho fique na primeira turma do respectivo ano, pois se não, já não posso garantir nada. É que nessa escola fazem duma forma especialmente acentuada a distribuição dos alunos nas turmas em função de critérios sociais.

    Quando contei essa história, indignado, a uns amigos professores, eles riam-se da minha ingenuidade. - Mas isso faz-se em todo o lado! - Mas porquê? perguntei. - Para proteger os alunos que merecem um ensino decente da companhia dos muitos outros que só pioram o nível e a qualidade do ensino.
    ____________

    Como consta no título, este post é sobre cinismo. Dizia Adorno: "Não há vida correcta no errado." Aplicado ao meu caso: Apesar da minha indignação, estou neste momento a tratar de assegurar que o meu filho entre na turma certa.


    P.S.: Sobre cinismo, leiam os posts do Timshel do 16.6 e 18.6.
    A Terra da Alegria em força!
    18.6.05

    Albrecht Dürer: Melencolia

    Fiquei genuinamente irritado, quando o Afonso Bivar, há dias, se antecipou a mim e postou a melhor gravura do mundo, e a obra de arte em que os alemães durante séculos, para o bem e para o (muito) mal, se reviram. E ainda se revêem, embora menos do que antes, e com (felizmente?) menos razão.

    Resta-me então postar esta.
    17.6.05
    Em defesa de insinuações, comparações deficientes e falta de rigor no Quase em Português

    Quando escrevi o post da "aproximação voluntária" fi-lo para levantar uma questão que acho importante, e não para atacar ou desacreditar o Timshel enquanto pessoa ou nem sequer as suas opiniões.
    Tive escrúpulos por saber que especulava sobre os motivos de outrem, e também porque sabia das grandes diferenças entre o exemplo referido com Cunhal e o que quis apontar a ele. Disse-o no post. Mesmo assim, fiquei algo apreensivo com a sua reacção. Porque seria difícil dissipar a ideia de haver má fé da minha parte, ao comparar declarando saber que não devo comparar, ao adivinhar motivos declarando saber que não devo fazer processos de intenção. Mas esperava, conhecendo o Timshel, que ele não me atribuiria má-fé.

    Como calculava, o Timshel não me levou mal. E para a minha surpresa, houve ainda outra pessoa, que assumiu, de livre vontade, que enfiou o capucho: a Helena. (Ocasião para dizer como me acho feliz por ter interlocutores assim; não por me terem dado razão, mas por me terem dado razão num caso em que seria menos embaraçoso negá-la!)

    Mas outro amigo, o José do Guia dos Perplexos, não gostou.
    Aponta a ilicitude das minhas comparações: A de Timshel com Cunhal, e a do PCUS com o Papa Bento XVI. Não tenho como me defender. Evidentemente, o Timshel não é, nem de longe, Cunhal e o Papa não é o PCUS (ou Brezniev). É o problema das comparações, que as coisas comparadas (pessoas, instituições, neste caso) incluem sempre imensos aspectos em que a comparação não se justifica, para além daqueles que a motivaram. E é verdade que por isso as comparações são uma arma eficaz e popular no combate intelectual desonesto. Com elas consegue colar-se características ao visado que não têm nada a ver com ele.

    Reconheço que a crítica do José me afectaria mais, se não houvesse o eco positivo nos comentários, do Timshel e da Helena, claro, mas também do C.Indico, que diz:
    “Os 3 : Lutz, José(?) e o Nuno G. sentados a uma mesa simplesmente a conversarem”.
    É o que tento fazer no blogue, na medida que me é possível: falar como estivesse a conversar com amigos, o que me leva a faltar ao rigor – na escolha dos exemplos, por exemplo – e ao respeito, espicaçando o amigo com a insinuação de motivos, para fazer o meu ponto e para ver o que ele diz. É verdade que há diferenças e a blogosfera não é a mesa do café: as coisas ficam escritas, podem ser citadas e mal interpretadas, para além de lidos por virtualmente toda a gente. Mas decidi de não – ou pouco – importar-me com essa diferença, até ver.

    Agora, caro José, respondo à duas críticas à exigências no meu post que não fiz:
    Que um católico, um bloguista católico ainda mais, se dedica à tarefa de dar a conhecer a si e a outros os pensamentos do novo Papa, acho tão natural como legítimo. Até eu, não católico e discordando de grande parte do que lhe conheço, interesso-me por ele. E esforço-me, em nome da honestidade intelectual, para que a minha curiosidade não seja contaminada pelo desejo antecipado de atacar e desfazê-lo. Mas pela mesma razão estou atento para um eventual desejo antecipado de concordar, que julguei ter cheirado nos posts do Timshel. Ambas as posturas seriam, no meu entender, incorrectas, embora psicologicamente compreensíveis e até a um certo degrau inevitáveis. Não me excluo, evidentemente, desta avaliação. E assim posso dizer-te que a tua censura do meu P.S. se baseia certamente num malentendido. Longe de mim de exigir ao Timshel que abjurasse da sua eventual vontade de aproximação ao pensamento do Papa. Quem sou eu para exigir tal coisa?! Simplesmente quis dizer: E se me enganei redondamente ao adivinhar-te essa vontade, peço desculpa por ter montado uma crítica em cima dessa insinuação.

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    Coerências

    Se pensarmos em figuras para um Museu de Cera da Coerência ou da Luta por Uma Ideia, temos de alinhar Estaline, Gandhi, Mao, Irmã Lúcia, Hitler, Bento XVI, Nelson Mandela, Salazar, João Paulo II, Franco, Simone Weil, Mussolini, Cunhal, Pol Pot, Martin Luther King, Bin Laden e o mullah Omar, Madre Teresa, Saddam, Frére Roger, os Taliban, Aung San Suu Kyi e muitos muitos mais.

    Citação propositadamente incorrecta (ampliada) da lista do Lino do Prozacland.

    Adenda:
    Recomendo neste contexto a leitura deste post em defesa do relativismo moral, do Blogo...Existo, cuja pertinência não me parece atacável, olhando para a lista aqui em cima, e que ao mesmo tempo me deixa profundamente insatisfeito, olhando para a mesma lista de novo.

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    16.6.05
    Aproximação voluntária ao pensamento oficial

    Pacheco Pereira contou ontem na Quadratura do Círculo, que o Cunhal se empenhara muito para convencer o soviéticos para não invadir a Checoslováquia. Mas à partir do momento em que a invadiram, foi dos mais empenhados na defesa e justificação da invasão.

    Confiando na generosidade do meu amigo Timshel permito-me aqui admitir que ao ouvir essa história lembrei-me dele. Lembrei-me do seu empenho não ocasional, mas intencional, se não sistemático, em descobrir pontos de convergência com o pensamento do novo Papa Bento XVI.* Do qual, sei muito bem, discordou e ainda discorda, como creio, em muitos assuntos. Mas noto um movimento intelectual de - aproximação voluntária seria provavelmente mais justo do que dizer submissão, embora este último termo merece menção, pelo menos como aviso - para o qual não encontro nenhum motivo residente na ordem das ideias, mas no mero facto que este pensamento agora representa o poder da organização ao que eles - o Timshel e o Papa - pertencem.

    Digo desde já que os casos de Cunhal/PCUS e do Timshel/BentoXVI não são inteiramente comparáveis, mas a comparação ocorreu-me, e não completamente à despropósito, penso eu.
    Eis um bom exemplo, mesmo admitindo o exagero na comparação, para explicar a minha incapacidade de participar activamente num movimento ideológico seja qual for, partido ou igreja. Não quero colocar-me numa situação em que ficaria sujeito a um semelhante impulso, que sei ser, não negando diferenças graduais, inevitável e natural. Também não posso advogar que movimentos ideológicos, pelo menos partidos políticos, são desnecessários. Muito pelo contrário. Mas eu não caibo neles. Por arrogância ou falta de civismo, egocentrismo ou falta de confiança na minha independência intelectual. Ou por coerência. Não sei.

    * Nas Terras da Alegria das últimas semanas.


    P.S.:
    Estou consciente de que este post se baseia num processo de intenção, e peço antecipadamente desculpas ao Timshel no caso de ele me assegurar que não existe, da sua parte, nenhuma vontade de aproximação ao pensamento do Papa.

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    A defesa da lusofonia e de outras coisas

    A ser verdade o que noticia o Público hoje, Manuel Monteiro propõe penas mais pesadas para imigrantes - como eu -, caso cometam um crime, do que para portugueses como ele.
    "Não sou racista, sou um defensor da lusofonia" diz ele, e de facto posso confirmar: julgo ser da mesma raça que ele. Como se vê, a questão da raça surgiu-lhe por acaso.

    Enquanto o Manuel Monteiro ainda não chegou ao poder e começou a seleccionar as pessoas que devem ser julgados segundo uma outra lei do que os restantes (porque não aplicar também logo uma identificação tipo estrela amarela, já que a cor da pele não é o critério?) aproveito para lhe dizer que vá a merda!

    P.S.: Uma vénia para o Acidental, que reparou naquela notícia.
    15.6.05

    Um artigo delicioso sobre o processo de Michael Jackson. Descoberto com ajuda do PC do Mar Salgado.

    Como disse outro cantor americano:
    Couldn’t help but make me feel ashamed to live in a land
    Where justice is a game.


    Cínicos, encolhemos os ombros: Not only justice, everything is a game.
    E acrescentamos: Better have money.
    Falar na primeira pessoa

    É o que aprecio no João Tunes: como fala na primeira pessoa. Realmente na primeira pessoa, não como muitos aqui, que se escondem - muito legitimamente, aliás - numa personagem do narrador, autor do blogue. Falar como ele é um exercício impossível para muitos, nomeadamente os mais novos, por não ter nada a dizer. Mas para os mais velhos é muito difícil por outra razão, pelo risco de tornar-se penoso.
    Que isso não acontece no caso do João, deve-se, mais do que á evidente qualidade literária, à uma qualidade pessoal. Consegue olhar para trás, sem esconder, sem embelizar, sem vaidade nem vergonha.
    Invejável e raro quem dispõe assim do seu passado. E sorte nossa poder ouvir um testemunho assim.

    Playmate da semana: Menina gótica (DeDorgoth)

    Estava tentado de não postar hoje nenhuma playmate, porque as melhores desta semana já foram postadas aqui. Mas um bloguista tem que fazer pelo blogue.
    14.6.05
    É isso, Luís!

    É exactamente isso que também pensei e senti quando vi a Florence Aubenas sair do avião, sorridente, confiante e - não sei palavra equivalente noutra língua: "spirited". Como não se render a essa mulher...
    Maior do que o quê?

    Sem tempo nem oportunidade, nos últimos dias, de ver noticiários, vi hoje, ao comprar o Público, as capas dos jornais ocupados pela imagem de Álvaro Cunhal. Como já me disseram que morreu ontem, não fiquei surpreendido. Mas surpreendeu-me que, para ler no jornal de referência algo que se refere a outra coisa qualquer, tive de folhear até à página 22.

    Estranhei que um homem que nunca chegou ao poder, para o alívio de pelo menos nove décimos dos seus compatriotas, é, na sua morte, objecto de tamanha admiração. Pelo que leio e li, um grande homem, carismático, influente, como há muito poucos. Muito poucos mesmo: Como disse o CAA (ainda não li mesmo mais nada, nem do Público, nem em blogues, que se escreveu na ocasião da sua morte): se tivesse sido russo, teria chegado a Secretário Geral da URSS, se tivesse sido italiano e católico, teria chegado a Papa. Ou seja: Um homem maior do que o país em que nasceu.

    Não tenho razões nem conhecimento para por em dúvida um tal veredicto dos seus compatriotas. Falta-me competência para pronunciar-me sobre a dimensão da personalidade. E o que faz sentir-me hoje tão estrangeiro: falta-me envolvimento, falta-me emoção, que me instiga de contribuir também eu, com a minha opinião sobre o homem. Não o admiro. Não foi do meu tempo, não foi do meu país, não me identifico (ou identifiquei) com as suas ideias. Álvaro Cunhal é vosso.

    Mas pergunto-me se ele é maior do que o seu país por mérito próprio, ou se o é – vão me perdoar esta indelicadeza? – por demérito do seu país. Não porque penso que Portugal, tendo em conta a sua população de 10 milhões, esteja dotado dum número menor de grandes homens do que outros povos. Não acho isso. Não é isso. Mas reparo nesta ocasião num desejo intenso de ter grandes homens, que leva, quando um morre, todos a empolgá-lo para lá de todas as proporções. Em desproporção não para a dimensão real do homem, quem, como disse, não me sinto competente medir, mas para a sociedade portuguesa. Não compreendo como pode ser tão grande um homem, seja quem for, em relação à sociedade civil, em relação à sua vida e o seu dia a dia, que se lhe dedica tanto espaço, tanto papel, na ocasião da sua morte. Que não me entendam mal: Não sei se o Público e outra imprensa exagerou à dedicar-lhe tanto espaço. Talvez não. Neste caso não havia crítica a fazer à imprensa. Neste caso, diria algo sobre a dimensão da vida pública portuguesa.
    12.6.05
    Carcavelos

    Muito certeiro o post do JPP.
    E embora reconhecendo a necessidade de procurar soluções políticas, sociais, não tenho dúvidas que isso é, antes de mais, não só, mas antes de mais, um caso de polícia.
    Se realmente foram centenas de assaltantes na praia de Carcavelos, como consta, a polícia fez muita má figura. É simplesmente inadmissível num país civilizado que se podem reunir algumas centenas de pessoas para cometer um crime, sem que haja uma reacção atempada e adequada das forças de segurança. Já é inadmissível que se chegam só a reunir centenas de pessoas para cometer um crime. A eventual repressão dum acontecimento desses deveria ser tão óbvia e credível que este não aconteceria pelo simples efeito dissuasor.
    Causas sociais, políticas? Problemas de exclusão? Imigrantes não assimilados? - Seguramente. É preciso encará-las, procurar soluções e implementá-las. Mas não tenhamos ilusões. Não geraremos, num futuro previsível, se alguma vez, uma coesão social e uma partilha de valores, uma cidadania partilhada pelos habitantes deste país de maneira que podemos depender dela e prescindir do efeito dissuasor e da acção, se necessário, dum law-inforcement eficaz.

    Adenda:
    Acabei de melhorar a ortografia do post. Raras vezes senti tanta vergonha ao ser citado, como neste caso. É verdade, escondo-me por trás do "quase" no título do blogue. Mas há dias em que este não tem tamanho para tapar a vergonha. Como aqui. Peço desculpa pela mistura de ignorância (moderada), dislexia (alguma) e desleixo (muito)!
    10.6.05
    Contenção

    Há muitas razões porque nunca chamaria filho da puta ao Alberto João Jardim. A boa educação, a possibilidade de perseguição jurídica... Mas a mais importante é que jamais me permitiria carregar a imagem das exercentes da profissão horizontal ainda com o ónus de ter gerado um filho como este.
    9.6.05

    A Sara Monteiro acabou de publicar (mais) um livro.
    Contos de Moça e Mocinha é uma colecção de belissimas histórias sobre duas raparigas, e talvez mais ainda sobre a sua extraordinária mãe.
    Como toda a boa literatura infantil, o livro, congenialmente ilustrado por Margarida Parente, lê-se com igual prazer por adultos.

    A Sara estará no Domingo, 12 de Junho, às 16h30 na Feira do Livro de Lisboa, no pavilhão da Ambar, para conversar com quem se interessar pelo livro, e para o assinar, a quem quiser, claro.

    A Zazie tem um blogue!
    Tem música, fantástica: Vão ouvir aquela Good Vibrations!
    E tem imagens. Quando vi desenrolar lentamente, de cima para baixo, a foto da loira, temi por um momento ser brindado pela enesima imagem da Scarlett (nada contra a Scarlett, mas até ela em excesso enjoa...), mas não, era a Nastassia, a minha Nastassia!
    Como se pode votar em alguém que chama o seu filho Dinis Maria?
    Portuguesismos

    Em geral não me causa muita repugnância a língua portuguesa.
    Mas há algumas idiosincrasias aos que me habituei com custo, ou ainda contrariado, e outras aos quais ainda não me consegui habituar.

    Assim a predilecção para verbos reflexivos, como faz-se, esclarece-se, resolve-se, ou ainda em conjugação com os gerúndios, como o vai-se andando, vai-se fazendo, sempre me impressionava e ainda me impressiona pelo esforço que acusam em evitar a identificação de quem deve fazer, esclarecer, resolver; e no caso dos gerúndios, ainda o cuidado de evitar a ideia do momento em que as respectivas actividades devem estar concluídas, em que porventura se podia exigir resultados.

    Pelo contrário os superlativos, como delicadíssimo, interessantíssimo, importantíssimo etc., que me fizeram espécie durante muito tempo, já entraram, para o bem e para o mal, no meu próprio vocabulário. Embora ainda me lembro que aprendi no liceu, que o seu uso excessivo nós reduz a expressividade da língua, e que aprendi em casa, que o seu uso excessivo é um sinal seguro dum baixo nível cultural.

    Outra coisa que me incomodava e ainda incomoda, é a forma complicada e pretenciosa da comunicação escrita, embora reconheça que ela já levou, desde que se impôs o e-mail na correspondência profissional, felizmente um golpe saudável. Mas ela continua carregada dum número impressionante de salamaléques, tão desonestos como supérfluos. Tantos excelentíssimo Senhores, Doutores, Engenheiros, mas sempre Excelências, tantas fórmulas ocas e exageradas como o agradecendo desde já a atenção disponibilizada pelas V.Exas ao assunto, etc. etc. ou Subscrevemos com a maior consideração que as V.Exas nos merecem
    Também a essa linguagem já aderi, embora contrariado e de forma moderada, por obrigação profissional. Mas continuo a não gostar.

    Uma coisa que só recentemente descobri e que me irrita sobejamente, são os ismos depreciativos, como o tecnicismo, o economicismo, ou o igualitarismo. Serve-se destes termos como rótulo quem é demasiado preguiçoso ou incapaz de descrever o que quer criticar, e o leitor fica a saber, que se fala de algo que tem vagamente a ver com técnica, economia, igualdade, mas no mau sentido! O quê exactamente? Como? - Não interessa, é mau.
    8.6.05

    Playmates da semana: Amantes do Khajuraho Temple
    7.6.05
    Da Africa não percebo mesmo nada

    Alguém pode explicar-me, na campanha da Guiné-Bissau, quem são os bons?
    Não era este senhor o desejado líder da oposição?
    Ao cuidado da Voz do Deserto

    Em 1985, escreveu assim o futuro papa Bento XVI [*]:
    Rock music seeks release through liberation from the personality and its responsibility ... [it is] among the anarchic ideas of freedom which today predominate more openly in the West than in the East. But that is precisely why rock music is so completely antithetical to the Christian concept of redemption and freedom, indeed its exact opposite. Hence music of this type must be excluded from the Church on principle, and not merely for aesthetic reasons, or because of restorative crankiness or historical inflexibility.

    [*] Discurso ao XVIII Congresso Internacional de Música Eclesiástica, Roma, 17 de Novembro de 1985: "Liturgy in Church Music", in Sacred Music, Vol 112, No 4 (Inverno de 1985).

    (Encontrado na Noite)
    Que tal festejarem juntos?

    Parabéns (atrasados) à Angelina e ao Miguel!
    6.6.05

    Gerhard Richter: Canto de Catedral
    5.6.05
    Mudar é preciso!

    O João mudou-se para o Água Lisa (3)
    3.6.05
    Não é o João César das Neves o único cristão que se preocupa com a educação sexual!

    A Helena Araújo preocupa-se também. Assim. Imperdível!
    "Andy Warhol"

    David Bowie: (Hunky Dory, 1971)

    No player.
    Não me deixem à sós com os meus compatriotas!

    Está enganado quem acha que falo assim só enquanto alemão.
    O segredo mágico

    Na entrada do Ma-Schamba há um embondeiro. Não sabia, até há pouco, o que é um embondeiro, e ainda não sei ao certo. Parece que é uma árvore. Pois o que lá vi era só uma imagem desconcertante. Seria uma árvore? Será. A imagem, ou a própria árvore esconde coisas. Muitas coisas. Embora que não consegui identificar o quê, sei que são coisas terríveis. Animais talvéz, fantasmas, pessoas, monstros.
    É daquelas imagens que são de evitar a todo o custo de olhar com olhos de ver. Como quando se está num Trip: É ali onde se encontra o Horror.

    Mas, curiosamente, essa árvore transformou-se também num lugar de convívio. Muitos encontraram-se e ainda se encontram a sua volta e aparentemente conversam. A conversa típica dos convívios da ganza. Cada um diz a sua, relacionando-se ao que entendeu dos fragmentos que ouviu dos outros, e todos - ou quase todos - comungam da ilusão que se entendem. Eis o segredo mágico do convívio dos drogados.

    Mas talvéz não só. Eis o segredo mágico do convívio.
    2.6.05

    Margarida Parente: Série Amantes, III
    Progresso

    Nos anos 80, ouvi o meu patrão frequentemente resmungar contra essa "modernisse" terrível do Telefax. Dizia: "Um gajo já não tem tempo próprio nem liberdade nenhuma, está sempre contactável e não tem desculpa se não responde imediatamente." - Já não o vi desde que há telemóveis. O que ele diria dessas chamadas que começam com "onde é que tu estás"?
    Mas os dias dessa pergunta estão contadas, para já para as mulheres japonesas. Li hoje no DESTAK:

    Lingerie permite novo "controlo" à distância
    TÉCNICA. Partindo de tecnologia desenvolvida pelo exército americano, os japoneses criaram um sofisticado dispositivo que permite monitorizar a mulher, a partir da roupa interior que veste. Incorporada de forma imperceptível no tecido, a invenção fornece a sua localização exacta, bem como informação relativa a alterações da temperatura corporal e aceleração cardíaca, ajudando a serenar a ansiedade dos mais ciumentos.


    Que bom que já podemos controlar todos que amamos com essa genial combinação de braçadeira de prisioneiro com o polígrafo!
    E os que nos amam (ou não) a nós também.
    1.6.05

    Playmate da semana: Marilyn
    Ela faz hoje anos! (Obrigado, Sara!)

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