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28.6.05
O R.Oliveira escreveu um post no Insurgente sobre "Heterofobias" - muito aclamado, entre outros, pelo LA-C e o JPT. O post é impecável, mas desagrada-me um pouco a unanimidade do aplauso. Escreve o R. Oliveira: [...] Estou a falar da tentativa de controlar o pensamento através do controlo da linguagem que, aliás, é o fim último do totalitarismo que está presente no politicamente correcto.[...] Onde o post é omisso é na menção de que o objectivo do políticamente correcto, o controlo da linguagem, é uma reacção ao controlo da linguagem pela ideologia (anteriormente) dominante. Claro que o R.Oliveira sabe tão bem como os comentadores que não existe tal coisa como uma linguagem inocente. Mas ao contrário da contaminação ideológica da linguagem que normalmente se processa de forma oculta, o politicamente correcto declara abertamente as suas razões e os seus objectivos. Isso distingue a linguagem do politicamente correcto do Newspeak orwelliano. Assim, concedido toda a legitimidade e necessidade duma observação crítica da linguagem do políticamente correcto, não há dúvida que o lado da transparência, da "Aufklärung" (o termo "esclarecimento" alemão é muito melhor do que o português/francês "iluminismo"), ainda é o dele. Adenda: Disse aqui em cima que o post do R.Oliveira é impecável. Não é. Não é pela atribuição do adjectivo totalitário ao politicamente correcto. Deixei me enganar pelo facto de existirem, na pretensão de influenciar a linguagem, efectivamente semelhanças com o que se chama totalitário em política: O objectivo de alcançar comportamentos sociais à partir do que está nas cabeças das pessoas, e o uso da linguagem para isso, que, é verdade, alcança duma forma total e subliminar todos os aspectos da vida social. Mas a associação do politicamente correcto a regimes sanguinários e ditatoriais, que inevitavelmente acompanha o termo totalitário, é totalmente injusta, e a insinuação que por detrás dos promotores do politicamente correcto se encontra um regime (ou pretendentes a um regime) que procura o domínio total das pessoas, é desonesta e demagógica: Não há aqui ninguém que procura "controlo" de coisa alguma. |
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