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  • 30.4.06

    Margarida Parente: Flores
    29.4.06
    Fame

    “E se em todo o mundo uma em cada duas pessoas me lesse, ainda perguntar-me-ia o que, caramba, os outros andam a fazer.”*

    Quem escreve com fins literários quer exprimir-se e quer ser ouvido. Mas nem todos têm a sorte de Margarida Rebelo Pinto, cujos anseios, angústias, medos e sonhos, reflexões e verdades íntimas têm a qualidade de serem exprimíveis numa linguagem que está ao seu alcance como também ao de dezenas de milhares de leitoras, que as partilham.
    Outros tiveram de fazer uma escolha. O “Nós Pimba”-Emanuel, por exemplo, vi uma vez num debate na televisão defender o valor do que faz, com inteligência e pertinência. Afirmou que encontra satisfacção, uma satisfacção até altruista e nobre, em ser objecto dos sonhos húmidos de muitas e muitas mulheres frustradas do Portugal profundo, e mais, uma luz e um estímulo na sua vida. Acreditei, mas não consegui deixar de imaginá-lo em casa a ouvir Mozart às escondidas e sofrer com o fosso que o separa dele, não só em qualidade mas em sinceridade.

    O amigo olha para mim: Vá lá, deixa-te de coisas, tu também queres leitores, quanto mais, melhor, como todos. - É verdade, mas há um límite para além de que não estou disposto a deixar este desejo influenciar aquilo que quero comunicar, nem a forma como.
    Podem, incrédulos, achar essa afirmação desonesta, uma racionalização do insucesso, uma tentativa de transformar um fracasso numa escolha deliberada, adoçada com a aura de desinteressado e nobre. Não é que essa explicação psicológica não podia estar acertada - nego-o no meu caso, claro -, mas ao lado dela existe uma explicação simples e racional: O que me serve conseguir comunicar a muitos, se aquilo que comunico deixou de conter o que sou?

    O reconhecimento ambicionado não se mede para todos em dinheiro, nem pelo grau de notoriedade, nem só pelo número dos leitores. Verifiquei-o quando, com quinze visitas diárias, recebi os primerios links de bloggers que estimava. O que me levou a citar Phil Collins:
    In the beginning, I didn't set out to be famous. I was just a drummer who wanted to be respected by other drummers who I respected.


    * Cito de memória já não sei quem, que foi referido por já não sei quem. Shaw? Pedro Mexia?

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    28.4.06

    Bruce Nauman: White anger, red danger, yellow peril, black death
    27.4.06
    Incompetência social

    Já bem adulto apercebi-me, com espanto, de que há pessoas que comprem presentes para tê-los armazenados, para os casos em que surge uma necessidade repente de oferecer algo, nos anos dum familiar, na mudança de casa dum amigo etc.
    Convence-me a utilidade desta prática, mas por uma estranha razão algo inibe-me de adoptá-la.

    Da mesma forma tinha, quando comecei este blogue, o objectivo de criar um repositório de posts para dias desinspirados. Também este um objectivo que nunca concretizei...

    Via Adufe.
    Venus in blue jeans
    26.4.06
    A ler

    A série Os tubarões não mentem de Filipe Nunes Vicente.
    As portas que Abril fechou de Eduardo Pitta.
    Integração e Desentendimentos antigos de Helena Araújo.
    E ainda a Terra da Alegria.

    Como especial favor ao JPT do Ma-Schamba, o playmate desta semana é de sexo masculino. Paul Newman fotografado por Dennis Hopper.
    25.4.06
    Onde é que você estava no 25 de Abril?!

    A Susana repete, e muito bem, a pergunta que fez há dois anos o Jumento. Aproveito a deixa para republicar a minha resposta, uma vez que o Quase em Português, na altura, só tinha uma pequena fracção dos leitores que tem hoje.

    Eu? No 25 Abril 1974?

    Não vivia em Portugal e isso tem de servir de desculpa porque não me lembro do que fiz neste dia.
    Tinha catorze anos e vivia em Brüggen, uma vila alemã mesmo muito pacata perto da fronteira holandesa. Sei que na altura andava com a Elke, que era a filha do chefe de polícia da capital do distrito, que o Willy Brandt se demitiu duas semanas mais tarde (isso fui verificar agora no Google) e que mais tarde no ano caiu o Nixon (sabia isso ainda sem ajuda do Google). Também ganhámos o campeonato do Mundo neste ano...

    Mas lembro me bem dum Sábado no fim deste verão, onde o meu primo Michael, dez anos mais velho que eu e estudante em Berlim, apareceu numa festa de família - um baptizado - com uma pilha de discos: "Poder Popular".
    O meu primo tinha-se deslocado este verão, como muitos dos seus colegas, para Portugual com o fim de ajudar para que a revolução tome o caminho certo. Agora estava de volta e com a venda destas gravações de canções revolucionários, feitas numa cooperativa alentejana, tentava angariar fundos para a boa causa. Depois ia voltar à Berlim e prosseguir com os seus estudos. Era um rapaz ajuizado.

    Lembro me bem porque isso animou a festa, que antes disso era, como todas as festas deste género, dum tédio insuportável. Adorei o debate que se desenrolou, e que foi principalmente protagonizado, para além do meu primo, pelo meu pai e pelo meu tio Emil (Ex Waffen-SS), e adorei como implacávelmente ignoravam todas as tentativas desesperadas dos meus outros tios, todos beatos, de amenizar o clima e desviar a conversa. Também devo ter contribuido com a minha opinião - era bom em opinar nestes tempos, muito melhor do que hoje.
    O meu pai acabou por comprar dois discos, para compensar pelo tio Emil, que era o único que não comprou nenhum. Até os meus tios beatos compraram discos, provavelmente na esperança de assim acabar com a discussão...

    Nesta altura não me coloquei a pergunta que me intriga hoje: O que é que os portugueses achavam de todos estes auto-proclamados instrutores da revolução, que, depois do fracasso do Maio '68 em casa, e cientes de que na RFA ninguém lhes ligava nenhuma, se julgavam com vocacão para ensinar aos pobres portugueses o verdadeiro caminho para a sociedade sem classes?
    ______________

    Quando hoje passo pelo Alentejo, reparo, sempre com bastante incómodo, em alguns deles que ficaram, ou talvez uns anos mais tarde voltaram de vez, com uma pequena herança no bolso e o sonho de uma vida simples mas confortável na mente, e se estabeleceram como agricultores ecológicos, ou, depois disto se ter revelado demasiado árduo, como agentes imobiliários que vendem a Costa Vicentina aos meus compatriotas que ainda não realizaram a sua fuga da inhumana sociedade alemã...
    24.4.06
    Tugir quase em português

    Para o Quase em Português, de Lutz Brückelmann, é uma iniciativa coerente com a concepção que desde início o enformou: um blogue de autor, pessoal e intransmissível, aberto a curiosidades e interesses muito diversos. A publicação de um post de um grande bloguista português, que os leitores do Quase em Português vão poder conhecer numa parte significativa, sem qualquer custo, honra o blogue e é consistente com a sua orientação desde sempre.
    Mudei a música

    Led Zeppelin: Babe I'm gonna leave you
    23.4.06

    Christian Schad: Graf St. Genois d'Anneaucourt
    21.4.06
    A falta de educação não é exclusivo dos anónimos

    Quando li ontem o artigo do José Pacheco Pereira no Público sobre os comentaristas anónimos, não pude deixar de concordar com muito da sua análise e de sorrir com algumas observações certeiras.
    Mas ao contrário do Luís, indignei-me de ler isto no Público e não só no Abrupto. Embora como qualquer bloguista contente quando vejo a minha blogosfera em destaque na comunicação social, achei de elementar falta de decência elencar uma série de comentaristas para desancar neles num meio de comunicação em que não terão qualquer hipótese de resposta. O a-vontade com que JPP usa o enorme desequilíbrio de poder entre ele e estes, a falta de pudor em referir uma série de comentaristas com o "nick", para lhes atribuir sumariamente as características de compulsivos, ressabiados e intelectualmente inválidos, sem se certificar de que a todos aplicam todas, – o que não é o caso pois há entre os comentadores elencados quem tem blogues muito respeitáveis, como a Zazie, e alguns, que para além disso nem sequer são anónimos, como a Sabine – não deixa nada a dever ao pior do que, de forma genérica, correctamente atribui à “classe” visada.

    Adenda:
    Ando desde ontem de consciência pesada, por ter escrito que o JPP "de forma genérica, correctamente atribui à 'classe' visada" as características de compulsivos, ressabiados e intelectualmente inválidos. Passou-me entretanto pela cabeça - quando o escrevi não me passou - que os comentadores habituais do QeP podiam achar-se incluidos nesta minha apreciação. Nada seria mais errado! Quem vem aqui regularmente sabe que este blogue deve muito aos seus comentadores e orgulha se deles. O estado algo alterado, em que as caixas de comentários aqui se encontraram nas últimas duas semanas, não pode invalidar isto.
    Palavras inocentes

    A Sara Monteiro chama a atenção a um repertório especialmente perigoso de linguagem ideologicamente intoxicada, que não abordei no post anterior: as expressões idiomáticas. Um exemplo seu: "Um preto de alma branca".

    Em 1986, um Presidente de Câmara duma vila perto da minha terra na Alemanha foi obrigado a demitir-se, por ter dito, em sessão de câmara, “para sanar as finanças públicas teriamos de matar uma data de judeus ricos.”*
    O pobre homem não propôs literalmente matar judeus, o que aliás seria difícil na Alemanha porque estes, por razões conhecidas, já não ali abundam, e também não foi criativo: não inventou a metáfora naquele momento. Usou somente uma inocente expressão idiomática com qual, aludindo à uma prática antiga de compôr o erário público, pretendia exemplificar a dificuldade de resolver o problema.

    Se alguém me perguntar, explicarei porque aqui houve falta de inocência, mesmo na hipótese de o Senhor Presidente se achar honestamente inocente.

    *(Em defesa da Alemanha 1986: Eu ouvi essa expressão pela primeira vez naquela ocasião.)
    20.4.06
    O que distingue um homossexual dum paneleiro?

    O Afonso Bivar tem razão. Não se deve discutír a questão do racismo como se tudo fosse da ordem das conotações que as palavras do racismo podem revestir. Concordo que não é possível usar uma linguagem sem reconhecer e reforçar, à partida, a ideologia que a moldou, através da inevitável submissão implícita à sua organização categórica. Ao abrir a boca, e todos começamos neste ponto, estamos a discursar numa linguagem ideolocicamente enformada, tal com o nosso pensamento.

    Ficamos mudos então, até vir a linguagem pura? Poderiamos esperar sentados, mas felizmente não é preciso. Não teria havido desenvolvimento civilizacional, se esse condicionamento fosse absoluto. A história das ideias, nomeadamente o iluminismo, provam que foi possível desenvolver um pensamento divergente, crítico e alternativo ao dominante que saiu dele mesmo que se julgou único e verdadeiro.

    Não empreendo nenhuma refutação da crítica que o Afonso Bivar fez, justa na medida em que ela responde mais a uma inabilidade minha de me exprimir do que numa divergência das ideias. Pois se ele se mostra incomodado com a utilização desinibida do vocabulário de genese racista, não advoga por isso a proibição do seu uso. Só recomenda cuidado.
    Só. Aqui estou de acordo, ma non troppo.
    Ter cuidado pode significar manter-se longe dos territórios perigosos, ou movimentar-se neles, com redobrada atenção. A tese central do meu post foi que temos excesso do cuidado do primeiro tipo, e falta do segundo.

    Já me virei repetidamente contra a moda de denunciar tudo e todos como “politicamente correcto”, como uma forma preguiçosa de denegrir posições adversárias sem se dar ao trabalho de desenvolver argumentos.
    Nestes casos, o “politicamente correcto” e a sua denúncia enfermam do mesmo mal, da limitação à luta pelo campo da linguagem, pela ocupação do discurso com os próprios conceitos. Não nego a legitimidade desta luta, e muito menos a sua utilidade no combate ideológico, mas o que me faz espécie em ambos os lados é a sua infertilidade, pois se contenta com a imposição da própria interpretação da realidade no lugar da do adversário. Falta-lhe vontade de entendimento, e isto não no sentido dum desejo beato de harmonia, mas no sentido de falta de respeito pela realidade. A luta pela imposição da ordem categórica da própria ideologia é uma péssima postura para quem quer aprender algo, é a desistência de aproveitar a dissência com o adversário como oportunidade tanto de compreender como de convencer.

    O “politicamente correcto” (PC), na medida em que ele incide sobre a linguagem como seu campo de acção principal, passa essencialmente pela proscrição e substituição de certo vocabulário, apostando, nem sempre mas muitas vezes com sucesso, em que se ultrapasse o mero eufemismo e que a nova palavra acabe por modificar também o próprio conceito. Todavia, o efeito mais imediato e elementar, e por vezes único, é a identificação social e política de quem use o vocabulário alternativo, que o marca como pertencente ao grupo dos “correctos”. Quem diz homossexual em vez de paneleiro mostra ao mundo que não é homofóbico.
    É verdade que isto faz parte da natureza do combate político, o combatente político não conta nem espera que todos que pretende levar para o seu lado acompanhem e digerem o seu raciocínio, basta-lhe para já ou para sempre, que eles se limitem, uma vez persuadidos de uma forma ou outra, a reproduzir as suas conclusões.
    Obviamente, a mim isto não me satisfaz.

    A adopção acéfala da linguagem PC, que tanto irrita os seus críticos, é porém não mais estúpida nem mais frequente do que a igualmente acéfala reprodução da ideologia dominante. Só, como esta última, ao contrário do que os críticos do PC nos querem fazer crer, ainda é o padrão omnipresente, dá muito menos nas vistas.

    Em concreto, é justo perguntar o que distingue, para além da avaliação por connotação, o paneleiro do homossexual. Embora que não nego, como disse, a força da organização categorial da linguagem, o seu efeito nocivo é mais difícil de demonstrar do que encontrar exemplos do falhanço de tentativas de combaté-lo através da eliminação de conceitos considerados politicamente incorrectas. Há tempos, no defunto Acidental (já não linkável), Henrique Raposo defendeu que não existia tal coisa de homossexual. Só existiam comportamentos homossexuais. A ideia parece clara, à primeira vista. Queria eliminar-se a catogoria e julgava-se assim eliminar também a discriminação dos que encaixam nela. À segunda vista, o disparate não é dificil demonstrar, no caso dos “homossexuais”, como dos “judeus”, dos “negros” etc. Posso discutir a bondade e utilidade do uso de eufemismos, na lógica “da ordem das conotações que as palavras do racismo podem revestir”, mas não está no meu poder eliminar os conceitos, sob pena de perda de realidade. Este reconhecimento não é idêntico com o reconhecimento da inocuidade destes conceitos. Podia, a titulo de hipotese (que não defendo, mas isto não interesse para o exemplo) estar, em teoria, a favor da extinção da categoria “homossexual”. Mas omitia então o facto de que este conceito continua a existir nas mentes dos outros, que não partilham a minha visão, como nas mentes dos próprios visados, que têm toda a legitimidade de o escolher como elemento identitário.
    Tenho a maior reserva perante tentativas de construir uma linguagem alternativa “correcta”. Em vez disto sou pela desmontagem e pela subversão da linguagem dominante. A própria ideia do “correcto” já enferma do germe dum positivismo ingénuo e perigoso.

    No fundo, o que quis fazer no post criticado, era exactamente o contrário do que “discutír a questão do racismo como se tudo fosse da ordem das conotações que as palavras do racismo podem revestir”. Defendi num exemplo concreto, um post do Dragão, de abstrair das conotações das palavras usadas e dar uma oportunidade ao texto de ser lido pela sua argumentação. Não significa isto excluir um juizo de valor sobre o texto que também tem em conta as conotações das palavras usadas, mas suspendê-lo. Também não significa ignorar o poder estrutural da linguagem ideológicamente marcada. Significa suspender processos de intenção e ter disponibilidade para interessar-se por um texto, para o que se pode ler nele, para além das contaminações ideológicas eventualmente identificadas.
    Se a argumentação em si não for absurda, ela tem direito à consideração e resposta, independente das intenções do autor que lhe possa suspeitar, por causa da sua linguagem.

    P.S.:
    Nunca é de mais ressalvar-se de malentendidos: Não digo que a linguagem é inócua, e que não faça parte da menságem. Faz e muito marcadamente. Os efeitos, no caso concreto, bem tristes, notavam se especialmente no tipo de aplauso que os posts do Dragoscópio receberam. Não sei por que razão o Dragão fechou as suas caixas de comentário. Esta poderia ter sido uma boa.

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    19.4.06

    Playmate da semana: Venus (Alessandro Allori)
    Obrigado

    O post anterior pode ler-se, e acertadamente, como um desabafo sobre o feedback que me disse directamente respeito no debate das velas. O Quase em Português é um blogue pessoal e assim, claro, em boa parte sobre mim. Mas neste caso não foi. Pelo contrário julguei-me, em alguns aspectos, menos envolvido do que outros que podiam ver-se, numa interpretação que não acho a correcta mas compreensível, envolvido como partido, seja como judeu, seja como português. Foi isso que fez sentir-me mais livre para fazer as perguntas que fiz. Como era de esperar, não escapei de ser também alvo de críticas, algumas bastante agressivas. Mas não saio deste debate magoado.
    Isto não é sobre mim, não mais do que sobre qualquer um. Portanto, este post seria superfluo se não fosse para agradecer sentidamente, antes de voltar a minha condição de bloguista privativo, a todos que nos últimos dias me deram palavras de apreço.
    18.4.06
    Incomunicação

    Se soubesses, JPT, como estou farto de virar cada palavra dez vezes, antes de postá-la. E mesmo assim vem a porrada. Resta-te fazeres um esforço que ela venha de todos os lados.
    Tolerância tridimensional

    Só agora li este post da Natureza do Mal na íntegra. Um texto fundamental!
    Rua Augusta

    Todos os dias quando vejo os jovens assediar os passantes para impingir-lhes não-sei-o-quê, ao contrário dos mendigos e dos vendedores de coisas ilegais que ali também exercem, arranjados e bem-educados, visivelmente instruidos, mas sobretudo altamente motivados, faço uma pequena oração pedindo a Deus que os meus filhos nunca tenham que passar por isto. E não a faço tanto porque espero que o futuro lhes reserve algo melhor, o que espero, mas para que Ele lhes poupe a deformação moral, que este trabalho impõe aos desgraçados.
    17.4.06

    Princesa árabe e criada
    A vida precária dos blogues

    Ainda não conformado com a morte do franco atirador, tenho de ler do autor do Prozacland, que lhe parece que o seu blogue acabou. Não se confirma, felizmente, o aparente fim dos Dias felizes. Outra boa notícia é o aparecimento da Cidade Vaga, do Miguel Cardina.
    16.4.06
    Eu vou.

    Sempre o debate sobre as velas levou alguém a mudar de ideias: A mim. Eu vou.
    Não foram os comentários à favor que me levaram a mudar de ideias.
    O que aconteceu à criança que descobriu que o Rei ia nu?

    Não queiram saber.

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    15.4.06
    Tentar navegar em águas agitadas

    Caro Nuno,

    fico grato pelo teu post sobre o debate do teu apelo. E fico grato e feliz com a tua apelidação de mim como amigo, apesar das posições divergentes que temos nesta questão e de alguma desilusão que te adivinho na tua apreciação do meu repto. Pois quando dizes que nunca imaginaste que poderias ser intimado (o itálico é teu) a explicar-te e a expor as razões (idem) subjacentes a tal iniciativa, não posso deixar de me achar visado. Fui eu que te pedi de precisares “em nome de quem, a quem e para quê” lançaste o teu desafio.
    E recusas de responder, fazendo tuas as palavras de Francisco José Viegas:

    “Não estou na disposição de discutir com ninguém a ideia de eu acender uma vela em homenagem às vítimas do Pogrom de 1506 e da Inquisição portuguesa. Eu vou. Não obrigo ninguém a ir. Não exijo que ninguém vá. Pedi a alguns amigos que me acompanhassem. A minha decisão é puramente individual, e quando escrevo «nós vamos» refiro-me aos que vão e querem ir. Portanto, não estou disposto a discutir aquilo que a minha liberdade individual e as minhas opções e crenças me levam a fazer.
    Aliás, não entendo nem a natureza da discussão nem o seu objectivo.”

    Sinto aqui bastante crispação que me parece toldar o raciocínio. O que pode ser razoável para o FJV, que não lançou este desafio, deixa-me algo perplexo da tua boca. Fazes um apelo, mas recusas-te a explicá-lo melhor a quem o solicita? Que devo concluir disto? Que me enganei, que o apelo não me era dirigido? Que a minha pergunta é tão absurda, que mais ninguém se interessará pela resposta? Ou que achas que o meu pedido de explicação não merece resposta por ser de má fé?

    E porque entendes o meu pedido como intimação? A minha pergunta não foi retórica. É verdade que, para a minha triste surpresa, também ouvi da boca de outro blogger que estimo muito, do Gabriel Silva, que essa pergunta constituia um processo de intenção. Tentei imaginar como lhe podia ocorrer essa ideia, e conclui que acha que quis insinuar motivos inconfessáveis. Mas por acaso só me ocorrem motivos confessáveis. No post O comentário do alemão apresentei duas possiveis leituras. Duas leituras muito claras e explícitas. Nenhuma delas indigna e escandalosa, só diferentes. Uma assumiu a defesa duma causa comum a todos a quem se dirige o apelo, outra a defesa duma causa particular.
    Acho que a possibilidade da leitura de que a comemoração teria como objectivo não só a memória, mas o reconhecimento duma dívida moral por parte dos portugueses para com o povo judeu, afasta possiveis apoiantes. Se esta leitura não é intendida, não seria melhor evitá-la, na medida do possível? Mas se ela também o é, não seria então melhor, em nome da transparência, deixar isto claro?
    (Eu pessoalmente não acho que intendes o reconhecimento duma dívida moral, mas percebo que alguém possa achar o contrário. Não estou 100% seguro que não o fazes, mas digo-o outra vez: reclamar esta dívida não seria escandaloso!)

    Dizes ainda:
    “Nada disto teria acontecido se os mortos não fossem judeus portugueses; se este desafio à lembrança e à preservação da memória não tivesse sido feito por um judeu; caso não tivesse partido de um blog marcadamente judaico escrito por um judeu. Este “questão” não existiria (nunca!) se eu não fosse quem sou…”

    É verdade. Só, porque o escreves confirmando uma observação minha, tenho de prevenir dum malentendido: Quando desejei que tivesse sido um não judeu (o Rui MCB) a lançar o apelo das velas no dia 19 de Abril, não entendi, obviamente, que se devia ou podia omitir o facto de que os assassinados do massacre de 1506 foram judeus e foram assassinados por serem judeus. Muito pelo contrário. Só que achava que teria sido melhor para o apelo, se ficasse acima de qualquer suspeita que ele foi feito para lembrar os nossos mortos, os nossos crimes, para o nosso bem. Ainda vou explicar melhor a minha insistência no “nós”...

    Felizmente acabaste por exprimir ainda de forma muito clara o que te moveu para o apelo. A memória. Eu acredito, mais, sei: A Rua da Judiaria é prova como estás empenhado na preservação, na reconstrução da memória dos judeus portugueses. E o sucesso do teu blogue é o reconhecimento do serviço que com isto prestas não só aos judeus mas também aos portugueses em geral.

    Mas com esta manifestação isto é diferente. Aqui não só tomamos conhecimento da história. Esta homenagem é um acto simbólico em que as pessoas participam partindo de pontos de partida diferentes. Para ti ela é a evocação de mais um episódio do sofrimento do teu povo judeu, nada melindrosa para o teu, o vosso amor-próprio colectivo. Para os portugueses não judeus, ela é o reconhecimento dum episódio vergonhoso, que mancha a época mais constituinte para o seu orgulho nacional. Para além da inevitavel ferida narcísica (perdoa-me o psicologismo) que o reconhecimento público deste crime constitui para a alma nacional, há um outro problema que agrave a resistência à homenagem:
    Que uns se sentem convocados pelos representantes das vítimas para participar nela como representantes dos assassinos.

    Para que os descendentes das vítimas e os descendentes dos assassinos consigam lembrar conjuntamente os mortos de 1506, é preciso construir um “nós” que abrange todos da mesma forma, e em que cada participante se assume tanto como representante dos perpetradores como das vitimas. O que é possivel, na irmandade que partilhamos num plano superior ao dos nossos povos, na nossa humanidade.

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    13.4.06
    Angústia

    Se a Carla continua assim, posso terminar a minha série de Playmates.

    Com as minhas sinceras desculpas pelo atraso, a playmate desta semana: Parvati (1000 d.C.)
    11.4.06
    O comentário do alemão:

    Há quem ache que com o post anterior corri um certo risco. O JPT disse que com ele o QeP se assumiu como blogue de referência (grande gargalhada!) e desde então deixei de ser o "simpatico alemão" e passo a ser "o c... do huno". O Dragão até entendeu de me dispensar da obrigação de linkar o seu contributo para o meu inquerito, pois não queria que me comprometesse a minha reputação!

    O silêncio com que foi recebido o desafio do Nuno Guerreiro parecia-me esconder mais do que indiferença. Fiz uma pergunta específica, mas não era só a resposta a ela que queria. O post vem na sequência da discussão que travei, nas últimas duas semanas, nomeadamente com a Helena do Dois Dedos de Conversa, sobre os limites da liberdade de expressão. Quis demonstrar que o tabu do anti-semitismo não só inibe as pessoas de dar opiniões insultuosas e de incitar a violência, mas também inibe a exposição de opiniões nada indecorosas que simplesmente são desfavoráveis em relação à causas judaicas. O que acho mal.

    Contava com algum eco, não com tanto. Contava com alguma emoção, algum ressentimento, mas não com tanto. No muito que se escreveu nos comentários aqui, nos outros posts, mas também nas caixas de comentários destes, a irritação, o ressentimento ultrapassa em quantidade e intensidade os comentários e posts ponderados. Mas houve excelentes contributos, que dão argumentos e que dão que pensar, e que por si só, para mim fizeram valer a pena o meu repto. Só como exemplos, um em favor do Não e um do Sim, destaco os posts do Miguel Silva e do Rui MCB, a quem ainda quero exprimir a minha admiração pela forma como se aguentou com uma paciência angélica num ambiente maioritariamente hóstil e carregado de emoção, para não usar outro termo mais forte.
    Fiquei admirado de que as pessoas que sentem tanta, digamos: irritação, com a proposta do Nuno Guerreiro que mesmo depois duma dúzia de comentários esta não lhes passou, não caiem em si e se perguntam a si próprios de onde toda essa raiva vem, e se isso não é ressentimento? (Sim, Zazie, essa é para ti, não só mas também.)
    Nem toda a irritação, nem todo o ressentimento será necessariamente anti-semitismo. Mas também houve-o inquestionável, apresento aqui um exemplo quase tocante na sua extrema candura, nesta pergunta num comentário a um post do Dragão: “Sejamos honestos... há alguém que goste de judeus?” Pergunta-se o que é a experiência de vida de quem acha natural que ninguém goste de judeus. Será que no seu dia-a-dia vê-se vítima deles, a si, os seus familiares, os seus vizinhos? Ou a resposta é do Umberto Eco, citada pelo Timshel?

    Será que exagerei, que abri uma “caixa de Pandora”? Respondo com um não convicto, e se abri, que acho que valeu a pena!
    Porém não ignoro, ou pelo menos imagino, que para o Nuno Guerreiro a leitura do que se escreveu aqui deve ser dolorosa: tomar contacto com tanta aversão, ressentimento, ódio. Para mim a seria, se estivesse no seu lugar. E fico genuinamente triste. Mas como disse, suprimir que ele se exprime não me parece melhor.

    O Nuno ainda não respondeu ao meu pedido de explicar em nome de quem, a quem e para quê lançou o desafio. Talvez ainda vai, talvez não queira responder.
    Eu achei-o importante. Porque, anti-semitismo a parte, a crispação resultou talvez dum malentendido. Pois o seu desafio pode ler-se:
    “Eu, português, desafio os meus compatriotas para que encaremos a nossa história de frente, em nome da verdade, em nome das vítimas de então e para que possamos, através de tomar consciência do perigo dos ressentimentos, evitar vítimas no futuro.”
    Mas também:
    “Eu, judeu, desafio os portugueses para assumir a vergonha dos crimes que eles cometeram contra os meus antepassados, e para reconher a sua dívida moral para com o povo judeu.”

    Ao primeiro apelo, entendo eu, qualquer português pode corresponder de bom grado.
    Ao segundo... Tenho a maior compreensão para os que mandam dar uma volta a quem faz o segundo. (Obviamente Portugal 2006 não se compara com a Alemanha 1945, nem com a Alemanha 2445.)
    E é verdade que o Nuno não está muito bem colocado para evitar a ambiguidade do apelo. Mesmo se quisesse, não vejo como se podia livrar da suspeita que não tem motivos da segunda.

    Por fim não quero furtar-me a responder a minha pergunta: Eu não vou acender uma vela, por causa da ambiguidade do contexto, e porque como estrangeiro que não tem nada a ver com este massacre, não me parece útil dar lições aos portugueses. Mas vejo com muito respeito e simpatia pessoas como o Rui MCB que o fazem. Tomara que teria sido ele a lançar o desafio!

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    9.4.06
    Porquê (não) as velas no 19 de Abril?

    Linkei aqui ao lado os posts do Nuno Guerreiro sobre o Pogrom de 1506. Não fiz ainda eco do seu apelo de vir na Quarta-feira, dia 19 de Abril à Baixa de Lisboa e acender uma vela em sua memória.

    Alguns bloguistas juntaram-se ao apelo; sei de outros que, menos abertamente, mostraram o seu pouco entusiasmo com a ideia. Suspeito que entre os muitos que ignoram o apelo, há quem o faz para poupar-se de ter que discutir o seu desagrado com a proposta.

    Gostava muito de ouvir os argumentos de quem se incomóda ou irrita com o apelo. Como gostava de ouvir o Nuno explicar em nome de quem, dirigido a quem e para quê o fez.

    Uma discussão aberta e controversa sobre isto acharia muito mais útil do que a congregação, no dia 19, de umas centenas de pessoas bem intencionadas e emocionadas, e de um número que não sei estimar, mas acredito ser maior, a torcer, às escondidas, o nariz e a engolir um comentário desagradável.


    Adenda: Para além dos comentadores aqui em baixo já se pronunciaram o Musaranho do Cocanha, o Rui do Adufe, o Miguel do Tempo dos Assassinos, o LNT do Tugir, a Abrunho do Contemplamento, o JPT do Ma Schamba, o Dragão no seu Dragoscópio, o Marco do Povo de Bahá, a Helena no 2 Dedos de Conversa, a Ana Cláudia no Amigo do Povo, o João Tunes do Água Lisa 6, o AMC do Porque, o Francisco José Viegas da Origem das Espécies e a Carla do Elsinore. A ver também este post do Minicente com links para os vários posts que o Luis Carmelo escreveu sobre o assunto. O Luis da Natureza do Mal também apoia o apelo da Rua da Judiaria.

    Agradeço a quem me faculte links para blogues que tomaram posição em relação à questão das velas, que vou incluir nesta lista, enquanto não incluirei blogues que só referem o Pogrom de 1506 ou posts sobre ele. Claro que a caixa dos comentários está aberta para estes links.

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    8.4.06
    Villon

    Ein schwarzer Efeu frißt sich tief
    in meine Wand hinein. Ich hänge schief
    vom Mond herab. Ich rinne hin
    zum Schleim des Wurms. Ich wurme auch.
    Und wachs herauf aus einem neuen Bauch
    und wilder, als ich bin.

    _______________

    A black ivy’s creeping deep
    into my wall. I’m hanging steep
    down from the moon. I’m mingling in
    the vermin’s slime. I’m vermin too.
    And grow out of another womb
    and wilder than I’ve been.


    Procurei, mas não encontrei o original destes versos de François Villon. Talvez ele não existe, pois o "tradutor", o poeta alemão Paul Zech, era conhecido por ser tudo menos rigoroso com a verdade. De Villon o não, eles são dos meus favoritos de sempre. Como não consegui em português qualquer coisa que se assemelhe a uma tradução, teintei-o em inglês.
    7.4.06

    Marie-Denise Villers: Mademoiselle d'Orgnes
    6.4.06

    Numa selva remota dum país longínquo, rezam relatos, grassa uma doênça horrível.
    Um parasita apodera-se do organismo, e embora não o matando, condena-o a uma vida de suplício, cansativa e penosa, pois consome toda a sua energia e tira-lhe qualquer esperança de alcançar objectivos com que podia ter sonhado.
    O parasita tem a especificidade de que, uma vez bem instalado, assume funções vitais do organismo, de maneira que a sua remoção põe em perigo a sobrevivência do hóspede.
    A medicina do país já elaborou e ainda elabora inúmeros tratados sobre as melhores formas de eliminação do parasita, mas na prática os curandeiros, bem como os próprios doentes, vêem, não sem razão, como inimigos perigosos os que querem aplicá-las. Ao contrário, eles estão empenhados em proteger e alimentar o parasita, em nome do bom senso, confirmado por longa experiência. Afinal viver é preciso.

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    5.4.06
    Os meus bons votos...

    O Luis M. Jorge descobriu que tinha mais que fazer do que um dos melhores blogues portugueses.
    Espero sinceramente que a sua desistência se assemelhe à de outro dos meus bloguistas preferidos.

    Não sei os nomes dos playmates da semana.
    São dum espelho de bronze de Coríntia, do século IV a.C.

    Quero destacar o post do Marco Oliveira, "Relativismo", que na sequência do seu post da semana passada "Teismo e Monismo", é um excelente contributo para a compreensão do fenomeno da religião e, como quase tudo o que ele escreve, para ideia ecuménica. O proselitismo do Marco, e isso apreço imenso, até chega ao ponto de parecer querer, mais do que vender a própria confissão, promover o entendimento inter-religioso. Verdade é: Uma coisa tem a ver com a outra.
    4.4.06
    hummsendrummsenfuckit
    Inquérito

    Se fosse – ou é – funcionário da administração pública, por exemplo chefe de secção, ou empresário, por exemplo arquitecto profissional liberal, e tivesse de decidir sobre a candidatura do tal funcionário de Évora a um emprego sob a sua responsabilidade, a sua história
    a) aumentava
    b) deixava inalteradas
    c) reduzia
    as suas hipóteses de ser escolhido por si?
    3.4.06
    Confessa-lá!

    JPT, só falas assim porque não conseguiste acabar La Recherche...
    Falando do meu negócio

    Se não tivesse projectos que beneficiassem de cunhas, podia fechar a loja. Todos os outros dão prejuízo.
    Em homenagem ao funcionário público anónimo

    Gostaria de dar aqui o nomo do funcionário referido, mas deixei o Público de ontem em casa, e não sou subscritor online.

    A história consta no caderno local (Lisboa) de Domingo. Um arquitecto da Câmara Municipal de Évora foi suspenso por um ano, sem vencimento, por desobediência às ordens superiores.
    Fez o que? Recusou-se de antecipar a apreciação dum processo que ainda não estava na sua vêz, de acordo com a ordem de entrada. Inflexível resistiu às pressões da sua chefe de secção, mesmo quando esta lhe transmitiu que o despacho rápido do processo seria a vontade expressa do vereador. Cometeu ainda outra insubordinação: Deu um parecer desfavorável a um projecto que ocupava a Reserva Agricola Nacional, contrariando também aqui as indicações dos seus superiores.
    Neste caso, estes acabaram por aprovar, a revelia do parecer do técnico, o projecto. O que está nos seus poderes, segundo as regras da administração. Só não está de acordo com a lei no que diz respeito à matéria de facto. Pois o próprio departamento jurídico da CME entretanto confirmou o parecer preterido.

    Isto passou-se em 2005. O funcionário apresentou queixa contra a sua suspensão no Tribunal Administrativo e ganhou. Pode voltar agora ao emprego. Tudo acabou bem, então? - Disse ao meu colega aqui, quando lhe contei a história, que o rapaz, para poder voltar a estar feliz, terá que pedir a transferência. - Ah sim? perguntou ele, para onde?

    Adenda 5.4.06:
    Aqui pode ler-se o texto integral do artigo do Público e uma vasto debate sobre ele.
    2.4.06

    Paul Klee: Cena de batalha da ópera cómica "o navegante"
    1.4.06
    Objecto impúdico

    De facto, isto não fica nada bem, menos ainda a um blogue com fins comerciais, e menos ainda a uma editora.

    Adenda no 2.4.06:
    Sendo o da literatura um dos meus blogues preferidos, nomeadamente pelos posts do Eduardo Pitta, registo com pena que no post com que pretende pôr o ponto final nesta discussão se limita a desconversar. O dispositivo retórico usado não faz justiça à inteligência nem dos visados nem do autor: Pedir desculpas numa questão efectivamente sem importância, e remeter a questão central a "minundências". Ou acha que a alguém convence a distinção entre um template comprado e pago, cuja cópia seria ilegítima, e um template da criação própria, que nos quer fazer crer ser por isso do domínio público? Isto vindo dum autor, é mesmo estranho!
    Stanislaw Lem

    Só agora soube pelo blogue do Rui Tavares que morreu Stanislaw Lem.
    Os seus romances O Invencível e Soláris impressionaram muito o leitor adolecente que fui. Mas também nunca esquecerei outro livro dele que li nesta altura, nos anos setenta: Os relatos do capitão Pirx, viajante solitário do espaço que visitava civilizações mais avançadas do que a nossa, e nos contava as coisas hilariantes que lá se faziam, como a do planeta em que as mudanças sazonais da moda já transitaram do vestuário para o próprio corpo, e onde os seus habitantes - imagine-se só! - procuravam em vez do couturier o cirurgião plástico!

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