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  • 8.8.04
    Férias



    Quando outros vêem o mundo, o emigrante vai a sua terra. Estarei de volta em Setembro, embora que não é impossível que consiga postar antes, se me apetecer...
    Uma iniciativa de dimensão histórica!

    Como arquitecto só posso saudar a ideia proposta pelo meu colega José António Saraiva, de criar uma nova câpital no interior, no triângulo Abrantes - Castelo Branco - Portalegre.
    Depois da Expo e do Euro, o que falta ao país é um novo grande projecto de escala nacional!
    Sou assim declarado apoiante da primeira hora!
    Espero que desta vez os responsáveis pela distribuição dos projectos, levarão isso em conta e não me esquecem de novo, como nas ocasiões anteriores. (Estou confiante que a teórica necessidade de encomendar projectos de edifícios e infraestruturas públicas, também desta vez pode ser contornado ou desvirtuado com sucesso, como já foi possível nas referidas ocasiões anteriores.)
    E a encomenda, neste caso, devia chegar para muitos: Um ou dois ministérios, um ou dois prédios com algumas centenas de escritórios, já me chegavam para a primeira fase. Depois talvez alguns estudos e planos urbanísticos para os novos bairros residências dos políticos e funcionários da administração. A realização destes prédios já podia deixar-se ao cargo do investimento privado. Da mesma forma como as necessárias dependências das principais empresas nacionais e internacionais, que inevitávelmente nascerão ali por necessidade lobiística. E as respectivas habitações dos funcionários destas empresas. A construção civil (espanhola - mas pode se sempre fazer alianças e metê-la umas duzias de quadros portugueses -) também beneficiaria da construção das novas embaixadas!

    Declaro desde já que prescindo de participar no projecto da nova auto-estrada e da linha de comboio de grande velocidade que naturalmente serão necessários. Pensando bem: Ainda não tenho no curriculo uma estação...

    Não posso deixar de exprimir a gratidão ao meu estimado colega, o director do Expresso, que com esta fantástica iniciativa, tirou-me do meu estado inerte e proto-depressivo, e devolveu-me a esperança! Como aconteceu certamente a muitos outros intervenientes na economia portuguesa. Assim que merece a gratidão não só de alguns, não: da toda a pátria.
    (Que não é a minha, eu sei, embora as vezes tendo a esquecê-lo, - mas em todo o caso é a da minha mulher e dos meus filhos.)
    7.8.04
    Hiroshima

    Der den Tod auf Hiroshima warf
    Ging ins Kloster, läutet dort die Glocken.
    Der den Tod auf Hiroshima warf
    Sprang vom Stuhl in die Schlinge, erwürgte sich.
    Der den Tod auf Hiroshima warf
    Fiel in Wahnsinn, wehrte Gespenster ab
    Hunderttausend, die ihn angehn nächtlich
    Auferstandene aus dem Staub für ihn.

    Nichts von alledem ist wahr.
    Erst vor kurzem sah ich ihn
    Im Garten seines Hauses vor der Stadt.
    Die Hecken waren noch jung und die Rosenbüsche zierlich.
    Das wächst nicht so schnell, dass einer sich verbergen könnte
    Im Wald des Vergessens. Gut zu sehen war
    Das nackte Vorstadthaus, die junge Frau
    Die neben ihm stand im Blumenkleid
    Das kleine Mädchen an ihrer Hand
    Der Knabe der auf seinem Rücken sass
    Und über seinem Kopf die Peitsche schwang.
    Sehr gut erkennbar war er elbst
    Vierbeinig auf dem Grasplatz, das Gesicht
    verzerrt vom lachen, weil der Photograph
    Hinter der Hecke stand, das Auge der Welt.


    (Marie Luise Kaschnitz)

    ________________

    Hiroshima

    Quem lançou a morte sobre Hiroshima
    Entrou num convento, toca la os sinos.
    Quem lançou a morte sobre Hiroshima
    Saltou da cadeira, para a forca, estrangulou-se.
    Quem lançou a morte sobre Hiroshima
    Caiu na loucura, defende se de fantasmas
    cem mil, que o visitam a noite
    ressurectos do pó para ele.

    Nada disto é verdade.
    Há muito pouco vi-o
    No quintal da sua casa às portas da cidade.
    As sebes ainda eram novas e as roseiras graciosas.
    Isto não cresce tão rápido, para que alguem se possa esconder
    Na floresta do esquecimento. Era bem visível
    A despida casa suburbana, a mulher jovem
    Que estava no seu lado no vestido florido
    A menina pequena na sua mão
    O menino que estava sentado nas suas costas
    E que agitou a chicote em cima da sua cabeça.
    Muito bem reconhecivel era ele mesmo
    de gatas no relvado, a cara
    destorcido pelo riso, porque o fotógrafo
    Estava por de trás da sebe, o olho do mundo.
    6.8.04
    O flaneur

    O que me agrada no Classe Média, são sobretudo as suas observações que faz na cidade de Lisboa, e que muitas vezes me levam a dizer para mim: Exactamente, já vi isso assim.

    O Classe Média é um flaneur no sentido de Benjamin, e encontrando-me frequentemente num papel semelhante, surpreende-me como ele, não beneficiando da condição de estrangeiro como eu, consegue aliar o necessário distanciamento ao intimismo, que esta postura exige.

    Sempre julguei exactamente este olhar ser o meu príncipal câpital para ser um bom arquitecto e urbanista.
    Só assim...

    "Só ha uma solução quando se vive num ambiente medíocre, entre medíocres: recusar a mediocridade. Recusá-la sistematicamente, permamentemente, teimosamente, como o estômago recusa certos alimentos que lhe repugnam. Chegar mesmo à heroicidade de ter diante dos olhos interlocutores medíocres, e falar-lhes com a aplicação de quem estivesse a conversar com sábios da Grécia. O que não quer dizer, evidentemente, que a grandeza nasça desssa preservação. Nem disso se trata. O problema é de pura higiene mental. Conformado com o seu estalão, por mero amor à saúde do espírito, qualquer tamanho humano pode, e deve, lutar assim profilacticamente contra a infecção da insignificância, a mais temível de quantas são habituais nesta terra. É que, depois de contaminado, o doente deixa de sentir o mal que o macula. Fica imune à consciência da própria perdição."

    (Miguel Torga, citado no (In)firmus)
    5.8.04
    Com ele aprendi ver...


    Henri Cartier Bresson
    4.8.04

    Playmate da Semana: Nu (Modigliani)
    Quem diz que os liberais não têm moral?

    It's not just left-wingers and Democrats who call for and admire socialism but right-wingers and Republicans as well.
    Republicans and right-wingers support taking the earnings of one American and giving them to farmers, banks, airlines and other failing businesses. Democrats and left-wingers support taking the earnings of one American and giving them to poor people, cities and artists. Both agree on taking one American's earnings to give to another; they simply differ on the recipients. This kind of congressional activity constitutes at least two-thirds of the federal budget.
    Regardless of the purpose, such behavior is immoral. It's a reduced form of slavery. After all, what is the essence of slavery? It's the forceful use of one person to serve the purposes of another person. When Congress, through the tax code, takes the earnings of one person and turns around to give it to another person in the forms of prescription drugs, Social Security, food stamps, farm subsidies or airline bailouts, it is forcibly using one person to serve the purposes of another.


    (Walter Williams citado por AAA no Blasfémias)

    Aparece aqui o liberalismo como ideologia pura e não como teoria (económica e política) que defende - de forma não metafísica - que a solidariedade social organizada pelo estado (o socialismo, a social-democracia) não é inferior ao liberalismo quanto aos seus últimos fins, mas por causa da sua provada inviabilidade concreta.
    Temos aqui o axioma ético liberal equivalente ao cristão "ama o teu próximo como a ti próprio", que diz "o que é meu é meu é meu!"

    Ambos axiomas são imunes à pergunta simples: Porquê?
    __________________

    Tendemos fazer essa pergunta só quando encontramos afirmações que não condizem com as próprias crenças. Isto aconteceu comigo por exemplo com o lema do Liberdade de Expressão:

    O Liberdade de Expressão é um Blog de inspiração Liberal defensor do direito à vida, à Liberdade e à propriedade honestamente adquirida, herdada, desenvolvida ou produzida.

    Nunca me lembrei perguntar "porquê" relativamente ao "direito a vida", nem ao "direito a propriedade honestamente adquirida, desenvolvida ou produzida".
    (Embora só o direito a vida subscrevo de forma incondicional. O direito a propriedade também subscrevo, mas posso enunciar uma série de casos em que este pode e/ou deve ser limitado. Depois, é claro, "honestamente" é um termo que depende de interpretação.)
    Agora "herdado"... Porquê?
    Defendo, e isso é metafísico, eu sei, que todos os homens deviam nascer com oportunidades iguais/equivalentes. E em termos económicos e políticos (e talvez não só), acredito na meritocracia.
    Herança, para mim, é algo imoral. Embora reconheço que na prática aqui não consigo ser coerente. Não vou herdar muito, mas não tenciono recusá-lo. E darei o pouco que eventualmente tiver aos meus filhos. É por saber dessa minha fraqueza, e por detestar de dar dinheiro a um tão pessimo gestor como o estado, que não defendo, em concreto, a total confiscação das herança pelo estado. Mas ninguem merece herdar.
    __________

    Este post é especialmente dedicado ao Timshel, que há muito tempo se empenha no seu blogue para demonstrar que o liberalismo é imoral.
    2.8.04
    "Money doesn't make happy, but free!"

    Não me lembro doutra frase sobre o dinheiro que me convenceu tão de imediato.

    (Ouvi esta frase a uma jovem Ucraniana, entrevistada na rua, cerca de um ano após a queda da União Sovietica.)

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