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30.9.04
Há poucos dias descobri que sou um liberal radical. Toda a gente sabe que ser liberal é estar a favor: - da não ingerência do estado na vida das pessoas; - da não ingerência do estado na família e na educação dos menores; - da não promoção pelo estado (muito menos imposição) de estilos de vida, valores e normas de comportamento para além dos mínimos necessários para proteger a liberdade do indivíduo; - do não envolvimento do estado no apoio social aos necessitados; - da liberdade de expressão; - da liberdade de imprensa; - da economia de mercado; - de que a procura deve livremente definir a oferta. Aplicando as minhas recem-descobertas máximas liberais ao caso do desaparecimento/assassinato da Joana, ao interesse "popular" que despertou e à sua cobertura mediática, concluo que ser liberal implica ser profundamente cínico ou profundamente pessimista. Ou escapou-me algo, Gabriel Silva? 29.9.04
"A man held his son to me and said "take him". He knew that in Ireland, his son would live, in Ethiopia, he would die. I turned him down." Bono Vox no Congresso do Labour-Party Playmate (salvo seja) da semana: Indian godess O que realmente gosto na Terra da Alegria - e hoje falo dos seus residentes -, é que lá se discutam questões* que intrigam muita gente, sejam católicos ou de outra crênça qualquer, sem que se ouve o tom de sermão. Nada contra sermões, desde que não sejam dirigidos a mim. Um sermão tem a sua razão de ser, mas somente para os párocos que se reunem na igreja para o ouvir. Em todas as outras ocasiões, para qualquer um que está fora, é difícil de aturar e, do ponto de vista de quem o dá, contra-producente. Quero dizer, o que é tão especial neste espaço religioso, é que realmente consegue falar para fora. E não me refiro aqui a facto de existir uma edição Terra da Alegria Extra, nas Segunda-feiras, em que crentes e não-crentes de diversas confissões (incluido eu) são convidados à escrever - isso é um bom exemplo da postura dos autores principais do projecto Terra da Alegria -, mas a abertura está tão manifesto nos contributos para a edição original, como se pode verificar também hoje. O segredo é que eles colocam as questões a eles próprios, genuinamente, e não, como em regra no sermão, de forma retórica: como pretexto para vender a resposta. É por isso que me atrai este blogue tanto, hoje como há meses atrás. ______________ * As perguntas de Kant: O quê posso saber? O que devo fazer? O que devo esperar? e O que é o homem? 28.9.04
elas foram libertadas! 27.9.04
Num recente programa de televisão sobre a cosmologia e o Big Bang, percebi finalmente algo que me tinha escapado durante tantos anos que conheço esta teoria e que me interesso pela cosmologia (como amador, claro, esforçado consumidor dos livros de Stephen Hawking ou de Michio Kaku). Lá explicaram como o universo era tão pequeno nos primeiros nanosegundos: Do tamanho duma ervilha, duma bola de ténis... Isso já sabia. Via a animação no ecrã de televisão, como, a partir do nada, surge uma bolinha de luz, pequenisssima primeiro, que cresce, para depois dividir se em nébulas, as galáxias, que se afastam cada vez mais uns aos outros, deixando espaço vasto, imenso, frio, escuro... O erro: Apesar de no fim me imagino estando dentro deste espaço (como ele se vê no ceu), quando vejo a bola pequena, imagino a, sempre imaginei essa bola de fora! O que é obviamente errado. Tem que imaginar-se no seu interior, porque fora dela não há nada, NADA mesmo, nem espaço, nem tempo! Por outro lado, essa noção de que não existe nada fora desta esfera, do nosso universo, é tão lógica como não provada e não verificável. É verdade que não pode haver nada fora do nosso contínuo de espaço-tempo, isto é, enquanto usamos a palavra fora como preposição de espaço; se a usamos como preposição ontológica, já não podemos dizer que nada existe fora dele. Não sabemos... 26.9.04
...depois doutra Sagres, contentar-me-ei com o post que me sai... 25.9.04
Esta fotografia de Helena Almeida encontrei na Seta Despedida, que hoje já está um ano em voo. Parabéns! ...mas de longe o melhor que tenho lido sobre o problema da colocação dos professores são os textos dos leitores do Abrupto. Verdadeiro serviço público, como só alí é possível. 24.9.04
Giotto: La pregaria dels pretendents Não arrisco traduzir o título do quadro, que roubei do quadernet, um blogue catalão com uma "pinacoteca" de belissimas imagens! 23.9.04
Escreve o PPM no Acidental: "...não alinho no clima de histeria que se criou à volta de um problema que é real e que nos deve preocupar a todos, mas que tem sido manifestamente exagerado por razões de puro oportunismo político. Quando se ouvem as diversas oposições a pedir a demissão de uma ministra por causa de um erro num programa de computador..." O homem tem razão: Então programas de computador não têm sempre erros? E desde quando é suposto que as coisas funcionam? Na administração pública portuguesa?! O PPM faz aqui uma coisa genial, se não fosse tão corrente: abstrair da questão técnica - do programa que não funciona - o efeito que este têm sobre as pessoas reais, as suas vidas. É uma forma de pensar e funcionar muito paradigmática para esta sociedade: Toda a gente sabe que os procedimentos administrativos em Portugal são, por regra, estapafúrdios, complicadissimos, contraditórios, injustos e desumanos, se aplicados em concreto. Já não a ninguém passa pela cabeça que isso podia ser diferente. É assim. Há muito as pessoas deixaram de espantar-se com isso, e também de indignar-se com isso. Em vez disso, pensam em remédios. Em evitar, distorcer ou contornar a sua aplicação. Isto é um mandamento do bom senso. Daí advém a justificação moral da cunha, da pequena batota, do esquema. As regras não devem ser levados à letra, sob pena de catástrofe. É isso que o programa da Compta não percebeu. (Coitado do programa, exigir-lhe "bom senso português"!) E por isso tem toda a lógica da decisão, tardia mas inevitável, pela realização manual do processo de colocação. E se, o que acho menos provável, também isso falhar, ainda não está perdido tudo, porque sempre há outro proverbial remédio: paciência! Já tinha reparado nele, mas só por instigação do Guia dos Perplexos cheguei a lê-lo com a devida atenção. De facto há aqui um blogue novo muito bom! 22.9.04
O Quartzo, Feldspato & Mica faz anos...
...e publica o seu mais que merecido fan-mail! A não perder! Diz o João Miranda: "Não existem soluções políticas para problemas técnicos." Dizia o outro: "Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica." Playmates da semana: Ninfas com Hylas (J.W. Waterhouse) Hoje o Fernando Macedo alí escreve sobre a Providência divina, e não foge à pergunta óbvia e pertinenete: Onde é que está Deus num mundo de tanto sofrimento injusto? O Fernando dá a (sua) resposta, que me parece correcta (embora ainda não sei ao certo se entendemos realmente o mesmo nela), e que remete, como eles tivessem-no combinado, ao post seguinte, do Timshel, sobre a omnipotência ou não de Deus... Embora que este ainda só é o primeiro de três - os outros estão prometidos para as próximas edições de Quarta-feira da Terra - ele responde, numa abordágem muito interessante, já a essa questão: Deus não é omnipotente. O que salva a Sua honra. Mas deixa muitas perguntas em aberto. Certamente para um católico, mas também para mim... Voltarei ao assunto. 21.9.04
"I read somewhere that as you get older the braincells associated to anxiety begin to die." (Leonard Cohen, citado aqui) Um post denso, muito recomendável, no Partículas Elementares. Mas concordo mais com ele do que às vezes acho bem... Um ano sabático e de reflexão para alunos, professores, ministros e funcionários do Ministério de Educação. "Ainda há pouco todo o mundo elogiou os portugueses pela excelente organização do Campeonato Europeu de Futebol. Muito justamente. E assim foi com a Expo. Mas para assegurar o normal funcionamento das coisas banais, mas indispensáveis para a nossa vida quotidiana, já não sobra nenhuma." (Margarida, a minha mulher e professora) 20.9.04
Andy Goldsworthy: Broken Pebbles Realmente, podia fazer-se a coisa certa, mas era sempre possível, que todos os outros a consideravam errada. Até podiam ter razão. (Sten Nadolny: A descoberta da lentidão) É mal-educado fazer piadas com o nome das pessoas. E é ainda mais mal-educado contar segredos das pessoas no dia do seu aniversário. Mas como é muito chato estar sempre bem-educado, digo o: Não sei se o nome é genuino, nome familiar alemão ou holandés, ou se é, como também pode ser, ainda camouflado por um "f" a mais, uma metáfora discreta e muito bem escolhida: o topónimo do lugar onde se encontram quatro rapazotes. Seja como for, os meus sinceros parabéns! 19.9.04
E assim ela aí está, a nossa obra, tão de pedra e estranha, tão autónoma, tão uma vez para sempre. Encara-te, sem acenar, sem sorrir, assim como nunca nos tivessemos conhecido; sem agradecer e sem perdoar. Depois de ter olhado para ela por muito tempo, e depois de superado os primeiros terrores, até dizemos: Não está mal, não se pode dizer que está mal! Lembra isto e aquilo, que nos alegrou e tornou feliz, ao projectá-lo, enquanto ela ainda era uma ideia. E ainda assim, é desconsolador. ... Tudo o que está pronto, diz-se, tudo o que está pronto, cessa de ser alojamento do nosso espírito. (Max Frisch: Bin, ou a viagem para Pequim) 18.9.04
Rogier van der Weyden: Estudo da cabeça da Virgem 17.9.04
Ontem vi na RTL alemã (via TV-Cabo) um documentário sobre os artistas mágicos Siegfried e Roy. Devo começar por dizer que Siegfried e Roy representam, em termos artísticos, o expoente máximo do que rejeito: Kitsch pomposo, um espectáculo que afoga tudo que a magia podia ter de poético, num mar de efeitos especiais; ou seja, uma estética para a qual Las Vegas se tornou parádigma. Mas eles são também protagonistas da realização do American Dream. Hà trinta e muitos anos, dois jóvens alemães, provenientes de famílias pobres e disfuncionais, encontram-se num paquete, onde ambos trabalham como hospedeiros. Sigfried tem, para além dos seus deveres de steward, um segundo emprego a bordo: faz espectáculos de magia para os viajantes. Roy, uns anos mais novo, que tem um invulgar dom para com animais, passa a assistir-lhe. Ficam parceiros. Apostam tudo na magia. Vivem on the road. Têm sucesso. Emigram para América. E chegaram ao topo: Contrato vitalício milionário com um dos melhores hoteis de Las Vegas, com os seus shows diários, cade vez maiores, esgotados meses em avanço, passam a ser uma instituição nesta cidade. No ano passado, Roy foi agredido por um dos seus tigres e ficou desde então, para além de com uma disfiguração facial, que a cirurgia plástica conseguiu remediar modestamente, lateralmente paralisado, de forma parecida como acontece a muitas pessoas vítimas dum AVC. O documentário de ontem, que era dum formato televisivo tipo Mundo-VIP, concentrava-se, para alem numa recapitulação da história da sua vida de sucesso, na luta dos dois contra a deficiência do Roy: Como já voltou a falar quase normalmente, e como ainda se esforça imenso e acredita que um dia pode voltar a andar. Uma história comovente sobre a coragem, a esperança, e sobre o amor. Pois isso é que me impressionou mais nesta história: o indisfarçável e indisfarçado amor entre os dois. A forma como os dois, com a maior naturalidade, assumem a desgraça que aconteceu ao Roy, como a desgraça dos dois, e a luta para recuperar as capacidades perdidas, com a mesma naturalidade como a luta comum do casal. Ambos devem estar próximos dos seus sessenta anos, e deram-me a indubitável ideia de serem um casal feliz, que já passou junto por muitos anos de vida, bons momentos, maus momentos, solidários, fiel, e que estão bem com o que fizeram e com o que são. Como era de esperar, nunca no programa alguém mencionou a sua homosexualidade - e se aqui falo dela, não o faço com mais provas do que a impressão que me facultou o próprio programa. De facto, a sua homossexualidade também não era nem tinha que ser assunto neste documentário, sendo uma coisa somente absolutamente evidente, natural e fundamental para a compreensão de toda a história. Mas a verdade é que sabemos que isso não é assim. Estes dois, a sua vida, representam como pouco a America. Mas nessa mesma America, tanto como cá, a homossexualidade é considerada tudo menos do que natural. 16.9.04
Há bloggers que são mais blogger do que nós outros. Não me refiro aqui aos seus posts, nem ao seu conteudo, nem ao número deles, muito menos ao número dos seus leitores. Falo duma diferença analoga à que há entre cidadãos duma sociedade. Há uns que o são mais do que outros, porque se assumem mais como tais, são mais participativos, contribuam mais com o seu empenho, o seu trabalho, as suas ideias. O Luis Ene é - na blogosfera - um cidadão destes. Que dá, para além do convívio virtual, para o qual todos nós contribuimos e que usufruímos, algo mais. Que enriquece aquela esfera estranha com as suas iniciativas e projectos, e lha confere assim algo - passe o paradoxo - substancial. Agora o Luis lançou um novo projecto: Criar uma antologia (impressa) de textos da blogosfera. Convida todos para lhe enviar, por e-mail, seis textos. E pede para divulgar este projecto, claro. 15.9.04
Se há uma coisa que me sempre passou ao lado, era a Madonna. Ha música - mesmo música pop - muito melhor, meninas (no seu tempo de menina) mais giras, e as provocações sexuais... meu deus, quais provocações sexuais! Uma ícone duma geração que não é a minha, tudo bem. Esgota o Pavilhão Atlântico duas noites de seguida. É notícia. Mas para ser capa do Público anteontem, mais três páginas inteiras no interior; ser capa do Público ontem, mais outras três páginas no interior, e ainda mais duas páginas inteiras hoje?! Há aqui um contrato de promoção sob o pretexto do jornalismo? Será que o director e o staff do Público são mesmo todos fás incondicionais? Provavelmente não. Deve ser mesmo só eu, que não percebo. Playmate da semana: Sibyl Rouge (Bettina Rheims) (= "Assassinio de reputação") Sempre o "segredo da justiça" me incomodou, embora que reconheço que haja alturas e situações em que é mesmo necessário. Mas não tenho nenhuma dúvida que um processo criminal tem que ser essencialmente público, só isso dá confiança que ele não é objecto de maipulações. Mas não acho correcto que testemunhos em processos criminais, incluindo a identificação de pessoas, mesmo sendo materias já legalmente - e necessáriamente! - públicas, sejam publicitadas de forma como faz actualmente um blogue, que não linko, para não contribuir a essa publicitação. Sou uma pessoa com curiosidade e admito ter lido as (alegadas) transcrições dos testemunhos. Os crimes são hediondos. Se as pessoas lá mencionadas como autores dos crimes o são ou não, não tenho condições para avaliar. Mas muitos leitores, mesmo se recusam formar juizos sobre os alegados criminosos com base nestas informações, não deixam de ficar afectados na apreciação destas pessoas. 14.9.04
August Macke: Promenade NÃO: Não quero nada. Já disse que não quero nada. Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer. Não me tragam estéticas! Não me falem em moral! Tirem-me daqui a metafísica! Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) — Das ciências, das artes, da civilização moderna! Que mal fiz eu aos deuses todos? Se têm a verdade, guardem-na! Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo, ouviram? Não me macem, por amor de Deus! Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. Assim, como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para que havemos de ir juntos? Não me peguem no braço! Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho. Já disse que sou sozinho! Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia! Ó céu azul — o mesmo da minha infância — Eterna verdade vazia e perfeita! Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflete! Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta. Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo... E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho! (Álvaro de Campos) 13.9.04
... festeja hoje o aniversário. Para além desta obrita efémera, do blogue própriamente dito, criei algo que me motiva para continuar: As relações de amizade com outros bloguistas e leitores. Eles foram - e continuam – realmente importante para mim! Embora sentindo-me pouco motivado e inspirado, vou por isso continuar, mesmo que seja com menor quantidade e qualidade, esticando a sua paciência, eles que me perdoem... Ao aniversariante, o José e o seu Guia dos Perplexos, muitos parabéns, obrigado e um abraço! As minhas opiniões já não me convencem... Hoje há Terra da Alegria
Sem contributo meu nesta Segunda-feira, mas com textos de Marco Oliveira (Povo de Bahá), Filipe Alves (Respública) e Zé Filipe (Enchamos tudo de Futuros)! 10.9.04
Chaleira e chávenas de Kasimir Malevich (1923). No site onde encontrei a imágem dizem: "They rank among the most important pieces of functional modern sculpture of the twentieth century." ... Funcional! ... Mas porquê andar como todos, se tambem se pode andar de pé cochinho? 9.9.04
...entre um amigo (6 anos) e o meu filho (4 anos): Amigo: - Os gauleses não tinham medo de nada! Só tinham medo duma coisa, que o céu lhes caisse em cima. - Pois. - Mas são estúpidos, o ceu não pode cair! - Pois claro que não: Está preso pelas núvens! Etiquetas: sel Quando cheguei em Portugal, há dez anos, ainda nunca tinha ouvido falar da Opus Dei. Foi cá que ouvi pelas primeiras vezes pessoas a falar-me do fulano A ou B, figuras públicas, serem da Opus Dei, e fizeram-no neste tom conspirativo no qual se transmita um segredo que não é própriamente segredo, ou seja: um boato. Ou seja: um segredo um pouco compremetedor e desagradável. (De forma muito semelhante aliás, como se ainda fala em Portugal da alegada homossexualidade de certas figuras públicas.) Quem me falou assim da Opus Dei, não me podia dar, naturalmente, mais informações para satisfazer a minha curiosidade do que aquela de que se tratava duma organização secreta de leigos católicos, com estreita ligação ao Papa. Muito obscuro e muito perigoso... A Opus Dei é mesmo isso? Porque é secreta? O quê é que ela faz? O que lí e ouvi é pouco: que foi fundada por um Espanhol no século passado, e que o seu objectivo principal é levar os leigos católicos á sanctificar a sua vida. A minha curiosidade é, o que é que isso significa em concreto, e menos para uma pessoa individual - isso não se me aparenta tão difícil de compreender ou imaginar - mas para uma organização, uma organização secreta? Talvez um católico esclarecido e honesto, de que sei que há vários aqui na blogosfera, pode livrar-me dos meus preconceitos e suspeitas? Devo ainda dizer que este post foi inspirado por este post do Blogo...Existo... 8.9.04
Playmate da semana: Modelo do pintor (Botero) 7.9.04
Conheci nas férias na Alemanha, em casa da minha irmã, um jovem casal de judeus. Oriundos da Ucránia, resolveram primeiro emigrar para Israel. Dois anos depois, vieram para Alemanha, com o seu filho pequeno. Gostariam de lá ficar, mas não vão conseguir autorização de residência permanente. Se tivessem vindo directamente dum estado da antiga URSS, teriam esse direito, mas como cometeram a gaffe de escolher Israel como primeiro país para onde emigrar, perderam-no. Contaram que se sentem desiludidos com a comunidade judaica residente na cidade (Frankfurt), que não os apoia na sua pretensão e que se sentem, pelo contrário, censurados como uma espécie de desertores. Assim, quando ele acabar o seu curso, terão que voltar para Israel. Entre as coisas que lhes desagradam lá está a que nunca poderem viajar no mesmo autocarro, porque têm que reduzir a probabilidade de que o seu filho fique orfão de pai e mãe ao mesmo tempo. 6.9.04
O João Miranda foi muito criticado por publicar, na ocasião do massacre de Beslan, duas fotografias de Grozny. Mas não por mim. Acho este post muito apropriado e pedagógico. Não é só preciso contrariar os que clamam agora pela vingança - que temo vai acontecer, e atingir inocentes outra vez - como também aqueles que se acham especialmente justos se classificam bem no campeonato da indignação. Também eu não sei exprimir o que sinto perante aquelas imágens de barbarie. E ultrapassa-me, apesar de todo o esforço, compreender como os terroristas não encontram algo dentro deles que os impede massacrar as crianças mesmo olhos nos olhos. Mas por isso não devemos fechar os olhos perante o sofrimento, provavelmente ainda maior, que o exercito russo inflige aos Tchechenos, mas que não aparece na Televisão. Claro que os crimes do exercito russo (que tem um chefe supremo, que é Sr. Putin) não reduzem em qualquer coisa o crime de Beslan. Mas o contrário também é verdade. Os crimes não se equilibram, somam-se. Noutro post, também no Blasfémias, o PMF advertiu que uma "solução política" seria provavelmente inviável, porque os terroristas se movem por impulsos de fé e não por interesses. Talvez estamos mesmo perante uma nova cruzada de islamicos fanáticos. Se se pode negociar com estes, não sei. Também terroristas fanáticos têm interesses, mesmo que sejam só de ordem táctico. Mas admitindo que só nos resta defender-nos deles, como se se defende contra catástrofes naturais: a violação sistemática dos direitos humanos, como acontece na Tchechenia não só continua sempre injustificável, como também contraproducente. Nem os fanáticos movidos por impulsos de fé se mexem num espaço vazio. Devo escrever um post, mesmo sem nada para dizer? Não, obviamente. Mas sim, por respeito pelos leitores que continuaram e continuam a visitar este blogue, por acharem, aparentemente, de o valer a pena. Não sei se ao curto ou médio prazo os desiludirei como outros, que passaram por aqui por engano. Mas devo um agradecimento aos primeiros, e reconheço que sinto me um pouco mal, quase como quem não cumpriu uma promessa. Não gosto propriamente de posts metablogísticos, muito menos se repetem coisas que outros já escreveram inumeras vezes, como este, mas tinha de ser. Agora posso esperar melhor até me ocorrer algo que me parece interessante. Ou que me sinto a vontade de contribuir também com a minha opinião, coisa mais fácil, sobre problemas de actualidade, como o Barco do Aborto, a Casa Pia, ou o massacre de Beslan. 1.9.04
... e não tenho ainda nada a dizer. Talvez amanhã... |
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