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17.6.05
Quando escrevi o post da "aproximação voluntária" fi-lo para levantar uma questão que acho importante, e não para atacar ou desacreditar o Timshel enquanto pessoa ou nem sequer as suas opiniões. Tive escrúpulos por saber que especulava sobre os motivos de outrem, e também porque sabia das grandes diferenças entre o exemplo referido com Cunhal e o que quis apontar a ele. Disse-o no post. Mesmo assim, fiquei algo apreensivo com a sua reacção. Porque seria difícil dissipar a ideia de haver má fé da minha parte, ao comparar declarando saber que não devo comparar, ao adivinhar motivos declarando saber que não devo fazer processos de intenção. Mas esperava, conhecendo o Timshel, que ele não me atribuiria má-fé. Como calculava, o Timshel não me levou mal. E para a minha surpresa, houve ainda outra pessoa, que assumiu, de livre vontade, que enfiou o capucho: a Helena. (Ocasião para dizer como me acho feliz por ter interlocutores assim; não por me terem dado razão, mas por me terem dado razão num caso em que seria menos embaraçoso negá-la!) Mas outro amigo, o José do Guia dos Perplexos, não gostou. Aponta a ilicitude das minhas comparações: A de Timshel com Cunhal, e a do PCUS com o Papa Bento XVI. Não tenho como me defender. Evidentemente, o Timshel não é, nem de longe, Cunhal e o Papa não é o PCUS (ou Brezniev). É o problema das comparações, que as coisas comparadas (pessoas, instituições, neste caso) incluem sempre imensos aspectos em que a comparação não se justifica, para além daqueles que a motivaram. E é verdade que por isso as comparações são uma arma eficaz e popular no combate intelectual desonesto. Com elas consegue colar-se características ao visado que não têm nada a ver com ele. Reconheço que a crítica do José me afectaria mais, se não houvesse o eco positivo nos comentários, do Timshel e da Helena, claro, mas também do C.Indico, que diz: “Os 3 : Lutz, José(?) e o Nuno G. sentados a uma mesa simplesmente a conversarem”. É o que tento fazer no blogue, na medida que me é possível: falar como estivesse a conversar com amigos, o que me leva a faltar ao rigor – na escolha dos exemplos, por exemplo – e ao respeito, espicaçando o amigo com a insinuação de motivos, para fazer o meu ponto e para ver o que ele diz. É verdade que há diferenças e a blogosfera não é a mesa do café: as coisas ficam escritas, podem ser citadas e mal interpretadas, para além de lidos por virtualmente toda a gente. Mas decidi de não – ou pouco – importar-me com essa diferença, até ver. Agora, caro José, respondo à duas críticas à exigências no meu post que não fiz: Que um católico, um bloguista católico ainda mais, se dedica à tarefa de dar a conhecer a si e a outros os pensamentos do novo Papa, acho tão natural como legítimo. Até eu, não católico e discordando de grande parte do que lhe conheço, interesso-me por ele. E esforço-me, em nome da honestidade intelectual, para que a minha curiosidade não seja contaminada pelo desejo antecipado de atacar e desfazê-lo. Mas pela mesma razão estou atento para um eventual desejo antecipado de concordar, que julguei ter cheirado nos posts do Timshel. Ambas as posturas seriam, no meu entender, incorrectas, embora psicologicamente compreensíveis e até a um certo degrau inevitáveis. Não me excluo, evidentemente, desta avaliação. E assim posso dizer-te que a tua censura do meu P.S. se baseia certamente num malentendido. Longe de mim de exigir ao Timshel que abjurasse da sua eventual vontade de aproximação ao pensamento do Papa. Quem sou eu para exigir tal coisa?! Simplesmente quis dizer: E se me enganei redondamente ao adivinhar-te essa vontade, peço desculpa por ter montado uma crítica em cima dessa insinuação. |
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