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  • 9.6.05
    Portuguesismos

    Em geral não me causa muita repugnância a língua portuguesa.
    Mas há algumas idiosincrasias aos que me habituei com custo, ou ainda contrariado, e outras aos quais ainda não me consegui habituar.

    Assim a predilecção para verbos reflexivos, como faz-se, esclarece-se, resolve-se, ou ainda em conjugação com os gerúndios, como o vai-se andando, vai-se fazendo, sempre me impressionava e ainda me impressiona pelo esforço que acusam em evitar a identificação de quem deve fazer, esclarecer, resolver; e no caso dos gerúndios, ainda o cuidado de evitar a ideia do momento em que as respectivas actividades devem estar concluídas, em que porventura se podia exigir resultados.

    Pelo contrário os superlativos, como delicadíssimo, interessantíssimo, importantíssimo etc., que me fizeram espécie durante muito tempo, já entraram, para o bem e para o mal, no meu próprio vocabulário. Embora ainda me lembro que aprendi no liceu, que o seu uso excessivo nós reduz a expressividade da língua, e que aprendi em casa, que o seu uso excessivo é um sinal seguro dum baixo nível cultural.

    Outra coisa que me incomodava e ainda incomoda, é a forma complicada e pretenciosa da comunicação escrita, embora reconheça que ela já levou, desde que se impôs o e-mail na correspondência profissional, felizmente um golpe saudável. Mas ela continua carregada dum número impressionante de salamaléques, tão desonestos como supérfluos. Tantos excelentíssimo Senhores, Doutores, Engenheiros, mas sempre Excelências, tantas fórmulas ocas e exageradas como o agradecendo desde já a atenção disponibilizada pelas V.Exas ao assunto, etc. etc. ou Subscrevemos com a maior consideração que as V.Exas nos merecem
    Também a essa linguagem já aderi, embora contrariado e de forma moderada, por obrigação profissional. Mas continuo a não gostar.

    Uma coisa que só recentemente descobri e que me irrita sobejamente, são os ismos depreciativos, como o tecnicismo, o economicismo, ou o igualitarismo. Serve-se destes termos como rótulo quem é demasiado preguiçoso ou incapaz de descrever o que quer criticar, e o leitor fica a saber, que se fala de algo que tem vagamente a ver com técnica, economia, igualdade, mas no mau sentido! O quê exactamente? Como? - Não interessa, é mau.

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