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28.6.08
Sei que todos vos estão a torcer, não pela vitória da Espanha mas pela derrota da Alemanha. Está nas entrelinhas em cada jornal, em cada reportagem televisiva, e embora em conversa alguns de vocês ainda mostram alguma delicadeza na forma como o admitem, não tenho ilusões. Sei: salvo os meus filhos, nenhum português que conheço torce pela Alemanha. Antes do nosso jogo contra a Áustria, que tínhamos de ganhar para não sermos eliminados, um amigo meu, portuga, informou-me que torcia pela Áustria. Só para ver a Alemanha eliminada. Quando lhe lembrei que já nem passámos da fase dos grupos em 2000 e 2004, deixou-se de rodeios. Que desculpasse, mas ver Alemanha perder nunca seria demais! De facto, tão habituado a generosos exercícios de dissimulação, quando a nossa irritante supremacia está em questão, desculpei-o logo. Fique o amigo perdoado. Vocês estão perdoados também. Mas em contrapartida decidi, desta vez, dispensar-me do exercício hipócrita de humildade e assumir plenamente também os meus sentimentos atávicos. Quando amanhã seremos novamente Campeões da Europa e a nossa Mannschaft terá feito o seu dever - não mais do que o seu dever - e evidenciado mais uma vez a superioridade alemã, isso irritar-vos-á solenemente. Porque não já hoje irritar-vos também com a arrogância que alegadamente tanto caracteriza a minha nação e a minha gente? Tentar, através do próprio exemplo, contrariar os clichés que se nutrem sobre os alemães, dá trabalho e é sempre um exercício inglório, e nestes dias falta-me a pachorra. Somos fortes, eficientes, arrogantes? - Somos. Tomem-lá! Somos feios e pouco elegantes? Se o achem... Havemos de viver com isso. Aturar a inveja é o preço que o melhor tem de pagar. Não custa muito. |
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