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  • 28.1.06
    Johannes Rau (1931-2006)

    Johannes Rau era, como eu, um filho de Wuppertal, geograficamente e culturalmente. Chamaram-lhe "Bruder Johannes" ("frei João"), pela forma desinibida que assumiu o seu protestantismo em todas as suas esferas da vida, também na vida pública. Mas ao contrário do que é tão típico da sua cidade natal, que é berço de inúmeras comunidades evangélicas, cada uma mais zelosa na salvarguarda das suas nuances confissionais, sempre foi um homem de criar pontes e consensos. Tanto no foro religioso, onde foi um membro determinante no movimento ecuménico alemão, como na política.
    Aprendeu a profissão de livreiro e foi responsável de várias editoras de cariz religiosa e social.
    A sua actividade política começou na resistência ao Nacional-Socialismo, quando, ainda adolescente, integrou o movimento "Bekennende Kirche", onde se juntaram os evangélicos que não se comprometeram, ao contrário da Igreja Evangélica Alemã oficial, com o regime Nazi. Depois da guerra aderiu primeiro ao partido pacifista GVP (de outro evangélico destacado e futuro presidente da RFA, Gustav Heinemann), que se opôs ao re-armamento da Alemanha pelos americanos. Apôs a dissolução deste partido entrou no SPD.
    Durante 20 anos, de 1978-1998, foi Primeiro Ministro do estado federal de Renânia Norte / Vestfália. De 1999-2004 foi Presidente da República da Alemanha. A doença que o agora vitimou, levou-o a não recandidatar-se.
    Um político que também teve defeitos, nomeadamente como Primeiro Ministro na Renânia Norte / Vestfália, onde durante o seu longo consulado permitiu a instalação duma cultura de irresponsabilidade e de compadrio.
    Mas deve ser lembrado como um dos últimos grandes políticos alemães duma geração, que, marcados pela experiência do Nacional-Socialismo, enveredaram na política num genuino espírito de missão moral.

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