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  • 17.11.08
    O deserto

    Durante muito tempo tenho feito vista grossa para os tiques autoritários do Primeiro Ministro. Não que tenha - a semelhança do que os portugueses suspeitam de si - uma secreta admiração pelo autoritarismo, mas dei-lhe o benefício da dúvida: se calhar o autoritarismo era só determinação, e esta, achei e acho, faz falta. Ainda hoje tenho o Eng. Sócrates por um homem excepcionalmente determinado. Percebi porém entretanto que o principal objecto da sua determinação (já) não é a solução dos problemas do país mas a conservação do seu poder. Mais um. Mais um desses políticos dinámicos, voluntaristas, que acaba por não resolver nada porque lhe falta rasgo e visão.

    Se tivesse podido votar em 2005, teria votado nele para fazer as grandes reformas que prometeu: da saúde, da justiça, da administração, da educação.

    A saúde - Depois das primeiras maiores contestações, deixou cair o ministro e entregou a pasta a outra para uma gestão discreta do dia a dia. Assim, tudo ficou na mesma. Ou antes, não ficou: De 2005 a 2007, Portugal desceu do 16º ao 26º lugar em 31 paises europeus.

    A justiça - Houve reforma, com amplo consenso parlamentar. Em que consistiu? - Numa revisão do processo penal. A reforma da justiça tirou ilações do caso Casa Pia. Optimo. E mais? - Salvo os arguidos nos processos penais, alguém hoje é melhor servido pela justiça portuguesa do que antes?

    A administração - Sempre achei que uma reforma administrativa a sério teria tanto ou mais impacto positivo na vida e na economia portuguesa como a da justiça. Mas também aqui, salvo alguma saudável informatização da relação do cidadão com as instituições públicas que, dado as tecnologias disponíveis, não era mais do que expectável, não houve nada. O cidadão é tratado com a mesma displicencia e falta de respeito de sempre.

    A educação - Está a vista de todos: a reforma já fracassou. E o ensino público continua mal, continuará a piorar. Aqui quase estou inclinado de perdoar ao Sócrates. Talvez o ensino público português é mesmo irreformável. Mas era escusado dar tanta razão àqueles que se opuseriam a qualquer reforma.

    Tendo fracassadas todas as reformas prometidas, not with a bang but with a whimper, restam os projectos para alimentar a clientela: Aeroporto, TGV. E, para os outros, os frigoríficos do Major, que hoje não são frigoríficos e se chamam Magalhães.

    Este governo devia prestar contas, merecia uma oposição, exigia uma alternativa! Mas só tem isto.

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