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  • 19.11.08
    A sinceridade da Manuela

    Eu gosto que a Manuela Ferreira Leite não é como aqueles políticos profissionais com o seu discurso completamente formatado. Que não pronunciam uma frase que não seja calculada, ensaiada e revista. Ao contrário destes, o que ela diz pode merecer interesse, porque pode eventualmente ser geunuino.
    Um bom exemplo foi o que ela disse sobre a suspensão da democracia. Todos percebemos que foi a Manuela a falar, não um consultor de imagem ou estratega de campanha. Em vez de nos servir mais umas tiradas do guião político, disse o que lhe veio na alma. Isto tem o meu respeito.

    Há razões porque os consultores e os estrategas não gostam da sinceridade dos seus candidatos. Ela é perigosa. Permite ao público formar uma ideia sobre a pessoa e as suas intenções. Pode revelar traços e opiniões de que os eleitores possam não gostar.

    Neste caso, as palavras da Manuela ajudaram-me a aprofundar a ideia que tenho dela. São conjecturas, claro, falíveis, decerto, mas mil vezes mais valiosas do que aquilo que se pode depreender do referido discurso formatado. Acredito que a Manuela gostaria mesmo poder suspender a democracia por um tempo, para resolver as coisas. Acredito que sabe que nunca poderia fazer isso e, também por isso, nunca o faria. Acredito que sabe, também, que não é correcto suspender a democracia. Por isso não estava a falar no sentido literal, quando falava desta hipotese. Mas não chamaria a isso ironia.
    Permitiu-me perceber que a democracia não é propriamente algo que a Manuela muito preza, e menos ainda ama. É algo que considera, pelo menos às vezes, um empecilho.

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