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18.1.11
No SPIEGEL leio hoje um retrato optimista da revolução na Tunísia. Os tiroteios na rua cessaram, e as pessoas estão eufóricos, falam com jornalistas na rua, sem medo, e também, no caso das mulheres, sem véu. Jürgen Theres, um representante da Hans Seidel Stiftung, uma fundação alemã próxima do partido conservador CSU, que trabalha na Tunísia há 7 anos, relata uma atmosfera comparável com a na Alemanha depois da queda do muro. Realça a euforia, mas também o o civismo que geralmente caracteriza as pessoas. Segundo ele, as condições para uma mudança pacífica para uma genuina democracia são boas: - Existe uma classe média com um nível elevado de instrução. - A população caracteriza-se por civismo e disciplina. - Tunísia dispõe de instituições e duma estrutura pública de bom nível, inclusive de um estado social. Não opinião de Theres, o país está mais avançado do que, por exemplo, Portugal no ano em que entrou na União Europeia. - O fundamentalismo islâmico não tem aderência significativa no país. A situação desastrosa e a opressão maciça dos últimos anos terá como principal razão a cleptocraçia estabelecida pela entourage do presidente deposto. O optimismo referido no SPIEGEL contrasta com o cepticismo que por exemplo Anne Applebaum mostrou ontem num artigo na Slate. Talvez custa a Applebaum imaginar que a mudança para a democracia fosse possível sem o apoio dos EUA. Na verdade, e obviamente, o facto que essa revolução não tem a mão dos EUA ou de outra grande potência estrangeira, é uma vantagem inestimável. Jürgen Theres até acredita, ao contrário do que ouvi dizer muitos outros comentadores, que o governo interino - que contém muitos ministros do antigo regime - tenha a necessária autoridade e capacidade para governar e preparar eleições livres. Nem todos os políticos e altos funcionários públicos do antigo regime estariam totalmente comprometidos pela corrupção e a ditadura. Oxalá! Em todo o caso temos nós, a Europa democrática, aqui uma oportunidade única de apoiar um desenvolvimento positivo nesta região onde motivos para esperança eram tão escassos. Será um desafio fazer-lo de forma ajuizada, sem sequer deixar parecer que se retira às forças democráticas na Tunísia a sua autonomia. Um exemplo de uma revolução democrática e laica bem sucedida no Norte da África - o que poderiamos desejar melhor, para os Tunísios, para o mundo islâmico em geral e até em termos geopolíticos? A principal fonte de rendimento da Tunísia é o turismo. Compreensívelmente, depois dos acontecimentos dos ultimos dias, este agora enfrenta uma crise aguda. Como dizia um comentador no SPIEGEL: Não sabe o que pode fazer para ajudar à democracia na Tunísia? Vai passar as suas férias lá! |
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