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  • 27.11.09
    A fina linha entre notícia e calúnia

    Uma notícia do SOL, assinada por Felícia Cabrita, dá nós a seguinte informação:

    «Os arguidos no ‘processo Face Oculta’ deixaram de usar os seus telemóveis habituais a partir de 25 de Junho, no auge da polémica causada pelo negócio PT/ TVI, existindo a suspeita de uma fuga de informação nessa altura, quando começaram a chegar a Lisboa as primeiras certidões enviadas pelo DIAP de Aveiro.»

    Não me interessa aqui discutir as duas fugas que este artigo indica: a de Junho que informou os arguidos, e a posterior que informou a Felícia Cabrita. O que me interessa aqui é quem devo incluir na conspiração de que a troca de telemóveis é indício.
    Na primeira leitura do artigo fiquei com a impressão, mas não a certeza, que o José Sócrates participou na troca de telemóveis. Se participou na troca dos telemóveis, é obviamente um dado político importante, um indício forte que participou na conspiração. Vejamos então o que a jornalista escreveu:

    «O empresário Manuel Godinho, figura-chave no caso, alguns dos seus mais próximos colaboradores e Armando Vara estão entre esses arguidos. A mudança de telefones pode confirmar-se pelas conversas que envolvem o primeiro-ministro, que constam das certidões enviadas ao procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro.»

    Aparece aqui o Primeiro Ministro no contexto da troca dos telemóveis, mas ainda fico sem saber se ele também o trocou. O parágrafo seguinte continua a deixar-me na dúvida. Mas o último reforça a minha preocupação sobre o envolvimento directo do PM:

    «Só que a PJ montara escutas também ao número de série identificador do aparelho – e assim, à medida que o empresário foi fazendo telefonemas, a Polícia foi identificando os novos números dos outros arguidos e de José Sócrates, conseguindo reconstituir toda a rede de contactos.»

    A frase parece-me fortemente indicar que também José Sócrates mudou de número, contudo, permite também uma leitura que o "novo" dos "novos números" apenas se refere aos "outros arguidos" e não a "José Sócrates". E fiquei com a impressão que a referida "rede de contactos" quer denominar "rede de contactos da conspiração, de que José Sócrates faz parte". Espero muito que a minhas dúvidas se devem apenas ao meu domínio imperfeito do português e não a uma imprecisão da jornalista que, numa notícia, neste contexto, adquiria o efeito de calúnia. E se não fosse por inabilidade, mas intencional, seria mesmo calúnia.

    Mas o mais provável é obviamente que eu não percebi bem. Agradecia então se alguém me esclarecesse qual a leitura correcta da notícia. Se afinal não é ambígua, apresento desde já as minhas desculpas à jornalista pela minha hipótese da sua eventual má fé!

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