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  • 28.11.09
    A esperança que dá o crash de Dubai

    Eu sei que em vez de perguntar que o Ferreira Fernades tem andado a fazer antes de assinar uma coluna na última página do DN, muito provavelmente devo perguntar-me onde eu tinha os meus olhos. Mas não interessa. O que interessa é que as crónicas são mesmo muito boas. Além da considerável qualidade de exprimirem com muita frequência o que eu penso, são sempre um prazer de se ler.
    A de hoje, sobre o crash de Dubai, não é excepção.
    Também eu que ao contrário do Ferreira Fernandes nunca lá tenha posto os pés, tinha, não desde ontem, o seu asco estético e a convicção da insustentabilidade deste novo paraíso em terra. E confesso ainda uma clandestina Schadenfreude*, embora dela não me orgulho, pois quem sofrerá de imediato e mais com o crash não serão tanto o Sheik e os seus clientes milionários como os exércitos de escravos que erguem essa obra faraónica. Schadenfreude então porquê? Por inveja aos que, ao contrário de mim, podem adquirir como terceira, quarta ou quinta habitação numa destas ilha e as mordomias correspondentes? Talvez. Mas não é a razão principal. Essa é o alívio, a restauração da minha esperança de que Las Vegas, onde a ganância, o conforto e o divertimento fútil substituem todo o resto que define a humanidade, continua excepção.

    Digo isso agora, mas não nego o respeito inicial que tinha pela ambição do Sheik de, em vez de esperar, como os seus vizinhos, até o petróleo acabe e apenas resta a conta na Suíça, investir e tornar o seu país viável. Mas investir no nada, físico e cultural, parece dar nisso, o que é desolador, mesmo se tiver sucesso, como se pode comprovar em Las Vegas.

    * (prazer na desgraça do outro)

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