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  • 9.10.09
    Nobel da Paz para Obama

    A surpresa do primeiro momento passou-me rapidamente. À segunda vista é impossível não reparar em que este candidato era, de longe, o mais fácil. Toda a gente aplaudirá. Por isso mesmo, a atribuição deste prémio arrisca-se de ser da mais arrebatadora ineficácia.
    Embora goste de Obama e deposito grandes esperanças no seu governo, não encontro razões de lhe atribuir, nesta altura, o Prémio Nobel da Paz. Boas razões seriam:

    Dar visibilidade aos protagonistas de uma causa da paz, destacando o seu exemplo. Eventualmente aproveitando o efeito de assim proteger a causa e os seus protagonistas da perseguição.
    Era o caso de Andrej Sacharov, Rigoberta Menchú, Aun San Suu Kyi e muitos outros. Obviamente não é o caso de Obama.

    Admito, embora me custe, que se atribua o Nobel da Paz com o objectivo de promover processos políticos da paz. Muitos destes prémios são, porém, vergonhosos do ponto de vista moral, pensando no currículo dos premiados. Por exemplo: Kissinger/Le Duc Tho, Sadat/Begin, Arafat/Rabin/Peres, deKlerk/Mandela. Há aqui premiados que antes deveriam ter comparecido perante um tribunal internacional. Mas há, nesta categoria, também casos de inequívoco mérito individual: Brandt, Gorbatchev, Mandela...
    Claro que Obama, em 2009, também não encaixa nesta categoria.

    Resta a razão talvez mais genuína do prémio Nobel da Paz: Reconhecer o esforço de uma vida por essa causa.
    Haverá quem ache que chegar a Presidente dos EUA como primeiro negro é suficiente? Sem dúvida é um feito histórico de grande importância, mas parece-me mal premiar alguém pela simples ascensão na carreira. Antes seria o eleitorado dos EUA que o escolheu, a merecer o prémio. Se esse eleitorado não tivesse também eleito duas vezes G.W. Bush...
    Desde que chegou ao poder, teve menos de um ano para pôr em prática as suas ideias. Cedo demais para um balanço, e mesmo a julgar pelo seu programa e pelas suas intenções, estes por si só não merecem Prémio Nobel algum. Não é o seu conteúdo, de resto nada inédito, que fez o mundo suspirar de alívio e que o levará a aplaudir unanimamente a este prémio. É apenas o realmente flagrante contraste com a moral e prática política do seu antecessor.

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