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  • 6.9.08
    Truth not tolerance (2)

    Quando comecei a assistir à campanha das presidencias americanas, a minha candidata era Hillary Clinton. Parecia-me uma escolha segura, que faria voltar o bom senso à Casa Branca, aliado de competência e coragem. E ainda com a mais valia de contar com o conselho do melhor presidente americano desde F.D. Roosevelt, o seu marido. Durante a campanha, perdeu bastante da minha simpatia, tão empenhada estava de fazer, em cada momento, a coisa tacticamente certa, que lhe faltou autênticidade.

    Vi McCain pela primeira vez no programa de Jon Stewart e gostei. Parecia-me um homem sério, com uma atitude "no bullshit" e com sentido de humor. Gostei, obviamente, a sua posição clara contra a tortura.

    Obama vi, pela primeira vez, num programa de Oprah, acompanhado pela mulher e os dois filhos, e apesar de outras coisas que lá disse e que subscrevo, relevou e irritou-me a historieta que o próprio contou, de como o senador ocupadissimo ainda arranja tempo para comprar, no caminho para casa, pizza para a família. Uau! Talvez seja inevitável aparecer com uma treta destas num programa da Oprah, mas lá está, o facto de o candidato ter entre os seus apoiantes de peso esta campeã da obscenidade, na categoria de exibicionismo moralista, deixou-me logo de dois pés atrás.
    Contudo, posteriormente aprendi algo mais sobre Obama e convenci-me que este não se limita a um fenómeno mediático. E a consulta mais pormenorizada das posições destes três candidatos revelou que me encontrava mais próximo de Obama do que de Hillary, e bastante longe de McCain.

    Em todo o caso, a sensação predominante foi de alívio. Com qualquer um dos três, a Casa Branca voltaria a ter um inquilino decente e responsável.

    Esta minha confiança, de que as coisas só podem melhorar na América, levou entretanto um grave abalo, depois de assistir a convenção Republicana. Bem sei que estas convenções, ainda mais nos EUA, são acontecimentos em que o maniqueismo, o simplismo e a demagogia predominam. Mas não tinha estado a espera que o proselitismo primário e a teimosa convicção da detentão da verdade única a dominassem tanto. No que respeita a tolerância e largueza de espírito, o Partido Republicano desta convenção em nada ficou atrás ao nosso PCP. Infelizmente para América e o mundo, pode contar com muito mais do que 8% de votos.

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