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  • 14.8.08
    Imagine

    Sempre achei intrigante a grande conta em que está este hino, não no grupo dos bem-intencionados em geral, o que se compreende, mas também no subgrupo dos bem-intencionados crentes cristãos. Não há fogueira de colónia de férias, cristã ou não, em que ele não é entoado, com acompanhamento mais ou menos hábil na guitarra do monitor.
    Já me ocorreu, como explicação, um eventual deficiente domínio do inglês, e atribuir o sucesso apenas à lamechisse da música, cujo apelo pode não depender da letra. Mas se isso for o caso, a deficiência deste domínio é curiosamente selectiva. Não abrange, certamente, «You may say that I'm a dreamer / But I'm not the only one / I hope someday you'll join us / And the world will be as one». É seguro supor que esta parte é perfeitamente entendida. Haverá melhor expressão para o espírito missionário, a bondade generosa de um jovem cristão? Outras partes contudo, apesar de sair da sua boca, aparentemente não conseguiram alcançar a mente religiosa. Veja-se a primeira estrofe, aquela que coloca todo o resto em perspectiva:
    «Imagine there's no Heaven / It's easy if you try / No hell below us / Above us only sky».

    P.S.:
    Nada contra Lennon, que escreveu algumas das mais belas canções do Século XX, embora eu nelas não incluiria "Imagine". E nada contra os cristãos, que naturalmente estão no seu pleno direito de cantar o que lhes apetece, e de compreender ou ignorar nisto o que lhes convêm. Eu faço o mesmo, com muita grande música religiosa. Mas é digno de nota como se aceita exprimir o explícito conteúdo textual de uma canção, mesmo se este esteja diametralmente oposto as suas crenças, apenas levado pela identificação com o seu sentimento geral.
    A música é uma coisa fascinante.

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