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28.7.08
No Hole Horror, a Joana medita sobre a experiência de Ingrid Betancourt, de que ela nos 300 membros dos FARC que chegou a conhecer, não encontrou mais do que 2 ou 3 que revelaram compaixão. Acredito que mais do que todo o sofrimento físico, as privações, humilhações e sevícias ocasionais ou mais frequentes, esta experiência é a mais devastadora. Doenças e catástrofes naturais podem infligir traumas graves, físicos e psíquicos. (Leia-se o livro do FNV que a Joana tão bem apresenta noutros posts.) Mas o sofrimento causado pelos homens é o mais terrível, porque acrescenta a todos os outros ainda um: a destruição da confiança na bondade humana. Embora também nós, poupados desta experiência na própria pessoa, mas informados e esclarecidos, sabemos o suficiente para não confiar na bondade humana, confiamos. E bem. Mesmo aqueles de nós que, impelidos pelo conhecimento e pela razão, dizem que não confiam, confiam. Confiamos porque é uma necessidade. Pois confiar na bondade dos homens é condição indispensável para a felicidade. E sendo assim, pode-se medir a ferida que deixa uma experiência como a de Ingrid Betancourt. Sei que para alguém que foi poupado dela, especular sobre se esta ferida tem cura possível, roça os limites da decência. Ela me perdoe que o faço. A haver, a cura só pode passar por um exercício - assumidamente ou não, mas de facto religioso: Convencer-se, contra a experiência, contra a evidência, contra o melhor saber, que a bondade existe. Assim digo eu. Crentes diriam: que Deus existe. |
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