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  • 12.4.08
    Rudi Dutschke



    O que Daniel Cohn-Bendit era na França, Rudi Dutschke era na Alemanha, o lider carismático do movimento estudantil de '68.
    Dutschke nasceu em 1940 e viveu até aos 21 anos na RDA. Os tempos na Juventude Evangélica da sua cidade natal marcaram-no para um socialismo de fundamentação religiosa. A repressão da revolta na Hungria, em 1956, levou o jovem a distanciar-se do regime socialista no seu país e a tomar posições públicas cada vez mais críticas. Recusou o serviço militar (na altura na RDA uma opção legal) e incentivou publicamente outros a fazerem o mesmo. Consequentemente as autoridades vedaram-lhe o acesso ao ensino superior, e Dutschke mudou-se poucos dias antes da construção do Muro para Berlim ocidental, onde estudou sociologia, antropologia, filosofia e história.
    O seu socialismo adquiriu aqui o fundamento teórico marxista que lhe faltava, mas nunca perdeu o seu cariz cristão e sempre se destacou pelo valor que dava a liberdade do indivíduo. Dutschke ficou, destes tempos, amigo de proeminentes teólogos evangélicos na Alemanha.
    Desde cedo empenhado no movimento estudantil, centrou as suas críticas na continuada presença de estruturas e de personalidades do tempo nazi na vida pública e política na Alemanha. Mais tarde juntou-se a oposição à guerra de Vietnam.
    Após a morte do estudante Benno Ohnesorg a tiro de um polícia numa manifestação contra a visita do Shah Reza Pahlevi, no 2.6.1967, Dutschke ganhou protagonismo ao nível nacional e passou a ser o principal objecto de ódio para quem se sentia ameaçado pelo movimento estudantil. Nomeadamente a imprensa do editor Axel Springer, com o principal tabloide alemão, o "Bildzeitung", lançou-lhe uma campanha maciça ad hominem, com manchetes como "Apanhem-nos!" e "Rudi Dutschke - Inimigo Público Nº1!".

    Ontem, há 40 anos, Josef Bachmann, um trabalhador precário de Munique, meteu-se num comboio para Berlim, fez-lhe uma espera e disparou três tiros. Dutschke sobreviveu com ferimentos graves na cabeça, mas demorou anos a recuperar e reaprender a fala. Viveu então com a sua mulher e os seus três filhos na Dinamarca. Quando, no fim dos anos setenta, se julgava capaz de se empenhar novamente na vida pública – estava a preparar com outros o congresso de fundação do partido "Os Verdes" - morreu afogado na banheira durante um ataque epiléptico, consequência ainda do atentado.

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