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  • 8.4.08
    Filipe Nunes Vicente, sempre:

    «A contínua promoção da igualdade cumpriu um intelligent design que acompanhou o século anterior: as mulheres, os negros, os homossexuais, os deficientes, os imigrantes e agora os símios ( só os distraídos não perceberam ainda as consequências dos últimos vinte anos de investigação em primatologia como no passado não anteciparam os efeitos do darwinismo). Esta agenda reduziu a violência sobre os mais fracos: isso é indiscutível.
    Sempre que os fracos se tornam fortes, outros fortes se tornam fracos. Na arena reivindicativa duas categorias perderam poder: as crianças e os velhos. As crianças porque são hoje um fardo que impede viagens regulares a Punta Cana; os velhos porque a mensalidade de um lar decente dá para pagar três do jipe novo com controlo de velocidade nas descidas acentuadas.
    Depois da paz, a comodidade.»

    (ODI ET AMO LXXIX)

    Adenda:
    Gostei do post. Mas o MP-S chamou-me, nos comentários, atenção ao facto de que me deixei iludir pela sua beleza sobre a sua imprecisão, se não falácia argumentativa.
    A frase «sempre que os fracos se tornam fortes, outros fortes se tornam fracos» postula uma correlação e sugere até uma causalidade no fenómeno que é mais que questionável. Baseia-se na ideia de que a relação de forças é necessariamente um jogo de resultado zero. No caso, o Filipe deduz dela que a conquista de liberdades cívicas por grupos que antes delas não usufruiram é necessariamente acompanhado por uma perda de direitos e privilégios de outros. Este raciocínio só tem alguma plausibilidade, enquanto vemos a questão como um mero jogo de poder. Mas a liberdade não pode ser visto só sob este prisma. Basta um olhar para a história para comprovar que a liberdade não é um bem de quantidade constante. E a julgar pelas suas primeiras frases, o Filipe até sabe-o.
    Não me parece que quer seriamente postular que os velhos e as crianças pagam, com perda de direitos e reconhecimento, na mesma medida, pelo que as mulheres, os negros e os demais ganharam.
    Concordo contudo com o Filipe que as crianças e os velhos são - em Portugal - perdedores do "progresso" social - e em parte mesmo por causa da maior liberdade das mulheres que hoje estão livres de fazer outra coisa do que tomar conta deles em casa...
    Mas o argumento, na sua globalidade, está mais errado do que certo. E também os factos apresentados como premissa têm uma validade muito limitada. Na Alemanha de hoje, por exemplo, os reformados estão mais ricos e privilegiados do que em qualquer outra época histórica, e também do que os seus filhos estarão, quando velhos.

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