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  • 16.10.07
    O significado da religião para gente culta

    Francisco José Viegas escreveu um elogio àqueles ortodoxos religiosos, que se empenham na observância dos códigos e rituais da sua fé, sem nos maçarem com o seu proselitismo.

    Também a mim me enche com uma certa ternura imaginar homens e mulheres, de resto com os dois pés na terra e activos na vida, ao levarem, quando sozinhos com Deus ou na companhia dos seus irmãos na fé, os seus dogmas à letra e os seus rituais a sério, tal qual como a criança que, antes de adormecer, se encomenda ao Senhor. Há aqui uma ideia de pureza e de ingenuidade que – sem ironias – merece respeito.

    Mas o post de FJV não explica a mim, como ao Jansenista, o significado do fenómeno religioso para gente culta. Sempre inclui no conceito de "culto" uma disposição pela coerência intelectual, e essa parece-me faltar. E não só por causa da - pelo menos no caso do cristianismo - óbvia contradição entre a ideia da remissão ao privado e a própria doutrina que se quer observar.

    Há uma inocência que só se pode perder uma vez, e quem quer mantê-la, sabendo o que uma pessoa culta hoje sabe ou deve saber, só pode fazê-lo através de um exercício de esquizofrenia, da separação entre as verdades da fé e as da razão, nomeadamente da experiência quotidiana que nos mostra que a nossa religião, o nosso culto, é só um entre muitos que a humanidade desenvolveu.

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