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18.10.07
«James Watson, Nobel da Medicina em 1962, um dos homens responsáveis pela descoberta da estrutura molecular do ADN, a dupla hélice da vida, precursor da genética, acredita que os negros são menos inteligentes que os brancos.» As reacções públicas de indignação, que seguíram de imediato às declarações do cientista, não me surpreendem nem as acho erradas. Mas sempre me deixam um sabor irritante a correcção política. No caso de Watson, que entre outro já defendeu incluir como justificação para um aborto, uma previsível futura homossexualidade do bebé, até é bastante óbvio que aqui não falou o cientista, mas o cidadão, que apresentou uma opinião pessoal. Ao contrário do que acontece com conclusões científicas, estamos todos, cidadãos, habilitados para as avaliar e eventualmente condenar. O Nobel não apresentou os resultados de um estudo, só falou enquanto figura pública, cujas declarações são tanto de levar a sério como as de um actor ou desportista sobre a matéria. Ou seja, não mais do que as dum taxista. O motivo da minha irritação latente, ao ouvir as condenações públicas, é este: E se Watson não só tivesse aproveitado a sua fama para divulgar as suas ideias pessoais, porventura reaccionárias e racistas? Se ele tivesse apresentado um estudo científico sério, elaborado com rigor e segundo as regras, que demonstrasse que os negros fossem, em média, mais estúpidos que os brancos? Merecia a mesma condenação política e moral? Ou não? Devia estar proibido chegar a tal conclusão? Se não legalmente, moralmente? Assim que, se lá chega sem querer, devia abster-se da publicação do estudo? Será que a investigação científica devia ser orientada de forma a evitar descobertas politicamente incorrectas? Ou haverá quem ache que até é impossível, se trabalhando cientificamente com rigor, chegar a conclusões politicamente incorrectas? |
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