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  • 26.4.07
    Os injustiçados do 25 de Abril

    Ontem apaguei um post, depois de dez minutos, em que linkei uma evocação amarga de João Távora ao 25 de Abril e destaquei a excelente resposta de José Luís Malaquias nos comentários ao mesmo. Fi-lo porque acabei de achar que, como único post a respeito deste dia histórico, não seria adequado destacar a mesquinhez de alguém que, depois de 33 anos, ainda se sente vitimizado e injustiçado. Mas entretanto acho que fiz mal. As confissões de ressentimento, daqueles que perderam no 25 de Abril, merecem comentário. Li agora, pela pena de outro autor do Corta-fitas, o seguinte:

    «O 25 de Abril trouxe a democracia a Portugal, depois de uma luta dos verdadeiros democratas que só foi vencida a 25 de Novembro de 1975, mas também muito ódio, que perdura até hoje, 33 anos passados. Ódios de classe, ódio a quem triunfa, a quem consegue viver melhor, a quem se destaca de um nivelamento por baixo.»

    Parece que o Duarte Calvão acha que foi o 25 de Abril que gerou o ódio, e não o regime que foi derrubado por ele. E quer fazer-nos crer que quem beneficiou da ditadura, beneficiou dela por mérito, porque triunfou, e que o “nivelamento por baixo” fosse algo que caracterizasse a sociedade que se seguiu à revolução, em contraste à anterior. Como o contrário não fosse evidente: que a imobilidade social, o impedimento de iniciativa, o provincianismo e o baixo nível de instrução foram características intrínsecas do regime derrubado, e que, apesar de todas as deficiências da sociedade actual, a um português de hoje com iniciativa o mundo está incomparavelmente mais aberto.

    É preciso ser-se muito cego, ou hipócrita, para não ver isso. E descarado, para tentar vender-nos o privilégio, que porventura perdeu - ou quase perdeu - como mérito.

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