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  • 15.4.07
    O declínio dos Gatos Fedorentos, segundo JPP

    José Pacheco Pereira diz no seu artigo sobre os outdoors do PNR e dos Gatos Fedorentos uma série de coisas pertinentes:
    Como a que ambos tiveram o seu impacto não directamente como outdoors, mas por intermédio da comunicação social;
    que o do PNR foi o maior sucesso, levando em conta o ponto de partida, em termos de poder mediático de quem os colocou;
    que o do PNR é o subversivo e o dos Gatos do “mainstream”;
    que o cartaz dos Gatos exprime o que muitas pessoas acham dever pensar, mas não sentem, ao contrário do do PNR, que diz o que muitos sentem, mas não ousam pensar, ou pensam, mas não ousam dizer; e
    que, neste contexto, a foto do cartaz limpinho dos Gatos ao lado do vandalizado do PNR permitiu a este de ser visto como vítima sincera, impedido de exprimir a sua opinião.

    Mas JPP não seria JPP, se não depois tentasse, como político da direita que
    é, menorizar os Gatos, cujo sucesso comunicacional, de esquerda embora não partidariamente comprometido, entende dever combater. O argumento seria hábil, se não fosse tão velho, tão velho e descredibilizado que não acredito que o próprio JPP acredita nele. (Ou nunca teria ouvido falar de Brecht, por exemplo.) Mas isso não o impede aplicá-lo, apostando, provavelmente com razão, que isso não elimina a sua eficácia. O argumento é o da incompatibilidade da arte com a propaganda política. Embrulha-o numa advertência: "Ora vocês são bons artistas, mas se põe a vossa arte ao serviço da política, rapidamente deixarão de sê-lo."
    Nas suas palavras isso soa assim:

    «O problema não está, como é óbvio, no facto de os Gatos Fedorentos, enquanto grupo de humoristas, fazerem política pura e dura, em pleno espaço público. Nem sequer penso ser comparável o acto de fazer este cartaz com os sketches que foram criticados como "políticos" na última campanha referendária sobre o aborto. Só que a intervenção dos Gatos Fedorentos será agora julgada pela sua eficácia política e não pelo riso que provoque. Este palco suplementar implica um risco acrescido de trivialização da imagem do grupo, acentuada igualmente pelo peso da publicidade, multiplicando actos de humor sucessivos que, a uma dada altura, tem uma pérola de humor para dez pedras de meia graça esforçada. Foi este caminho que levou esse outro humorista genial, Herman José, à crise actual.»

    A profecia de que a intervenção dos Gatos Fedorentos seria a partir de agora julgada pela sua eficácia política e não pelo riso que provoque, é um disparate óbvio, e à do seu declínio artístico, à semelhança do Herman, apetece responder: “Isso querias tu...”

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