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  • 1.3.07
    A verdadeira liberdade, segundo o Ministério da Verdade

    Uma vez, no banco de trás do automóvel duma pessoa generosa que nos dava boleia entre Berlim Ocidental e a antiga RFA, naquelas auto-estradas vigiadas que serviam para os ocidentais atravessarem o país do Socialismo Realmente Existente, tive uma conversa com um simpático comunista, estudante em Berlim Ocidental como eu, que aproveitou as horas que necessariamente partilhavamos no carro para o proselitismo da sua causa. À minha natural chamada de atenção ao Muro que tinhamos acabado de atravessar, com polícias de kalashnikov em riste e com cães pastor a passear entre os carros, ao arame farpado, aos holofotes e às torres de vigia, respondeu com o maior desassombro: Claro que havia liberdade na RDA, só eu ainda não sabia distinguir entre liberdade e arbitrariedade!

    Vem isso a propósito deste delicioso post ao que cheguei através do André Carapinha. O André tem razão: Tem graça ler num blogue que se chama Blasfémias e cuja bandeira é a liberdade, pérolas como esta:

    «Ele [o Papa] presta contas a Deus. E Deus não aprovaria que ele utilizasse o seu poder para oprimir os homens, em lugar de o libertar.
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    A enorme liberdade de que goza o clero da Igreja Católica - e que permitiu à Igreja sobreviver a todas as dissidências - é uma consequência directa da autoridade absoluta do Papa. E esta autoridade torna-se o instrumento indispensável à liberdade - não uma liberdade qualquer, mas uma liberdade ordenada que permite tudo, excepto a destruição (da Casa de Deus).
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    Resulta também do exposto que esta liberdade ordenada - a única que é valiosa, porque é uma liberdade não-destrutiva - não pode nunca existir sem um profundo sentimento religioso porque é este sentimento que permite retirar o Papa do controlo dos homens e pô-lo sob o controlo de Deus. Por isso, eu estou hoje muito convencido de que a verdadeira liberdade - a liberdade ordenada - nunca poderá prevalecer numa população constituída predominantemente por ateus e agnósticos.
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    Sem o sentimento religioso, o Papa ficaria sujeito ao controlo dos homens, e não de Deus - por exemplo, do colégio de cardeais que o elegeu. E as ambições humanas rapidamente levariam cada um dos seus membros a ambicionar o lugar do Papa, desencadeando a intriga e a luta pelo poder que mais cedo ou mais tarde teriam convertido a Igreja no exemplo acabado da opressão - e que, há muito, teriam ditado a sua extinção.
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    Por isso, liberdade - no sentido de liberdade ordenada ou não-destrutiva -, não existe sem autoridade. E a autoridade não existe sem religiosidade.»


    Aguardo a próxima contratação do Blasfémias, que só pode ser o Prof. João César das Neves.

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