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23.1.07
«Existem imensos desafios intelectuais na questão do aborto e há quem se deleite, legitimimamente, a explorá-los. Sendo a blogosfera particularmente propícia a lutas intelectuais, onde o puro combate pessoal está sempre a um passo - e dado que este geralmente prejudica o lado do Sim - importa não perder o Norte: deixar o acessório; ignorar o que deve ser ignorado; resistir a provocações; não responder a tudo aquilo com que não se concorda; procurar, enfim, ser eficaz, utilizando o tempo e a palavra falada e escrita de forma útil.» O Tiago terá razão, e lendo-o, descubro o que já sabia: Não sirvo para a política do dia ("Tagespolitik"). Mas bizantinices jurídicos e o também legítimo prazer no combate pessoal a parte, não deixa de haver necessidade política de discutir o aborto, e não só a proposta do referendo. Mesmo se não seja então em benefício desta. Não deixa de impressionar-me como, no meio de tanto opinar, o debate público do aborto enquanto comportamento ético é marcado por um grave défice de presença de argumentos da sua defesa; por razões a que posturas tácticas como a do Tiago não são alheias. Talvez este défice salda-se, como o Tiago diz, no activo nas contas do referendo, mas não, acho eu, na disputa ética e civilizacional. Ao fugir do debate dos valores cede-se, já-se cedeu terreno a curto prazo irrecuperável ao irracionalismo, à tradição-porque-sim e à dupla moral. De facto, estes já ganharam. Talvez por necessidade, se o último objectivo for a vitória do Sim no referendo, mas sem razão. Etiquetas: cidadania |
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