<$BlogRSDUrl$>




  • 11.1.07
    A apologia do poder sobre as mentes

    O artigo do agnóstico Pacheco Pereira no Público de hoje (sem link, mas seguramente em breve no Abrupto) é mais do que um elogio ao Papa Ratzinger, é uma apologia empenhada da Igreja Católica centralista e autoritária.
    JPP não partilha as convicções religiosas de Bento XVI, não concorda com todas as ideias políticas e sociais concretas do Papa, mas para ele isto não é o essencial. Essencial é que a Igreja Católica é poderosa, e concentra nas mãos duma elite, em última instância, nas mãos duma só pessoa, o controlo ou pelo menos influencia sobre as mentes de tantas pessoas.
    Conteúdo? – Circunstancial. Essencial é o poder!

    É de elogiar a clara e aberta explicação porque pessoas não crentes frequentemente são aliados e defensores da Igreja Católica. Une-as a desconfiança do raciocínio sem rédeas, a inimizade ao pensamento independente.
    Mas JPP falha em clareza, para não dizer em mais, no elogio do centralismo católico. A este, alegado garante contra a “decadência do Ocidente” e da evolução social “sólida” e “prudente”, opõe... os evangélicos? – Não, o Islão. A manifesta incapacidade deste de evolução, de interpretação contemporizadora das suas escrituras atribui ao facto de este não ter um magisterium unificadora comparável à Igreja Católica. Que os xiitas o têm, diz, mas não retira disto nenhuma conclusão inconveniente. Também não da existência de civilizações que, sem magisterium da ICAR, como dos EUA ou da norte da Europa, lhe merecem algum valor. Aqui, curiosamente, também as múltiplas igrejas particulares são contribuintes para o debate “moral” na nossa sociedade, factores da estabilização.

    José Pacheco Pereira, que declara a sua preferência da Igreja do Papa Bento XVI às igrejas das bases, como a de Küng, ou da Teologia da Libertação, faz questão de afastar dela o adjectivo de “reaccionário”. Mas dificilmente se encontra para o que lhe agrada na Igreja Católica, termo mais adequado. “Reacção” chama-se o movimento do poder contra a liberdade do pensamento, contra o lema iluminísta “sapere aude!”.
    E é disso de que fala.

    Etiquetas:

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License