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  • 23.11.06
    Olhar para além da margem do prato

    Quando nós* em Portugal olhamos para além fronteiras, em regra é, se não com um misto de saudade e cobiça para os países do império perdido, para se comparar desfavoravelmente com as “sociedades mais avançadas”, num exercício menos vezes motivado por desejo de aprender do que pelo prazer masoquista da autoflagelação.
    Um outro "nós", mais alargado, abriria outras perspectivas. Vejam o "nos" em cujo nome fala este meu compatriota:

    «Temos três desafios em relação aos quais precisamos de redefinir a Europa. O primeiro é, como disse, a globalização. Precisamos de aceitar que a economia mundial vai ser dominada por economias gigantescas como a China, a Índia, os Estados Unidos, talvez o Brasil. E se os europeus se desunirem, não teremos futuro. O segundo desafio é o de definir uma estratégia de segurança sem a qual não conseguiremos desempenhar um papel estratégico no mundo nem definir os nossos próprios interesses. O que aconteceria se os EUA resolverem sair do Médio Oriente? Aí, teríamos de nos comportar como adultos. Hoje, ainda vivemos no jardim infantil europeu onde podemos brincar à vontade uns contra os outros. Mas o problema é que o mundo à nossa volta não está à nossa espera. O terceiro desafio é simples: não podemos gerir a Europa e os nossos interesses comuns, o nosso papel económico, a nossa segurança, sem instituições fortes. E isso significa que precisamos, pelo menos, do primeiro capítulo da Constituição [que trata dos objectivos, das competências e das instituições da União], precisamente porque a política externa e de segurança deve estar no topo das nossas prioridades. Precisamos de um ministro dos Negócios Estrangeiros, de um Presidente do Conselho, de uma Comissão mais pequena e mais efectiva, de um papel mais forte para o Parlamento Europeu e para os parlamentos nacionais, baseado no princípio da subsidiariedade, de mais decisões por maioria qualificada e, claro, do novo sistema de votação com a dupla maioria [de países e de população].»

    Joschka Fischer no Público.

    * Admito que o "nós" nesta frase é uma figura de estilo, e que em rigor não me cabe usá-lo. Para isso peço a vossa indulgência. Mas o "nós" de Joschka Fischer uso com toda a convicção da sua legitimidade. E esse é tanto meu como vosso.

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