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  • 6.3.06

    No verão de 1986 passei férias com a minha namorada numa aldeia não muito longe de Oliveira do Hospital. Amigos que viviam em Lisboa, originalmente de lá, tinham nos emprestado a sua casa de férias, uma casa de arrendeiro recuperada. Era muito bonita, mas fazia-se lá pouco. Sem carro, dependiamos dos nossos pés, da camioneta que passava uma vez por dia e de ocasionais boleias.
    Um destes dias houve um arraial na aldeia ao lado, e lá fomos nós ver, a jovem professora de Lisboa e o seu namorado estrangeiro.
    O arraial estava montado no recreio da escola. O rectângulo de cimento, que se destinava à dança, estava vazio quando chegámos, mas a frente do edifício da escola havia um palco, em que uma banda da região estava a montar o seu equipamento: guitarras, orgão eléctrico e bateria.
    Ainda havia pouca gente, mas pessoas estavam a chegar, raparigas em grupo, a pé, rapazes e homens de bicicleta, alguns de mota de 50cc. Notei como o pessoal estava estranhamente distribuido. As mulheres e raparigas no lado esquerdo do recreio, os homens e os rapazes à direita, pelo que nós instalamo-nos um pouco a parte, entre os dois grupos, mas mais próximo do lado das mulheres. Por ser homem, fui eu buscar-nos, com as poucas palavras de português que comandava, duas cervejas no balcão que estava montado para este efeito.
    Finalmente a banda começou a tocar, música que uns anos mais tarde chamariam pimba. Pouco a pouco o terreiro começava a ocupar-se com casais a dançar, juntos, num tipo de dança de salão em versão rústica. Eram todos pares de raparigas. Ficou assim durante bastante tempo, só uma ou duas horas mais tarde, entretanto escurecera, a cena mudava. Enquanto os homens adultos se dedicavam com crescente intensidade aos copos e a conversa animada que não percebia, um e outro rapaz atreviam-se para o cimento e, sob os olhares atentos das mulheres mais velhas, tomavam os lugares duma das raparigas nos pares.
    A banda tocava agora “Live is life” de Opus, o grande hit do verão anterior.

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