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  • 16.3.06
    Combater o Anti-semitismo: Teoria e Prática

    "É verdade que, em teoria, é possível opormo-nos às políticas israelitas sem sermos anti-semitas. No fim de contas, há críticos dessas políticas entre os próprios israelitas. No entanto, a distinção tem-se tornado cada vez mais dificil de manter e, com a atitude defensiva dos judeus e o silêncio incómodo dos seus amigos, o debate público fica livre para os realmente anti-semitas, mesmo que se limitem a utilizar uma linguagem anti-Israel."


    Ralf Dahrendorf formula no Público de hoje este dilema com que sofro há muito. Mas não esboça nenhuma forma de o resolver, nem sequer de o encarar. Pelo contrário: Embora reconhecendo o terreno minado que é o debate do conflito Israel-Palestina nomeadamente para amigos críticos dos judeus, e os efeitos nefastos que tem a sua consequente abstenção nele, não deixa de (re)colocar algumas das mesmas minas no seu proprio artigo. Diz ele "em teoria, é possível opormo-nos às políticas israelitas sem sermos anti-semitas." Quer dizer: Na prática não?
    Com boa vontade podemos ver este "em teoria" como sintoma da tibieza que aqui muito bem evoca como problema, mas que ele próprio não consegue superar (talvez devido a um complexo de culpa de quem é, tanto como eu, de origem alemão). Sem boa vontade este "em teoria" transforma todo o lamento sobre a cedência do debate crítico da política israelita aos anti-semitas em pura hipocrisia.
    E o que é falar "linguagem anti-Israel"? Outra mina, este termo. Quem se queixa da dificuldade do discurso sobre este conflito deveria ser o primeiro a procurar precisão e abster-se de terriveis simplificações como esta.

    O que me motivou a escrever este post foi o dilema acima referido. Mas não posso deixar passar o ponto central que Dahrendorf faz no seu artigo. O ponto de que existe um novo anti-semitismo, que está ligado a Israel. E que "este não pode ser combatido de forma eficaz apenas pela educação e pelos argumentos."
    Pergunto-me: Com que então? Com que é que se pode combater um (res)sentimento, uma ideologia - na verdade nunca chegou a sê-lo, enfim, algo que existe no plano dos sentimentos e das ideias - para além de com educação e argumentos?
    Só me lembro, assim de repente, da censura. E depois, claro, da violência. Em vez das ideias, pode combater-se os portadores das ideias. É isso que Dahrendorf propõe?

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