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  • 10.2.06
    Ainda sobre a liberdade de expressão

    A ler, sem falta, os comentários a este post do bombyx mori, e o post da Susana Bês.

    Sim, a Liberdade de Expressão é poder. Poder de dizer como as coisas são, tão alto como se pode. Para alem da opinião é preciso ter voz ou, como a Susana diz, altifalante. É util lembrar que a distribuição dos altifalantes não é egalitária, mesmo onde supostamente reina a Liberdade de Expressão. Há quem pode falar mais alto, o que lhe dá mais poder. E tendo mais poder, pode falar mais alto.
    Neste sentido, não temos uma Liberdade de Expressão ilimitada, temos Liberdades de Expressão limitadas, para uns, muitos, mais, para outros, poucos, menos. A Liberdade de Expressão do Dr. Joseph Goebbels foi muito grande, as de Randolph Hearst ou de Rupert Murdoch também não foram ou são desprezíveis. A minha é mínima, mas comparado com o iraniano comum ainda é enorme.
    Admitamos então que ela não é nem pode ser absoluta, e que temos de aceitar a eventualidade da sua limitação por mecanismos democráticos (quais?), que asseguram que o poder decorrente da Liberdade de Expressão dalguns não se torne excessivamente ameacador para os outros.

    Mas quero defender a Liberdade de Expressão enquanto utopia, apesar de tudo! O facto de que ela nunca se realizou no sentido estrito não diminui, no sentido historico, o seu sucesso estrondoso! De repente não me lembro de nenhuma ideia que teve tanto impacto histórico, a ideia da democracia incluído. A realização, mesmo que deficiente, mesmo que parcial, da sua promessa é inegável. Lembramo-na: Que ela permite a emancipação das ideias do poder. Que as ideias se encontrem num espaço de liberdade, se confrontem, derrotem, fertilizem e transformem, não afectadas pelo quem as profere. Que este não conte. Que o poder de quem fala já não lhes acrescente razão, o seu estatuto não as torne mais válidas. Que elas, a partir de agora, se teriam de se aguentar sozinhas.
    Nunca foi bem assim. Mas foi suficientemente assim, para levar a orientação do nosso pensamento em direcção à Verdade, em vez da sua construção a partir da Verdade (revelada). O que nos levou a procura da felicidade em terra e nesta vida. O que produziu, no fim, o resultado que de todas as diferenças entre a nossa e a civilização islâmica é a principal fonte da sua inveja e do seu ressentimento: O nosso progresso.

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