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  • 1.11.05
    O SPD assassina o seu presidente por acidente

    Teria graça se não fosse preocupante. Franz Müntefering era, ainda mais depois da retirada de Schröder, um homem incontestado como presidente do SPD, a figura paternal que ira conduzir o partido através dos vindouros difíceis anos da grande coligação. Incontestado como presidente, embora não sem problemas, pois coube-lhe contrariar e controlar o descontentamento dentro do partido, em que muitos desde há anos só com ranger de dentes acompanharam a política das reformas de Schröder, e que hoje também não se alegram com os compromissos necessários na futura grande coligação.
    Mas como aguentou o partido, granjeou-lhe respeito, com naturalidade a escolha como futuro vice-chanceler caiu nele e ninguém no SPD lembrar-se-ia de questionar, neste momento, o seu lugar.

    Mas a política é uma arte difícil, e uma momentánea falta de habilidade pode fazer estragos enormes, se o momento for bem (mal) escolhido.

    Na reunião da "Präsidium" (espécie de comissão política nacional) do SPD de hoje, estava na ordem do dia escolher o candidato para o cargo do futuro secretário geral do partido, o cargo nacional mais influente a seguir ao presidente, a que cabe assegurar a unidade e eficácia da organização partidária. Compreende-se que, neste cargo, convem ao partido ter uma pessoa leal ao presidente, e assim coube em tradição, mas não pelos estatutos, a escolha do secretário geral a ele.
    Mas desta vez, a jovem porta voz da ala esquerda do partido, Andrea Nahles (35), candidatou-se contra o homem proposto por Müntefering.
    Já uma afronta, mas era de esperar que a sua candidatura sairia derrotada. Curiosamente, os cerca 50 membros da direcção não se aperceberam, que uma derrota do presidente nesta votação seria uma tal desautorização que o impediria a continuar no cargo. E foi isso que aconteceu.
    Agora estão todos genuinamente chocados, afirmam que não pretendiam mais do que marcar posição e de mostrar ao presidente um cartão amarelo, e lamentam o desastre.

    Pois é um desastre. Sem Schröder e sem Müntefering, no meio de negociações de coligação, a SPD vê-se sem liderança, e o que é pior, não se vislumbra quem pode preencher o vazio. Ainda ontem o partido pôde dar-se feliz por ter se safado melhor na eleições do que o mais optimista esperava, mas hoje comenta o SPIEGEL com razão:
    “Talvez o SPD acabou de chegar onde os maiores pessimistas a imaginaram antes das eleições do 18. de Setembro: No fim das suas forças, num delírio esquerdista.”

    (Notícias e comentários lidos no SPIEGEL)

    P.S.:
    Escreve o Carlos Manuel Castro no Tugir que a demissão do líder do SPD talvez seja benéfica, como oportunidade para a necessária regeneração do partido. Talvez seja. Mas não enquanto o SPD está no governo, ainda por cima como parceiro numa grande coligação. Não me lembro ter visto um partido regenerar-se no poder.
    Com a queda de Müntefering a grande coligação está seriamente comprometida. E está implícito no argumento do CMC, que o passo seguinte razoável seria a repetição das eleições federais. E talvez a ideia não é tão absurdo como isso....

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