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8.11.05
(Extrato duma entrevista do SPIEGEL com o politólogo franco-alemão Alfred Grosser) SPIEGEL ONLINE: O número dos polícias nos subúrbios foi aumentado de 1500 para 9500. Reage o governo, no seu todo, bem? Grosser: Nicolas Sarkozy cometeu erros como ministro de interior. Aboliu a "police de proximité"... SPIEGEL ONLINE: Isto são em Berlim os “Kontaktbereichsbeamte” [Agentes de vizinhança]. Grosser: Sim, polícias que estão familiarizados com diversos bairros. As pessoas conhecem-nos, confiam neles. Eles apaziguam, quando há conflitos. Agora só conhecemos os "casques", os capacetes. Não se vê os olhos dos que estão a nossa frente. Isto provoca os "insurgentes" para os combater. Uma pacificação não se concretiza assim. Isto acho um enorme erro. O segundo grande erro foi, que se aboliu a medida de empregar muitos milhares de jovens por cinco anos em serviços sociais. Seja em escolas, nos subúrbios, em associações que estavam empenhados em evitar o pior e amparar as pessoas. SPIEGEL ONLINE: No 17. de Outubro 1961 uma manifestação contra a guerra na Argélia foi violentemente reprimida, no meio de Paris. Então morreram 200 Argélinos. Na revolução de '68 os excessos da "esquerda" eram tantos, que Charles de Gaulle foi exilar-se na Alemanha. Porque é que são estes conflitos na França mais brutais do que na Alemanha? Grosser: Uma Guerra da Argélia Alemanha não teve. A brutalidade alemã encontrava-se noutro lugar. No que diz respeito ao Maio 1968, existiu uma diferença entre Alemanha e a França. Os estudantes alemães estavam muito isolados na sociedade. Não houve em Berlim manifestações do DGB [associação dos sindicatos alemães]. Na França a faísca saltou para a sociedade. Os representantes dos estudantes foram reconhecidos pelos sindicalistas. Fazia-se manifestações juntos, a Renault fazia greve. Porém a violência não tinha um papel importante no Maio 1968, nem na polícia nem nos revoltosos. Pois os revoltosos eram também os filhos dos chefes da polícia. Neles não se bate nem se lhes dá tiros. SPIEGEL ONLINE: Nos 200 Argelinos, que foram espancados até a morte no meio de Paris, isto aparentemente foi diferente... Grosser: Isto foi praticamente o alastrar da Guerra da Argélia. A noite de Outubro 1961 foi especialmente horrível. Mas as pessoas esquecem sempre que no dia seguinte os deputados se levantaram para protestar contra isso. SPIEGEL ONLINE: O que conduz os jovens à violência hoje? Grosser: Nós experimentamos na França um minguar das regras do estado de direito. Isto advem do facto de que qualquer grupo social se sente no direito de desrespeitar as leis. Então qualquer um faz o que quer, porque se acha subjectivamente no direito. Dou um exemplo: A maioria dos franceses acha, que houve uma greve dos camionistas. Este nunca aconteceu. Uma greve dos camionistas teria significado que os camiões teriam ficado nas garagens. O que aconteceu foram bloqueios ilegais das estradas. Mas ninguém reparou na ilegalidade como algo ofensivo. Do mesmo modo os protestos dos agricultores, que controlaram a carne nos supermercados. Os mídia ampliam este efeito. Eles frequentemente só dão notícias quando houve violência, e perguntam então: Qual foi a sua justa raiva? |
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