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  • 8.10.05
    O respeitável casal do Sr. André e Sr. Luís

    O José escreveu no seu Guia dos Perplexos um post sobre o casamento gay, que recomendo muito. Não que concorde com tudo o que diz, mas ele acrescenta um ponto de vista importante e interessante à nossa conversa do outro dia.
    Chama atenção a uma aparente contradição entre a manifesta insistência dos movimentos gay no direito à diferênça e a reivindicação de que as suas formas de vida serem integrados nas instiutuições tradicionais da sociedade, neste caso, o casamento.

    Claro que esta “contradição” é em grande parte consequência duma generalização ilícita, tanto do “movimento” como da nossa parte, que estamos fora. O espectro das formas de vida praticadas e defendidas dentro do movimento gay é grande, desde do hardcore s/m, a promiscuidade extrema até às de vida monógama, pacata e de cariz famíliar. Para um promíscuo por convicção pouco pode interessar o direito ao casamento em si. Mas no âmbito do seu combate político e cultural interessa a todos.

    O que os une é a ambição de serem respeitados pela sociedade. O que é mais do que tolerados, como desviados, mesmo que aceites, da norma. Querem ser respeitados como normais. (O que não é a mesma coisa que maioritário.) É esse o “proselitismo” que o José refere. Não querem que todos transformemo-nos em gays, mas querem sim, que mudemos as nossas normas, os nossos valores.

    O casal de Sr. André e o Sr. Luís, os cabelereiros da rua, quer ser tão respeitável como o da D. Maria e o Sr. João da mercearia.

    Eu acho que tem todo o direito.

    ______________

    Ao pedido da audiência, passo esta história hilariante, que o José nos ofereceu nos comentários, para o post:

    "Eu não tenho pedalada para um forum assim mas quero só recordar um caso recente de paneleirice militante. No zoo de Copenhaga há ou havia uma dúzia e picos de exemplares de pinguins (sim de pinguins!) duma determinada espécie em vias de extinção iminente. Acontece que os 8 exemplares masculinos eram todos homossexuais (1 ponto para os que acham que a homssexualidade não é contra-natura...) e assim sendo não havia meio de os pinguins e pinguinas procriare, a bem da preservação da espécie. Daí que os tratadores ou lá o que é, escolheram 3 ou 4 machos e isolaram-nos confinando-os à presença só de fêmeas. Não sei recorreram a meios complementares de estímulo para os rapazes, mas tentaram lá isso tentaram. Eis senão quando várias associações gays e LGBT´s dinamarquesa interpuseram providências cautelares contra o zoo acusando-o de estar a desrespeitar a livre opção dos pinguins pela sua própria sexualidade. da última vez que ouvi falar nisto (e perdi os links, infelizmente) a experiência tinha sido suspensa enquanto decorriam os trâmites judiciais.
    Ainda bem. Se calhar hoje já não há nenhuns pinguins em Copenhaga (e afinal, que importância tem uma merda dum pinguim?) mas o princípio do direito à diferença sexual saiu fortalecido. Agora que anda por aí um filme a fazer as delícias dos cristãos evangélicos sobre o comovente monogamismo hetero dos pinguins imperiais da Antártida, este assunto vem mesmo a propósito. E já se veem gajos vestidos de pinguins nas parades pride, e um barco duma organização chamada «Yellow peace» ou coisa parecida segue já em direcção ao pólo norte para acções de sensibilização. ;)"

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