<$BlogRSDUrl$>




  • 25.10.05
    Liberalismo e liberalismo

    Tem razão o Rui AT quando distingue o liberalismo da esquerda e da direita, quando diz que ele não se situa nem num nem noutro lado, nem ao meio.

    O liberalismo como defendido no Blasfémias - que não é "o" liberalismo! – tem no entanto um aspecto muito importante em comum com a ideologia da direita: O realce do valor da propriedade privada. Embora que seja verdade que o conceito de propriedade defendido pelos conservadores é mais lato do que o dos liberais: ele inclui também estatutos e direitos adquiridos de tipo social e corporativo.

    Mas o liberalismo como defendido pelo Blasfémias – que não é "o" liberalismo! – tem também um aspecto importante em comum com ideologias da esquerda. Ele é, tal como o marxismo, uma teoria salvífica em que o desenvolvimento “natural” das coisas resolve todos os problemas que podem ser resolvidos. Se o marxista assume o seu papel num processo histórico natural e inevitável (dando “só” uma ajudinha), também o liberal acredita que o natural desenvolvimento da actividade humana conduziria automaticamente para o mundo melhor possível. Isto simplifica a ambos as considerações éticas perante a realidade insatisfatória em concreto. A solução para todos os males é a instalação da doutrina pura, logo não há comportamento mais ético do que promovê-la.

    Há um outro liberalismo, que não está convencido de que as leis naturais ou a lei da história conduzirão automaticamente à maior felicidade das pessoas.
    Cujo liberalismo se manifesta porém na crença no direito à liberdade para todo o homem/mulher.
    E que toma consciência do facto de que propriedade é liberdade, ou melhor, que a total ausência de propriedade resulta na também total ausência de liberdade. Que entende que daí decorre um direito ao estar protegido da total ausência de propriedade. Que, acreditando no princípio de que a liberdade dum encontra os seus límites na fronteira com a liberdade do outro, aceita que se assegure a liberdade mínima duns que têm nada a custa da propriedade doutros que têm muito.
    Que acredita que há interesses comuns que tem de ser defendidos por instituições criadas e fiscalizadas pela comunidade, em vez de por empresas privadas, só mas sempre que estas últimas se revelam insuficientemente capazes de fazê-lo (como no caso do ambiente, por exemplo), ou que a defesa dos interesses comuns por empresas privadas implicaria uma cedência de tanto poder que isto seria perigoso (como na segurança pública e na justiça).
    Este liberalismo é meu.

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License