<$BlogRSDUrl$>




  • 12.10.05
    Falar duro mas depois fazer o acordo

    Acho, João, que isto tem razões culturais e históricas. Primeiro, os alemães não se conformam se as coisas não funcionam, e por isso levariam muito mal nomeadamente aos grandes partidos CDU e SPD, se estes não garantissem o funcinamento do governo.
    A República de Weimar fracassou entre outro por causa da instabilidade dos governos. Ao contrário do que era o caso então, hoje é um traço constituinte desta segunda república que tanto os partidos (excepto talvez a nova esquerda) como a população gostam do regime, e querem que ele funciona.

    A ideia de que existe uma obrigação de chegar ao acordo sob pena de que todos perdem está bastante enraizada, e não só na política. Ela também tem orientada os conflitos laborais. O "milagre económico alemão" construiu-se com uma baixissima incidência de greves, mas com sindicatos fortes. Tanto eles como o patronato sabiam que a greve prejudica ambos, se se concretizar, e que convinha a ambos chegar a um acordo antes. Claro que isto só foi possível porque não houve objectivos políticos de fundo nas greves, ninguem queria, lá está, pôr em causa o regime. (Na RFA, os comunistas tinham pouquissimo peso nos sindicatos.)

    É verdade que a Alemanha de hoje já não é a antiga RFA, e veremos o que sobrará desta cultura do consenso. Mas acredito que será muito.

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License