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  • 12.9.05
    Der Untergang der Titanic

    ERSTER GESANG

    Einer horcht. Er wartet. Er hält
    den Atem an, ganz in der Nähe,
    hier. Er sagt: Der da spricht, das bin ich.

    Nie wieder, sagt er,
    wird es so ruhig sein,
    so trocken und warm wie jetzt.

    Er hört sich
    in seinem rauschenden Kopf.
    Es ist niemand da außer dem,

    der da sagt: Das muß ich sein.
    Ich warte, halte den Atem an,
    lausche. Das ferne Geräusch

    in den Ohren, diesen Antennen
    aus weichem Fleisch, bedeutet nichts.
    Es ist nur das Blut,

    das in der Ader schlägt.
    Ich habe lang gewartet,
    mit angehaltenem Atem.

    Weißes Rauschen im Kopfhörer
    meiner Zeitmaschine.
    Stummer kosmischer Lärm.

    Kein Klopfzeichen. Kein Hilfeschrei.
    Funkstille.
    Entweder ist es aus,

    sage ich mir,
    oder es hat noch nicht angefangen.
    Jetzt aber! Jetzt:

    Ein Knirschen. Ein Scharren. Ein Riß.
    Das ist es. Ein eisiger Fingernagel,
    der ander Tür kratzt und stockt.

    Etwas reißt.
    Eine endlose Segeltuchbahn,
    ein schneeweißer Leinwandstreifen,

    der erst langsam,
    dann rascher und immer rascher
    und fauchen etzweireißt.

    Das ist der Anfang.
    Hört ihr? Hört ihr es nicht?
    Haltet euch fest!

    Dann wird es wieder still.
    Nurt in der wand klirrt
    etwas Dünngeschliffenes nach

    ein kristallenes Zittern,
    das schwächer wird
    und vergeht.

    Das war es.
    War es das? Ja,
    das muß es gewesen sein.

    Das war der Anfang.
    dert Anfang vom Ende
    ist immer diskret.

    Es ist elf Uhr vierzig
    an Bord. Die stählerne Haut
    unter der Wasserlinie klafft,

    zweihundert Meter lang,
    aufgeschlitzt
    von einem unvorstellbaren Messer.

    Das Wasser schießt in die Schotten.
    An dem leuchtenden Rumpf
    gleitet, dreißig Meter hoch

    über dem Meeresspiegel, Schwarz
    und lautlos der Eisberg vorbei
    und bleibt zurück in der Dunkelheit.


    __________________

    O afundamento da Titanic

    PRIMEIRO CÂNTICO

    Alguem escuta. Espera. Sustém
    a respiração, muito perto,
    aqui. Diz: Quem aí fala, sou eu.

    Nunca mais, diz ele,
    estará tão calmo,
    tão seco e tão quente como agora.

    Ele ouve-se
    na sua cabeça rumorejando.
    Está cá ninguem excepto ele

    quem ai diz: Isto deve ser eu.
    Espero, sustenho a respiração,
    escuto. O ruído distante

    nos ouvidos, naquelas antenas
    de carne macia, não significa nada.
    É só o sangue,

    Que bate nas artérias.
    Esperei muito tempo
    com a respiração sustida.

    Ruído branco nos auscultadores
    da minha máquina de tempo.
    Ruido cósmico mudo.

    Nenhum sinal batido. Nenhum grito de socorro.
    Silêncio no rádio.
    Ou acabou,

    digo-me, ou
    ainda não começou.
    Mas agora! Agora:

    Um ranger. Um raspar. Um rasgo.
    É isso. Uma unha gelada,
    que arranha na porta e emperra.

    Algo rasga.
    Um interminável pano de vela.
    Uma tela branca de neve,

    que começa a rachar,
    lento primeiro,
    depois cada vez mais rápido, escarrando.

    Isto é o começo.
    Ouvem? Não ouvem?
    Seguram-se!

    Depois volta o silêncio.
    Só na parede ainda está a tinir
    algum biselado fininho,

    um tremer cristalino,
    que diminui
    e perece.

    Foi isto.
    Foi isto? Sim,
    isto deve ter sido-o.

    Isto foi o início.
    O início do fim
    é sempre discreto.

    São onze horas e quarenta
    a bordo. A pele de aço,
    debaixo da linha de água aberta

    ao longo de duzentos metros
    rachada
    por uma faca impensável.

    A água jacta nas comportas.
    Ao lado do casco luminoso, desliza
    com trinta metros de altura

    acima do nível do mar, preto
    e silencioso, o iceberg
    e fica para trás na escuridão.


    (Hans Magnus Enzensberger)

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