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  • 6.9.05
    Algumas notas cínicas sobre a necessidade da defesa contra furacões

    “Tal como o 11 de Setembro, a tragédia tem servido até agora principalmente para que as pessoas possam confirmar as suas próprias ideias preconcebidas. A esquerda proclama-a como prova da necessidade de um governo federal robusto… os conservadores encontram justificações para confirmar a sua crença na necessidade de impor vigorosamente a ordem; os liberais vêem no desastre e no seu rescaldo um exemplar falhanço do governo… os ambientalistas impressionam-se com a constatação que o Katrina prova a necessidade de carros mais económicos; e loucos fanáticos religiosos de todas as crenças encontram ali “a mão de Deus” destruindo os seus inimigos… Viva, hurra! Todos ganham! Outra vez!”
    (Jim Henley: Unqualified offerings, via Rua da Judiaria)

    Isso é verdade e não surpreende. Mesmo assim, o debate sobre o desastre vai fornecer-nos a informação sobre o que falhou, se algo falhou. E respostas. Essas serão diferentes de acordo com os pontos de vista ideológicos de cada um.

    Uma delas irá concluir que não é preciso tirar nenhuma lição: não que o desastre foi um inevitável castigo divino, mas que foi a opção economicamente mais correcta. (Isto é, se não se enterra agora, a posteriori, o dinheiro do contribuinte na reconstrução de vidas das pessoas que cometeram a imprudência de não se prevenir adequadamente.)

    Irá concluir, eventualmente, que um sistema de diques e bombas que resiste a um furacão da classe 4 - e, já agora, da classe 5 - não é um investimento que se amortiza, e que se deve, por isso, votar a cidade ao abandono.

    Podia entender, também, que o abandono da cidade não é algo que cabe às autoridades impôr, o que significaria, que a situação antes do furacão, de habitar meio milhão de pessoas numa cidade insuficientemente protegida contra furacões da categoria do Katrina não foi escândalo nenhum mas uma escolha livre dos respectivos indivíduos, e do ponto de vista da economia nacional, perfeitamente aceitável. Talvéz uma reconstrução de 50 em 50 anos, o enterro dos que tiveram a falta de juizo ao prescindir de meios de fugir em caso de emergência é mais barato do que a construção dum sofisticado equipamento público, que bem merecia a denominação obra faraónica.


    Não sou eu quem fala...

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