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24.5.05
O Afonso Bivar chamou num comentário ao meu post sobre a "merda" a atenção à multiplicidade semántica dos vocábulos. Que tem como consequência a necessidade de atentar para o contexto em que é utilizado, tanto da situação como também o social. Lembrei-me a este propósito disto: Ao aprender a segunda língua apercebi-me que o significado das palavras não é "discreto", como os matemáticos dizem, mas que lhes pertençe um campo de significado, cujas margens são esfumadas. E que os campos de significado de vocábulos dados como equivalente em línguas diferentes não se sobrepõem completamente. E mais: Se fizessemos um mapa com estes campos, víamos que há frequentemente mais do que um campo de significado para uma palavra, e que estes frequentemente estão muito afastados uns dos outros. O facto de - excepto em linguas científicas, que dependem disso e por isso se esforçam, nem sempre com sucesso, para conseguí-lo - não existir para os vocábulos que usamos uma definição única, claramente delimitada e consensual, é aliás a razão porque na comunicação é imprescindível a boa-fé dos interlocutores. Só se existir a vontade de procurar e reagir ao sentido intendido pelo outro, há qualquer hipótese de a conversa, o debate, produzir algo novo, que se aprende algo. Os exemplos em que isso não acontece temos presentes todos os dias, lá fora e cá dentro da blogosfera, no debate político. |
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