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4.5.05
"Não sendo crente, aplaudi a eleição para Papa do cardeal Ratzinger com tanto mais fervor quanto os seus ditames não se me aplicam. Os católicos, pensei, iriam ter à sua frente um teólogo capaz de impor ordem ao rebanho." Hoje tropecei, na leitura do Público, sobre esta extraordinária frase de Maria Filomena Mónica. Não sendo crente (católico) também, não me tinha ocorrido que os católicos necessitam alguém capaz de impor ordem ao rebanho. Nem me tinha ocorrido haver desordem de relevo, mas admito, não fazendo parte do rebanho, que posso ter estado distraído. De qualquer maneira, como não quero presumir que a satisfacção da MFM resulte dum simples reflexo de aprovação em todos os casos onde se impõe ordem pela autoridade (como em Coreia de Norte, por exemplo), presumo então que ela deve achar que o mundo em geral ganha com a nova ordem imposta aos católicos. Ou será que é um impulso altruista, que leva a socióloga a regozijar-se com o facto de que os católicos agora ficarão mais aliviados do risco de perder-se na angústia de dúvidas ao desviar-se da doutrina pura, não interessando para o caso o facto de que ela própria nela não acreditar? Ou será que a professora universitária deposita esperança no efeito pedagógico do poder catedrádico do novo Santo Padre, que este habituará nomeadamente os jovens católicos, que afinal de tudo também lhe aparecem como alunos nas suas aulas, a acatar sem demasiado pensamento próprio às verdades que lhe são providenciadas pela autoridade? Ou será que se trata do alívio duma pessoa, que, apesar ou até por causa da sua experiência profissional, se sente desconfortável com a complexidade do mundo, e por isso se congratula com a perspectiva de que pelo menos uma comunidade de um bilião de cidadãos do mundo terão futuramente só uma voz? Mas talvez sou injusto, e o aplauso confessado é, sim, uma simples reacção humana, sem estar fundado num destes raciocínios - todos discutíveis - que em cima enumerei. Talvéz a Maria Filomena Mónica simplesmente gosta de ver quando outros estão a ser postos na ordem. Gosta de ver mandar. |
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