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  • 18.3.05
    Pythagoras

    Em Samos, no porto da ilha grega do mesmo nome, dirigi-me ao companheiro de viagem e comentei (em alemão) um prédio - já não me lembro o quê:
    - Já viste como é "komisch" (="curioso, cómico")?
    Não tinha reparado no homem a minha frente. O homenzinho já idoso, vestido, apesar do calor, com rigor, com fato e casaco, que no entanto já tinha visto melhores dias, virou-se e repreendeu-me, irado, num alemão perfeito:
    - "Komisch", pois! Você está aqui em calções e chinelos para divertir-se e achar "komisch" o meu país. Porém, tudo o que vocês são e têm, são e têm graças aos meus antepassados, que criaram estas obras magníficas quando os seus ainda só vestiam peles e nem em cabanas dormiam. Graças aos meus você sabe ler e escrever e fazer contas e tudo o resto, o que lhe permite vir cá, sentar-se na esplanada, vestido como nem em casa me atrevia estar, e achar "komisch" o meu país, enquanto os meus filhos lhe servem à mesa.

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